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HARRY JAMES POTTER
Acordei sentindo a luz do sol na minha pele e pisquei algumas vezes, confuso. Onde estava? Olhei para a direita e vi a cama imensa acima de mim. Muito bem. No chão. No quarto de Draco.
Estiquei as pernas e gemi. Sentia dor em lugares que nem sabia que tinha e alguns que eu esquecera há muito tempo. Hesitante, coloquei-me de pé e dei alguns passos. Daria meu braço direito e metade do esquerdo por um banho de banheira, mas parecia que teria de me contentar com uma ducha quente. Depois de um banho longo e completo, fui cambaleando para a cozinha. Draco estava sentado à mesa, à minha mesa, colado ao telefone, mandando um torpedo ou e-mail, acho. Ele parecia perfeitamente bem.
⸻ Noite difícil? — perguntou ele, sem se dar ao trabalho de olhar para mim.
Mas que diabos. Estava à minha mesa. Eu podia falar com franqueza.
⸻ Não diga.
⸻ Noite difícil? — perguntou ele novamente, com um pequeno sorriso erguendo os cantos da boca.
Eu me servi de café e o olhei fixamente. Ele estava implicando comigo. Eu mal conseguia andar, minhas costas doíam por dormir na porcaria do chão, era tudo culpa dele e ainda por cima estava implicando comigo? Era uma graça, de um jeito um tanto doentio e distorcido. Peguei um muffin de mirtilo na bancada e me sentei com cuidado. Não consegui esconder meu estremecimento.
⸻ Você precisa de proteína — disse Draco.
⸻ Estou bem — respondi, dando uma dentada no muffin.
⸻ Harry. — seu tom era de aviso.
Levantei-me, cambaleei até a geladeira e peguei um pacote de bacon. Droga. Agora eu teria de cozinhar.
⸻ Deixei dois ovos cozidos no forno para você. — Seus olhos me seguiram enquanto eu deixava o bacon de lado e pegava os ovos. ⸻O ibuprofeno está na primeira prateleira, segunda porta do armário ao lado do microondas.
Eu era patético. Ele provavelmente preferia não ter me colocado na coleira.
⸻ Desculpe. É só que... Já faz muito tempo.
⸻ Que motivo ridículo para pedir desculpas. Estou mais aborrecido com sua atitude esta manhã. Eu nem devia ter deixado você dormir.
Sentei-me novamente e baixei a cabeça.
⸻ Olhe para mim — ordenou ele. ⸻Preciso sair. Encontre-me no saguão, vestido para a festa e pronto para sair às quatro e meia.
Assenti. Ele se levantou.
⸻ Tem uma banheira grande no quarto de hóspedes, na frente do seu. Faça uso dela.
E, sem mais nem menos, ele saiu. Senti-me mais humano depois de um longo banho de imersão e um pouco de ibuprofeno. Depois de me enxugar, preparei uma xícara de chá, sentei-me à mesa da cozinha e liguei para Mione.