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HARRY JAMES POTTER
Foram dois longos dias.
Não que eu estivesse entediado, nem nada. Explorar a biblioteca era um de meus passatempos preferidos e passei horas descobrindo novos livros e reatando minha amizade com velhos amigos.
Draco foi atencioso. Educado. Talvez um tanto distante. Ele me manteve bem alimentado e repousado. Até se juntava a mim na biblioteca de vez em quando, mas não ficava muito tempo. Eu sentia falta de seu lado dominador.
Não o suficiente para me antagonizar com ele propositalmente ou coisa assim, mas sentia muita falta daquilo. A conversa sobre o carro nunca voltou à tona. Pensei no que ele dissera, sobre ser responsabilidade dele cuidar de mim. Garantir que minhas necessidades fossem atendidas.
Ele estava fazendo exatamente isso naquele fim de semana. E por mais que eu quisesse fingir que seus gestos no hospital e de me dar a biblioteca como espaço livre fossem românticos, eu sabia muito bem da verdade. Ele estava fazendo o que falara no carro: cuidando para que minhas necessidades fossem atendidas.
Era um meio para se chegar a um fim. Ele precisava de um submisso saudável e faria o que estivesse a seu alcance para me deixar saudável.
Tratava-se apenas disso. Ponto final.
Mas eu estava um tantinho enervado por ele não tocar em mim. Descansei o fim de semana todo. Sentia-me perfeitamente bem.
E eu tinha necessidades que não estavam sendo atendidas. Pus um copo no lava-louças e saí da cozinha. Olhei o relógio — uma da tarde. O jogo de futebol só começaria às três.
Havia muito tempo.
Passei pela academia. Vazia. Draco também não estava na sala de estar. Perguntei-me se estava lá fora ou em seu quarto. Não, trabalhava na biblioteca. Sentado a uma mesa pequena no canto.
Ele levantou a cabeça quando entrei.
⸻ Está tudo bem? Precisa de alguma coisa?
⸻ Sim. De você. ⸻ Tirei a blusa pela cabeça.
Ele baixou os papéis que estivera lendo.
⸻ Você precisa descansar.
Isso não pareceu uma ordem direta, então não respondi. Desabotoei a calça e a deixei cair. Livrei-me delas. Era a minha biblioteca.
Ele ficou sentado, olhando para mim com uma expressão vaga. O que estava pensando? Ele não ia dizer para eu ir embora, ia? Não achava que podia lidar com isso se ele me rejeitasse. E se ele me rejeitar?
Tirei a cueca e deixei que caísse no chão. Era a minha biblioteca, mas ele também tinha livre-arbítrio. Podia me rejeitar. Nunca me senti mais exposto na vida.
