a história de Lia

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Oi, esse é um "capítulo bônus". Lia contará história dela e de como foi a descoberta de seus transtornos, aqui pode conter diversos gatilhos de um namoro abusivo, assédio, dissociação e crises. Recomendo que não leia caso não se sinta bem, mas será bem vindo aqui quando se sentir melhor. 

peço que deixe seu voto!


[ Lia Narrando ] 

Todo mundo que me conhece, já quis me perguntar minha história. Quem é a Lia por trás de gestos infantis e falas "erradas"? O que ela viveu? Quais sensações ela já experimentou? Ela nasceu assim? Sente-se em um lugar aconchegante caso esteja curioso que eu vou lhe contar toda minha caminhada até os dias de hoje. Talvez você se identifique.

Tudo começou quando precisei trocar de escola, eu tinha em torno de 12 anos, gosto de lembrar que nunca gostei desta ideia, mas minhas antigas amigas da escola, a Anna Beatriz e Millena estariam lá, então isso tornaria tudo mais leve, foi o que pensei e desejei. Meu primeiro ano lá foi tranquilo, a Anna arranjou novas amigas mas isso eu já esperava, ela sempre prezou mais por meninas populares que a fizessem chegar nos meninos do terceiro ano, isso a rendeu problemas do futuro, mas não estamos aqui para falar dela. Hoje em dia, nem sei por onde ela anda.

No oitavo anos os problemas começaram, eu estava praticamente sem amigos e qualquer tipo de atenção era válida, eu não conseguia enxergar se vinham com boas intenções ou não, eu só queria ter amigos. Era muito dolorido chegar em casa e chorar, abrir whatsapp e não ter ninguém, ver os jovens saindo para festas de 15, saindo com os pais e seus amigos e eu sozinha em casa.

"Mas, Lia, e os seus pais?" 

Sobre eles é bem básico: Sempre foram muito ocupados no trabalho, meu pai é empresário e vive com a cara nos papéis, e minha mãe muda de emprego sempre, nunca está em casa e quase nunca se falamos. Até nessa época. Minha mãe é narcisista e só pensa nela mesma, em alguns momentos, sinto que ela teve inveja de mim, pois sempre eu eu estava feliz, ela dava um jeito de transformar a situação em algo ruim. O meu pai? Ele já foi pior, já saímos muito no grito um com o outros mas melhorou bastante com o tempo, hoje ele é um paizão, sempre que pode ele passa um tempo comigo, mesmo não sendo como eu quero. Ele tenta e consegue.

Voltando a mim. 

Sabe o que um jovem carente faz? Loucuras. 

A gente não pensa de forma racional nesses momentos, na verdade nunca pensamos e fica pior quando precisamos de um carinho e atenção que nem da nossa família vem.

Um menino, o maior problema que eu poderia ter, se aproximou de mim. O Vinicius, ele era problemático e só descobri pouco depois de conhecê-lo, era imprevisivel e as vezes bem agressivo, mas todo mundo gostava e zoava ele, era aquele menino babaca que toda sala tem, mas que por acaso, só os meninos veneram e gostam dele. 

Os dias se passaram e ficamos bem próximos como bons amigos, jogamos Minecraft, construímos nosso mundinho. E era assim, todos os dias eu e Vinícius ficávamos juntos, brincando, conversando e jogando, dividindo a vida. Ele passava a vibe de melhor amigo e namorado ao mesmo tempo, sabe? Mal sabia eu, que ele não merecia ser meu amigo e muito menos meu namorado. 

- Oi Lia, eai? Vai jogar hoje? - Vinícius falou com tom animado assim que pisei na escola.

- Sim, eu vou sim. - Falei 

- Boa. Sabe, eu queria te falar uma coisa.

- Sim? - Falei em sinal de que estava ouvindo

- A gente conversa faz tempo, até jogamos juntos. Eu pensei bem, sabe, você me conhece Lia. Não sou como os outros caras. Eu gosto de você, tá ligado? 

Um jogo Perfeito [Infantilismo] - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora