capítulo 14

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[ Bruno ]

Caramba já faziam 6 meses, 6 incontáveis meses que o Luccas estava em coma, ele dava leves sinais de melhoras mas continuava nesse estado, e sinceramente eu não sabia mais o que fazer ou a quem recorrer, Lia vinha todos os dias vê-lo e seguia esperançosa de que ele iria acordar. mas confesso que depois de 6 meses eu começava a duvidar disso. No fundo eu acreditava que ele acordaria mas na minha maneira racional de pensar eu sabia que era improvável.

- Brubru você está calado hoje, sem piada ou gracinhas, tá tudo bem? - Lia perguntou

Lia estava limpando por onde passava a sonda de alimentação do Luccas, ela fazia isso com maestria e gostava de ajudar ele como podia. Mesmo esse tamanho, ela usava todas suas forças e seu amor pelo Luccas para ajuda-lo.

Respirei fundo e engoli as lágrimas antes de responder a menina na minha frente:

- Ah Lia está sim, só estou pensativo, afinal, fazem 6 meses desde o acidente e ele ainda está deitado nessa cama. - Falei com pesar. - E seu braço, já está melhor?

Lia usava um tipo de luva na mão em que ela não tinha muito movimento, sua mão não teve melhora alguma.

- Você tem que confiar Brubru, o meu Luquinhas é forte e vai sair dessa. - Ela disse com um sorriso de alguém que realmente acreditava naquilo. Eu sei que ela acreditava de verdade.

Sai do quarto e deixei Luccas com a Lia enquanto eu ia buscar algo pra comer nesse hospital onde a comida era horrível mas fazer o que né.... Quando eu estava voltando para o quarto fui parado pelo médico do Luccas que queria conversar.

Merda. Isso nunca é coisa boa.

- Senhor Bruno? Poderíamos conversar? - Ele disse olhando sua prancheta.

- Sim, podemos.

- Como o senhor sabe, seu amigo encontra-se em um estado bastante difícil e que provavelmente não tem volta. - Ele dizia calmo e eu só ouvia.

- Então, eu, juntamente com a equipe do hospital, decidimos que seria melhor para a família e para nós que desligassemos os aparelhos que mantém ele vivo.

-O que? O senhor está falando de eutanásia?

- Sim, é isso mesmo.

- Mas vocês não podem, nós estamos pagando por tudo. E a Lia... - Fui interrompido.

- Sim, porém o hospital tem custos e a outras pessoas em necessidade maior, sinto informar que a decisão já está tomada e você tem 3 dias para decidir o que fazer.

Ele saiu dali e me deixou sem chão.

Quando voltei ao quarto Lia e Luana estavam lá, eu me despedi delas e fui pra casa, eu precisava pensar no que fazer, eu estava literalmente sem reação. Cheguei em casa, tomei um banho e comecei a ver fotos antigas minhas e do Luccas e foi inevitável começar a chorar, nos conhecíamos desde os 4 anos, crescemos juntos e agora eu estava aqui para decidir o que fazer, lembrei do passado da gente brincando na rua, nosso primeiro jogo, lembrei até da vez que brigamos pela mesma garota que no fim estava enganando nos dois, vivemos bons momentos e agora eu estava aqui e.... Chorei, eu chorei muito, gritava e quebrava tudo que via pela frente em casa, eu perderia meu amigo, meu irmão e eu não estava pronto pra isso... Na verdade, quando estamos prontos?

Passei 3 dias em casa, não comi, não tomei banho, se quer sair do meu quarto, Lia e Luana perguntaram por mim mas eu esquivei dizendo que estava resolvendo umas coisas, me levantei para ir ao hospital dar a notícia, cheguei e todos estavam lá Lia, Luana e o senhor Tomás, quando entrei eles viram a minha cara de derrotado e acabado.

Um jogo Perfeito [Infantilismo] - HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora