Prisioneira do destino

capitulo 1

Aos vinte e três anos de idade Eda já havia aprendido algumas lições difíceis.
Contos de fadas, eles não se tornavam realidade, príncipes encantados, daqueles que cheguem montados em seus lindos cavalos brancos, eles não existem, e ou a sua fada madrinua está a anos atrasada ou ela, assim como os príncipes, não passam de uma farsa bem montada.
Eda não podia esperar que sua vida mudasse em um passe de mágica, tão pouco se dar ao luxo de que um milagre acontecesse.
Uma jovem na sua idade, com sua origem e condição tinham apenas duas escolhas.
Opção um, um vida loka rico para juntar-lhe os trapos, opção dois, batalhar duro para deixar a favela e a sua realidade atual.
Ela, que já não tinha medo da vida obviamente optou pela segunda opção.

Aos vinte e dois anos Eda passou com excelência na faculdade de fisioterapia, agora aos vinte e três ela buscava uma oportunidade melhor, atender um ou outro paciente na sala da sua casa não era bem seu objetivo, porém ainda era sua única saída já que ela ainda não tinha dinheiro o suficiente para abrir seu próprio consultório.
Tudo era muito complexo, Eda sabia que permanecendo ali ela não iria progredir em sua carreira.
Alguém que pagasse bem, em sã consciência subiria a favela para um tratamento fisioterapêutico?
É obvio que não!

A maior parte das vezes Eda precisava se virar sozinha, nesta manha chuvosa não seria diferente.

Ela levantou cedo, se arrumou e seguiu para o ponto de ónibus mais próximo, depois do que se parecia uma eternidade, Eda finalmente havia conseguido uma entrevista em um dos hospitais mais renomados da cidade.
O caminho até ele era longo, Eda teria que tomar ao menos dois ônibus até chegar ao seu destino, por isso ela saiu bem adiantada. Está era a grande oportunidade de sua vida, e ela não podia se atrasar.

__ Olá princesa! - Uma voz familiar soou de um beco qualquer.
Eda sabia quem era.
O dono desta voz lhe atormentava a décadas e ouvi-la logo pela manha não lhe agradava em nada.
__ Más isso logo irá mudar. - Pensou ela e continuou caminhando.

Teodoro era um gringo metido a besta que chegou ha favela cerca de doze anos atrás.
Um rapaz jovem que entrou na favela aos dezoito anos com o rabinho entre as pernas, porém anos mais tarde a tomou para si.
Téo era aquele tipico malandro, bem cafajeste e mulherengo.
Ele se achava o tal, o gostosão da quebrada.
Ele até era sabe, para muitas ali, más para Eda não.
O Chefe, o todo poderoso que manda e desmanda na comunidade até era desejado, mas quem ele desejava mesmo nem lhe dará atenção.

__ Isso mesmo, me ignora princesa. Preocupa não, um dia desses, e por livre e espontânea vontade você cairá aos meus pés. - Téo disse mesmo sabendo que ainda continuaria sendo ignorado.

Eda apenas balançou sua cabeça e continuou o seu caminho.
Téo revoltado esmurrou a parede tão forte que mesmo de longe Eda pode ouvir seus dedos estralando, más ela ignorou isso também.
Hoje sua cabeça estava focada apenas em uma coisa, conseguir aquele serviço.

__ Um dia desses Eda, um dia desses você será minha. -Téo gritou de longe.

Eda engoliu seco, ela não podia se dar ao luxo de confronta-lo, tão pouco de responder nada cordialmente as suas provocações como sempre. Não hoje, ela não podia se atrasar por causa dele.
E na verdade, ignora-lo parecia a opção mais saudável. Era sim, era o melhor para se começar a fazer.
Em breve ela conseguiria um bom trabalho, então por fim ela poderia sair dali com sua vozinha.
Em breve ela conseguiria deixar a favela, arrumar uma grande, aconchegante e linda casa para as duas bem longe dali.
E nela, elas seriam felizes.
Bom, assim ela pensou.
Ela cogitou a ideia, seu sonho lindo, enquanto caminhava, e enquanto esperava ansiosa os ônibus cumprirem seus trajetos até o último chegar na entrada do hospital.

Más foi quando ela entrou naquela sala branca, quando aquela doce voz feminina soou que Eda acordou, seu sonho acabou e Eda acabou sendo puxada de volta a realidade.
Nada era fácil para ela, ela sonhou, sim, más no fundo ela já sabia que como tudo, seu sonho também não seria.