Eda observou Patrick por alguns minutos quase que hipnotizada por aqueles olhos tão marcantes.
__ Ele não é nem de longe um velho de setenta anos. - Ela pensou alto, digamos que alto de mais, quando se deu conta do que dissera levou a mão na boca para que ela não a fizesse dizer mais nenhuma besteira.
__ Não senhorita, como pode ver, realmente não sou um velho de setenta anos. - O rapaz debochou.
Patrick estava longe de ser um velho de setenta anos, bem longe disso, na verdade ele estava no auge dos seus trinta anos.
Por sua situação atual ele poderia até parecer um pouco mais velho, a barba por fazer, os cabelos desgrenhado e as roupas desalinhadas não lhe favorecia muito, mais nem isso era capaz de ofuscar toda aquela beleza. Apenas sua rispidez não ajuda muito.
Porém o que Eda ainda não sabia era que as marcas presentes não só em seu corpo como também em sua alma o deixaram assim.Patrick perdeu tudo, um amigo que ele tinha como um irmão, o mesmo que lhe traiu da forma mais suja e desonesta possível e também por duas vezes ele perdera o amor da sua vida, e como se não bastasse acabou condenado a uma cadeira de rodas indefinidamente.
Como seria possível ter um sorriso no rosto depois de tanta dor?
Era impossível, ao menos ainda era.Quando sua amiga ligou dizendo todas aquelas coisas ele só pensou em aceitar para acabar de vez com toda aquela importunação.
Ele daria uma desculpa quando a tal enfermeira viesse e então tudo voltaria ao seu normal, más Eda chegou como um raio certeiro, rápido de mais, até mais rápido que seus pensamentos ágeis, deixando-o em um beco sem saída, ele não tinha uma desculpa formulada ainda.E depois que seus olhos se fixaram aos daquela jovem as palavras simplismente lhe fugiram da garganta.
Aquele olhar inocente lhe lembrava o passado, ou melhor, lembrava a mulher do seu passado, a mesma que é até hoje a dona do seu amor, o tal amor platônico que foi o motivo da sua derrota.
Elas eram tão parecidas.
Aqueles cabelos negros que cobriam quase toda sua cintura, aquela pele morena que reluzia em seus olhos, o corpo perfeitamente escultural quase que igual a de uma boneca, e os benditos olhos é claro. __ Este olhar, esta mulher. Céus! Este olhar é tão forte quanto os dela. Como pode ser? - Seus pensamentos o torturavam e o levavam a décadas atrás, quando seu coração bateu descompassado pela primeira vez quando ele ainda era um jovem rapaz.
Exatamente como ele bate agora por essa desconhecida.__ Você parece ter corrido uma maratona. - Ele puxou assunto tentando tirar tudo aquilo de seus pensamentos, porém era impossível, sempre que olhava para Eda ele via o passado estampado em sua face angelical.
__ Bom, na verdade forem apenas doze quarteirões. - Eda brincou, também tentando disfarçar o efeito estranha que o rapaz tinha sobre ela.
A jovem nunca, absolutamente nunca, havia ficado toda boba perante a um homem assim, e agora, só de olha-lo ela já se comporta como uma adolescente.Essa não era a única novidade, oh não.
A estranheza maior ali era o sorriso estampado no rosto de Patrick.
A quanto tempo este homem não sorria?
Dois? Três? Talvez quase quatro anos! Ele já nem se lembrava mais quando um milagre deste brotou em seu rosto.__ É, eu, eu vim, pela vaga, a de fisioterapeuta. - Eda disse meio que gaguejando. Ela ainda não conseguia formar uma frase completa perante aquele homem sem perder as estribeiras.
Ao perceber o desconforto que a jovem ficará por seus olhos estarem sempre presos nela, Patrick desviou-os rapidamente tentando não encara-lá como antes.
__ Na verdade preciso mais que uma fisioterapeuta, preciso de uma cuidadora em tempo integral. - Ele respondeu mal acreditando que tais palavras haviam saído de sua boca, já que a poucos minutos atrás até a ideia de ter uma por algumas horas o chateava.
__ Não estou em posição de recusar nada, então sim, eu aceito. - Eda respondeu de imediato.
__ Ótimo! Você pode começar hoje? - Patrick questionou.
Apressado não?
__ Agora? - Eda respondeu surpresa.
__ Algum problema senhorita? Você tem algo melhor para fazer neste momento?
Eda sorriu sem graça.
__ Na verdade não! Isso era exatamente o que eu tinha planejado para hoje. - Eda respondeu bem irônica.
Não era do seu feitio deixar-se intimidar por um homem, e mesmo contudo, Patrick não seria o primeiro.
Se ela não abaixava a cabeça nem para o dono do morro onde mora não seria para um play boy da zona sul que ela faria, mesmo que tal play boy tenha acabado de se tornar seu chefe.Bom, está nova relação parece ter tudo para ser bombástica, dois gênios fortes dividindo o mesmo teto, o que poderia dar errado?
Talvez... Tudo?
Sem nenhuma intenção de continuar aquela troca de alfinetadas Eda se moveu para as costas de Patrick com a intenção de ajudá-lo a voltar para casa, más não só isso, ela também queria desesperadamente sair do alcance daqueles olhos que mais se pareciam a duas labaredas de fogo queimando seu corpo todo.
De alguma forma aqueles olhos quebravam todo seu auto controle.
- Isso não é bom, não mesmo. - Ela repetia para si mesma fugindo definitivamente deles.
Seu corpo parecia febril, aquele olhar lhe causavam sensações que ela nunca antes havia sentido.
Era algo novo, algo forte, um calor estranho e inexplicável.Mal sabia ela que aquilo se chama desejo.
Um desejo irracional que estava apenas começando.Suas mãos estavam prestes a tocar a cadeira quando a mesma começou a andar sozinha.
__ Elétrica! É claro que é. - Ela disse a si mesma baixinho se sentindo uma estúpida total. Endireitou-se e acompanhou Patrick que seguiu em direção a casa.
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Prisioneira do destino
RomanceMesmo apaixonada por um de seus pacientes, Eda precisa tomar uma decisão precipitada quando sua vó adoece, tal decisão mudará por completo sua vida. Após tal feito, a garota ingênua e inexperiente que habitava em seu ser morrerá para sempre.