Natália Perez é uma jovem bailarina que está quase falida e se vê diante de um grande problema, a volta repentina do Aquiles a deixa perturbada, sem saber como agir diante de tantas emoções diferentes.
Aquiles Montenegro é um ex agente federal que t...
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NATÁLIA:
"Há uma irmandade mais tranquila do que a solidão, e que, corretamente compreendida, é a solidão tornada perfeita."
— Robert Louis Stevenson
O quanto sua vida pode mudar? Faço-me essa pergunta diariamente assim que acordo. Se há um ano alguém me dissesse que eu voltaria para o Brasil para ficar mais perto da minha irmã que teve um bebê há poucos meses, nossa, com certeza riria na cara dessa pessoa.
Mas aqui estou eu, voltei para meu país natal só por não suportar a ideia de ficar tão longe da única família que me resta e também por ter enterrado a única ligação real que eu tinha lá fora. Abro os olhos, irritada pelo som insistente do meu telefone tocando na mesinha ao lado da minha cama, e é em momentos como esse que me arrependo de ter voltado.
— Nicole já combinamos que você não deve me ligar antes das nove da manhã — minha irmã tem a terrível mania de sempre me ligar pela manhã, mesmo sabendo que odeio acordar cedo. Já pensei várias vezes em bloquear o número dela, mas, no fundo, eu gosto da nossa interação, a sensação de ter com quem contar é reconfortante.
— Se você me ligasse mais eu não precisaria te acordar — é estranho como a voz de uma pessoa pode mudar de acordo com a felicidade em sua vida, a alegria que minha irmã exala chega a ser palpável, desde que se casou com o Miguel e deu à luz a minha semente de girassol Nicole está sempre feliz — fico preocupada com você tão longe.
— Nós já conversamos sobre isso — me remexo na cama criando coragem para levantar — Brasília não é tão longe — sei que ela estranha o fato de eu ter decidido voltar para cidade em que crescemos, mas não tenho nenhum vínculo aqui que me traga lembranças, então não faz diferença — sabe que eu não sou capaz de morar em um lugar tão pequeno como esse em que você vive, em menos de uma hora andei toda a cidade, e teria feito o percurso em tempo menor se as pessoas estranhas desse lugar não me parassem na rua querendo saber tudo sobre minha vida — bufei me sentando na cama — eles são bizarros.
— Eu desisto de falar com você Natália, as pessoas daqui não são bizarras, são hospitaleiras.
— Fofoqueira você quer dizer — caçoei, mas com um fundo de verdade.
— Mudando de assunto como está se saindo morando sozinha?
— está tudo sob controle ainda, agradeça ao Miguel por me deixar ficar no seu apartamento, assim que conseguir outro emprego, vou alugar algo para mim.
— Para de bobagem não precisa alugar você sabe que o Miguel nem usa esse apartamento, pelo menos agora sabemos que ele está bem cuidado!
Olhei para o meu quarto cheio de roupas espalhadas pelo chão, a caixa da pizza que comi ontem a noite também está perto da porta, já que fiquei com preguiça de levar para a cozinha de madrugada, sei que a Nicole iria surtar se visse algo tão bagunçado assim.
