Justo quando eu achava que meu dia não tinha como piorar, vi o cara parado perto do meu armário. Kayla estava falando sem parar as baboseiras de sempre e nem reparou nele. De início, agora que parei para pensar de verdade, ninguém havia reparado nele antes que começasse a falar, O que reforça tragicamente minha esdrúxula incapacidade de me encaixar no grupo.
- Não, Zoey, juro por Deus que Heath não ficou tão bêbado depois do jogo. Você não deveria ser tão dura com ele.
-É - disse eu distraidamente. - Claro - então tossi. Outra vez me senti um lixo. Eu devia estar sofrendo daquilo que que o senhor Wise, meu "mais insano que o normal" professor de biologia do curso preparatório, chamava de Praga Adolescente.
Será que se eu morresse conseguiria escapar da prova de geometria de manhã? A esperança é a última que morre.
- Zoey, por favor. Você está me ouvindo? Acho que ele só tomou umas quatro, sei lá, cinco cervejas, e talvez umas três doses de licor. Mas isso não vem ao caso. Ele provavelmente nem teria bebido nada se os seus pais não a tivessem feito voltar para casa logo depois do jogo.
Trocamos um longo olhar de resignação e de total concordância em relação à última injustiça cometida contra mim por minha mãe e pelo infeliz do meu padrasto, com quem ela se casara há três longos anos. Então, após mal parar para respirar, K. continuou a tagarelar.
- Além do que, ele estava comemorando. Ou seja, nós derrotamos o Union! - K. sacudiu me ombro e levou o rosto para perto do meu.
- Hello! Seu namorado...
- Meu quase-namorado - eu a corrigi, tentando ao máximo não tossir sobre ela.
- Que seja. Heath é nosso zagueiro, então é claro que ele ia comemorar. Fazia um milhão de anos que o Broken Arrow não derrotava o Union.
- Dezesseis - sou um desastre em matemática, mas K. me faz parecer um gênio.
- Mais uma vez, que seja. A questão é: ele estava feliz. Você devia dar um desconto para o garoto.
- A questão é que ele estava bêbado pela quinta vez na semana. Desculpe, mas não quero sair com um cara cujo principal foco na vida passou de jogar futebol no time do colégio a enxugar uma caixa de cerveja - tive de fazer uma pausa para tossir. Estava me sentindo meio tonta e forcei-me a respirar lenta e profundamente quando passou a crise de tosse. Não que a tagarela da K. tivesse reparado.
- Eca! Hearh gordo! Tô fora desse visual.
Eu dei um jeito de ignorar outra vontade de tossir.
- Beijá-lo é como beijar um pudim de cachaça.
K. fez uma careta.
-Tá certo, sua doente. Pena que ele é tão gostoso.
Eu revirei os olhos sem fazer questão de esconder minha irritação com sua típica superficialidade.
- Você fica tão irritadiça quando está doente. Enfim, você não faz ideia da cara de cachorrinho abandonado de Heath depois que você o ignorou no almoço. Ele nem conseguia...
Então eu vi o cara novamente. Morto. Tudo bem, eu logo me dei conta que ele não estava tecnicamente "morto". Ele era um morto-vivo. Ou não humano. Sei lá. Os cientistas diziam uma coisa, as pessoas diziam outra, mas no final era sempre a mesma coisa. Não havia dúvida do que ele era, e mesmo se eu não tivesse sentido o poder e a escuridão que irradiavam dele, não havia como deixar de perceber sua Marca, a lua crescente azul-safira em sua testa e a tatuagem adicional de um nó entrelaçado que lhe emoldurava os olhos igualmente azuis. Ele era um vampiro, e pior... ele era um Rastreador.

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Marcada
RandomBem-vindo ao mundo de The House of Night, um mundo parecido com o nosso, exceto pelo fato de que nele os vampiros sempre existiram Zoey acaba de ser marcada como uma vampira, O que significa o início de uma nova vida, longe de seus amigos e de sua v...