1 - Parte II 💀

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Bem, bobagem! Ele estava ao lado do meu armário.
- Zoey, você não está ouvindo nada do que estou dizendo!
Então o vampiro falou e suas palavras cerimônias deslizaram pelo espaço entre nós, perigosas e sedutoras, como sangue misturado a chocolate derretido.
- Zoey Montgomery! Fostes escolhida pela Noite; tua morte será teu nascimento. A Noite te chama; preste atenção para escutar Sua doce voz. Teu destino aguarda por ti na Morada da Noite!
Ele ergueu um dedo longo e branco e apontou para mim. Minha testa explodia de dor e Kayla abriu a boca e gritou.

Quando as manchas brilhantes finalmente sumiram de minha visão eu levantei os olhos e vi o rosto pálido de K. me olhando fixamente.
Como de costume, eu disse a primeira coisa ridícula que me veio a cabeça.
- K., seu olhos estão pulando para fora de sua cabeça como os de um peixe.
- Ele Marcou você. Ah, Zoey! Você está com o desenho daquela coisa na sua testa! - então ela apertou a mão trêmula contra os lábios brancos, tentando, sem sucesso, suprimir o choramingo.
Eu me sentei e tossi. Estava com uma dor de cabeça de matar e esfreguei a marca deixada entre minhas sobrancelhas. Era como se eu tivesse sido picada por uma abelha; a dor descia irradiando ao redor dos olhos chegando as maçãs do rosto. Senti que ia vomitar.
- Zoey! - K. agora estava chorando de verdade, falando entre pequenos soluços.
- Ah... Meu... Deus... Aquele cara era um Rastreador - um vampiro Rastreador.
- K. - pisquei os olhos com dificuldade, tentando fazer desaparecer a dor de minha cabeça - pare de chorar. Você sabe que eu odeio quando você chora - estiquei o braço para tentar reconforta-la com um tapinha nos ombros, mas ela automaticamente se encolheu e afastou-se de mim.
Eu não conseguia acreditar naquilo. Ela se encolheu mesmo, como se estivesse com medo de mim. Ela deve ter visto nos meus olhos que fiquei magoada, pois imediatamente começou a soltar um monte de suas típicas baboseiras.
- Ah, meu Deus, Zoey! O que você vai fazer? Você não pode ir àquele lugar. Não pode ser uma daquelas coisas. Isso não pode estar acontecendo! Com quem irei aos nossos Jogos de futebol!
Percebi que ela não se aproximou nem um pouquinho de mim enquanto tagarelava. Reprimi as sensações de nojo e mágoa que ameaçavam me levar ás lágrimas. Meus olhos secaram instantaneamente. Eu era boa em esconder lágrimas. Era para ser mesmo; tive três anos de treino para ficar boa nisso.
- Tudo bem. Vou dar um jeito. Deve ser algum... algum erro bizarro - menti.
Eu não estava realmente falando; estava apenas soltando palavras pela boca. Ainda fazendo careta de dor de cabeça, levantei-me. Olhei ao redor e senti um leve alívio por K. e eu sermos as únicas pessoas na sala de matemática, e então tive de engolir uma gargalhada que eu sabia ser nervoso. Se eu não estivesse totalmente maluca por causa daquela maldita prova de geometria, marcada para o dia seguinte, e tivesse corrido até meu armário para pegar meu livro e tentar obsessiva e inutilmente estudar á noite, o Rastreador teria me encontrado em frente à escola, em meio à maioria dos 1.300 garotos e garotas que deixavam naquele momento o Colégio Broken Arrow, esperando o que a idiota da minha irmã "Clone de Barbie" Gostava de chamar, toda metida, de "grandes limusines amarelas". Eu tenho carro,as ficar junto dos menos afortunados que tinham de pegar ônibus é uma tradição respeitada, além de ser uma excelente maneira de ver quem está dando em cima de quem. Supostamente, só havia outro garoto na sala de matemática - um nerd alto e magro de dentes estragados que eu, infelizmente, pude ver bem demais, pois ele estava lá parado com a boca escancarada, olhando para mim como se eu tivesse dado à luz uma ninhada de porcos voadores.

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