Mudança

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Juliete’s POV

 

Depois daquela conversa que tivemos as coisas entre eu e Sarah mudaram um pouco. Não que ela tenha me perdoado, e as coisas tenham voltado a ser como antes, mas definitivamente ela estava mais propensa a me ouvir, e deixar com que eu me aproximasse. E foi isso o que eu fiz.

Durante o último mês, eu procurei deixar claro em todas as minhas atitudes o quanto a amo e a quero do meu lado para sempre.

Eu fui atenciosa, carinhosa quando ela me permitia estar perto, ou seja, perto das outras pessoas, normalmente em eventos onde tínhamos de comparecer juntas.

Aproveitamos o restante do verão com nossos amigos. Sempre que podíamos íamos a praia, ou saíamos para jantar juntos. Gil, Jhon e Arthur, que agora estava oficialmente namorando com Carla, passaram a nos acompanhar nesses passeios. E em algum momento milagroso, Bia e Thaís pararam de me tratar como o pior dos seres e voltaram a conviver pacificamente comigo. Desconfio que tenha o dedo da Rafa e do Lucas nessa história.

Mas esse mês passou rápido, e logo o verão deu lugar ao outono. E com isso veio uma coisa que tanto eu quanto Sarah estávamos evitando pensar: a mudança de Gizelly e Marcela para Nova York.

Além dos nossos amigos, nós procuramos passar o maior tempo possível com elas. Saíamos juntas, íamos ao shopping, ao cinema, tomar sorvete. E mesmo assim, a medida que o dia da mudança se aproximava, o coração apertava ainda mais.

Se para mim estava difícil aceitar o fato da minha irmã estar crescendo, para Sarah era ainda pior. Afinal, ela iria se separar de Taylor pela primeira vez, e com o apego que elas possuíam uma pela outra, não era difícil adivinhar que seria um período difícil para as duas.

Não que eu e Gizelly não sofreríamos uma sem a outra, mas a situação era diferente. Apesar de sermos tão apegadas uma a outra quanto as irmãs Andrade eram entre si, eu e Gizelly já havíamos passado 6 anos morando uma longe da outra. Podemos dizer que estávamos mais acostumadas a isso.

Quase não acreditei quando o dia da mudança delas chegou. E só naquele momento percebi que não estava nem um pouco preparada para esse dia.

Se eu não achava que não estava preparada era porque ainda não tinha visto Sarah. Mas apenas um olhar sobre ela, quando a vi descendo para o café da manhã, me fez perceber que ela estava bem pior do que eu.

- Bom dia. – Cumprimentei.

Ela se sentou à minha frente sem responder. Liz olhou para ela:

- Bom dia, menina Sarah.

De novo, ela permaneceu em silêncio. Eu e Liz trocamos um olhar.

- Sarah– comecei receosa. – Você está bem?

Ela olhou para mim e falou:

- Claro que não, Juliette. Nossos bebês vão se mudar. Vão estar longe da gente. Isso não te preocupa?

- Claro que me preocupa. – Falei. – Mas eu confio nas duas. Elas são adultas, responsáveis. Vão tirar de letra. Muito melhor do que a gente, inclusive.

- E se eu não conseguir me despedir delas, não conseguir deixar elas entrarem no avião?

Parecia que ela iria chorar a qualquer momento, então eu me levantei, e voltei a me sentar em uma cadeira ao lado da sua.

- Sarah – segurei seu rosto para fazê-la me olhar – eu sei o quanto é difícil para você, acredite. Afinal, como você mesma falou, são os nossos bebês. Mas você sabe que não pode impedi-las de seguir o caminho delas. É o tempo delas. Delas fazerem suas próprias escolhas, viverem suas próprias aventuras. Nós tivemos nosso tempo, e agora é o tempo delas.

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