♧◇♧◇♧◇♧◇♧Sarah’s POV
Eu e Juliette descemos até a cozinha em silêncio.
Só eu sei o quanto foi difícil pedir ajuda para ela. Meu orgulho me dizia o tempo todo que não era necessário me rebaixar a tal ponto. Mas eu precisava fazer isso se quisesse provar a ela que eu estou tentando conviver bem.
E outra. Eu realmente não sei fazer lasanha. Para falar a verdade, meu conhecimento na cozinha é bem limitado, afinal eu sempre tive Liz e minha mãe por perto, e as únicas vezes em que me aventurava a cozinhar era quando nenhuma delas estava presente. Como agora.
Eu peguei a massa da lasanha e fiquei olhando para as coisas meio perdida. Juliette gargalhou.- Está perdida mesmo em Andrade. Me dá isso aqui. – Ela tomou a massa da minha mão. – Pega uma travessa para mim, e deixa o resto comigo.
Eu peguei uma das travessas no armário e a alcancei para ela. Peguei a garrafa de vinho que trouxera da casa dos meus pais e perguntei:
- Vinho?
- Tentando me embebedar Andrade?, se for um plano para me matar, saiba que se alguma coisa acontecer você será a principal suspeita. – Ela falou rindo.
Se eu soubesse que pedir ajuda ia deixá-la de tanto bom humor, eu teria pedido antes. Entrei na brincadeira.
- Não pretendo te matar. Não hoje, pelo menos. Mas vou ficar de olho nos ingredientes da lasanha.
Ela gargalhou mais uma vez, e eu descobri que este provavelmente era o meu som favorito no universo. O som de quando Juliette gargalhava por alguma coisa que eu disse.
- Pode ficar tranquila. Hoje. Só não se acostume.
Servi um pouco de vinho em uma taça e coloquei em cima do balcão, próximo a ela, e depois servi um pouco para mim também.
- Onde conseguiu o vinho? – Ela perguntou tomando um gole de sua taça. – Ele não estava aqui durante o dia, e em um domingo à noite não é exatamente fácil encontrar lugares abertos para comprar um.
- Raptei da casa dos meus pais. – Respondi. – Considere como uma oferta de paz.
Ela me olhou por alguns instantes:
- Por que você se esforça tanto? – Perguntou. – Eu juro que não consigo entender.
- Porque eu quero que, se não formos amigas, como você disse que não seriamos, nós tenhamos pelo menos uma cordialidade uma com a outra.
É óbvio que não é isso que eu quero, mas por hora é o que estou buscando. Para depois seguir para o próximo passo. Conquistá-la como mulher.
Ela colocou a travessa no forno e falou:
- Vai mais uns 20 minutos até ficar pronta. – Percebi que ela estava tentando mudar de assunto. – Vou ligar para Rafa, ainda não dei sinal de vida hoje. Licença.
Eu concordei e ela foi em direção a sala de jogos, com a taça de vinho em uma mão e o celular na outra, já discando o número do telefone.
Eu fiquei ali na cozinha mesmo. Coloquei a mesa para o jantar e depois me sentei com meu celular para verificar meu e-mail e algumas mensagens.
Antes de se completarem os vinte minutos ela estava de volta, e sem falar nada tirou a travessa do forno e a colocou na mesa.
Ela se sentou à minha frente e eu larguei o celular para podermos comer.- Você me explicou o motivo do vinho, mas não o da lasanha. – Ela falou.
Eu expliquei:
- Era só um jeito de te deixar de bom humor para você me responder como foi a sua conversa com a Gi.Nós duas nos servimos e ela começou a falar:
- Sinceramente, eu acho que a Gi gosta da Ma, mas ela mesma ainda não descobriu isso.
- Por quê? O que ela te disse?
- Quando eu falei no nome da Marcela ela quase começou a chorar. Disse que a Marcela se afastou dela sem um motivo aparente e que não quer conversar com ela sobre o assunto. Se você visse como só a possibilidade da Marcela se afastar completamente dela a deixou, você perceberia o que estou tentando dizer. Acho que nós não vamos ter tanto trabalho para juntar aquelas duas.
- Assim espero. Não gosto de ver minha irmã sofrendo. Nem a Gizelly. – Falei.
- Eu também não.
- Você não chegou a conversar com a Gizelly sobre o fato de ela gostar de garotas, não é? Porque nós precisamos saber disso antes de começarmos... o que quer que formos fazer para juntar essas duas.
- Claro que não, Sarah. – Ela bufou. – Seria uma conversa bem interessante. “Então, Gi, já que nós estamos conversando sobre a sua melhor amiga, me conta, você já pensou em ficar com garotas”?
- É, não seria muito legal. – Concordei.
- É claro que não. Nós temos que ir com calma, para não assustar a garota.
- Mas então o que podemos fazer? – Perguntei.
- Eu posso tentar sondar alguma coisa com ela durante a semana. Talvez possa chamar ela para almoçar, algo do tipo.
- Seria ótimo.
Nós terminamos de comer e enquanto eu lavava nossa louça ela terminava de limpar a mesa. Eu ainda pensava em como ajudar a Marcela então falei para ela:
- O que eu precisava mesmo era ver mais de perto como está a relação das duas. Para então decidir o que podemos fazer.
Ela encostou no balcão me olhando.
- Que tal uma noite de garotas? – Ela sugeriu. – Nós podíamos convidá-las para vir dormir aqui, assistir um filme, tipo uma festa do pijama.
- Seria uma ótima. – Concordei. – Pode ser no próximo sábado? No domingo elas não tem aula e nós não precisamos trabalhar.
- Por mim tudo bem. Você convida?
- Falo com elas durante a semana.
- Tudo bem.
Terminei de guardar a louça e olhei para ela:
- Bom, vou tomar um banho e dormir. Boa noite e obrigada pela companhia.
Ela pareceu espantada com o que eu disse, mas respondeu:
- Boa noite Sarah.
Eu subi para o meu quarto e antes de entrar no chuveiro ouvi a porta do seu quarto se fechar também.
Após o banho, deitei na minha cama e repassei os acontecimentos do dia.
Nós sobrevivemos ao primeiro dia. O que já é muito mais do que nossa família e amigos mais próximos poderiam imaginar.Eu posso não ter muita certeza sobre o que fazer para ajudar a minha irmã, mas o meu plano para conquista Juliette já está sendo colocado em prática.
Pensando nisso adormeci.
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The Few Things
Ficção AdolescenteAs famílias Andrade e Freire são sócias em uma grande rede de hotéis: a Luxury. Seus filhos foram criados juntos e se davam muito bem. Bom... exceto suas filhas mais velhas, que se odiavam. Sarah Andrade e Juliette Freire são o completo oposto uma d...