Capítulo 1

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Heitor

- Já que estamos perto o que acha de almoçarmos na minha casa? - Henrico sugere enquanto dirigi.

- Acho uma boa ideia. Estou morrendo de fome.

  Até hoje olho para o meu primo impressionado com a sua mudança, aliás os três estão realizados, felizes com as suas famílias. Anos atrás Lorenzo fugia de relacionamentos, Fabrizio era o maior galinha de todos, vivia traindo a esposa e Henrico não era muito diferente, se casou com Mariana estabelecendo a condição de que ele não seria fiel. Até o dia em que Mariana trocou de lugar com a irmã gêmea e tudo mudou. Henrico parece ter achado a sua alma gêmea. Eu era o primo diferenciado, era o único Salvatore fiel a esposa, feliz com a família que eu tinha. Amava a minha esposa, sem saber que eu não deveria amá-la. Giovana me enganou com outros homens, inclusive com o meu próprio tio, que desapareceu da face da terra.
E depois que tudo foi descoberto ela cometeu suicídio. Nunca pensei que fosse capaz, pensei que no fundo ela ficaria feliz quando eu dei um ponto final no nosso casamento.

Foi o pior dia da minha vida.

A única coisa boa disso tudo foi a nossa filha, que se parece muito, fisicamente, com a mãe. Ela é o meu único motivo para sorrir.

- Tem planos para hoje a noite? - Henrico questiona.

- Não.

- O solteiro mais cobiçado da Itália sem planos para sexta feira?

- O viúvo você quer dizer. E só sou o mais cobiçado porque os meus primos foram laçados. - Brinco.

- Tenho que concordar. - Rimos.

- Não sente falta? Ainda fico impressionado com o tanto que você mudou.

- Nem um pouco. E mesmo se eu sentisse, não seria capaz de arriscar o que eu tenho hoje. Não fui criado para amar, mas amo a minha esposa. Esses cinco anos fortaleceram ainda mais a nossa relação. A química continua insana. Um dia você vai ter com alguém o que temos.

- Eu já desisti disso há muito tempo. O amor e a felicidade não é para todos, meu primo. E quando aceitamos isso a vida fica menos complicada.

Roberta

- E Clara onde está? - questiono.

- Na aula de Ballet.

- Estou louca para vê-la pessoalmente. Ela está muito linda.

- Sim. Sou suspeita para falar, mas ela está maravilhosa.

- Isabela eu estava com saudade da sua comida. - Falo.

- Também adoro quando é ela que cozinha. - Marina fala baixo para a cozinheira não ouvir.

Isabela é a governanta da casa, mas de vez em quando prepara as refeições, porque ela ama cozinhar.

- Fico feliz que tenha gostado, preparei o almoço no dia certo. - Ela sorri.

Percebo o olhar de Sophia sobre mim, sorrio para ela, mas ela não sorri de volta. Só vira a cara.

- Fica tranquila, as crianças costumam gostar de você, então vai ser fácil. - Marina tenta me animar.

- Você fala como se eu já estivesse contratada. E não pode garantir isso.

Eu não quero esse emprego, mas pensando bem eu não posso me dar ao luxo de escolher.

É claro que eu farei de tudo para que ela goste de mim. Se eu for contratada darei o meu melhor.

- Pai! - A menina abre um sorriso gigante e salta da mesa para abraçar o pai. Ouço a voz e a risada, tanto de Heitor quanto a de Henrico, mas não me viro para cumprimenta-los. Eu travo. Uma timidez, que pra mim é estranha, toma conta de mim.

- Vejam quem está aqui, Rapazes. - Marina diz.

- Boa tarde, Roberta. - Henrico sorri amigavelmente.

- Boa tarde. - Sorrio.

- Boa tarde. - Heitor diz, sem esboçar nenhum sorriso.

Ele nunca foi sorridente mesmo, sempre foi o mais reservado dos primos. Eu não costumo me dar bem com pessoas reservadas, deve ser por isso que fico tímida perto dele. Eles se sentam conosco.

- Deveria ter me avisado que viriam para almoçar, teríamos esperado. - Marina reclama com Henrico. Enquanto eu não vejo a hora de me levantar. - Mas vamos acompanha-los na sobremesa.

- Pai, já encontrou uma babá para mim? - Sophia questiona.

- Ainda não. Para falar a verdade eu nem procurei.

- Falando nisso quero falar com você depois do almoço. - Marina diz para Heitor.

- Se é sobre a babá pode falar agora.- Heitor responde.

- Roberta estudou pedagogia e me ajudou muito com os meus filhos, por um tempo cuidou deles mais do que eu. Ela seria uma ótima babá para Sophia.

- Posso entrevistá-la hoje mesmo.- Só a voz dele já me deixa nervosa. E para piorar fazer uma entrevista era tudo o que eu não queria.

- Não acho que seja necessário, mas ela vai se sair bem. - Marina diz, confiante.

Vou me dar mal, isso sim.

Heitor olha para nós duas.

Cinco anos depois e ele está ainda mais bonito.

Heitor

Henrico deveria ter me alertado dos planos da esposa dele. É óbvio que ele sabia.
Roberta não preenche o requisito principal para ser a babá da minha filha, ela é uma mulher atraente.
Extremamente atraente.
Eu vou fazer com que ela não queira a vaga.

Depois que terminamos o almoço ficamos todos na sala de estar. Sem nenhuma interação entre Roberta e eu.

- Roberta, podemos conversar agora?

- Sim. - Ela sorri.

- Henrico me empresta o seu escritório? - Percebo o sorriso dela se desmanchar quando eu falo isso.

Achou que eu fosse entrevistá-la aqui? Na frente da Marina e do Henrico.

- A casa é sua.

- Já estou indo. - Roberta diz quando eu me levanto.

Vou até o escritório sento-me na cadeira do meu primo e a aguardo, não sei o que ela está esperando para vir. Com certeza Marina deve estar a enchendo de informações.

Lembro da indireta que a esposa do meu primo me deu no dia do seu casamento.

- Roberta e Heitor roubaram a cena. Seriam um casal belíssimo.

Roberta estava usando um vestido amarelo que acentuava suas curvas e eu um Smoking.

- Não exagera amiga. Impossível roubar a cena com um casal de noivos tão lindo e feliz! - Roberta disse.

- A família toda apoia para que sejam os próximos!

Roberta sorriu sem graça, balançando a cabeça em negativa.

- Não queira dar uma de cupido como a sua irmã.- Respondi tentando esconder a minha irritação.

Naquele dia não trocamos uma palavra. É claro que eu senti vontade de tirar aquele vestido e foder com ela naquela festa. Minhas intenções eram péssimas, ela era a babá dos filhos do meu primo, por isso preferi me manter longe, longe de dramas.

Ela entra na sala, eu a olho de cima a baixo. Está usando uma calça jeans apertada, uma regata verde, e um coturno de salto alto, com um rabo de cavalo.

Cinco anos depois e a mulher não mudou nada, eu diria que está ainda mais gostosa.

A Babá - No Mundo da Máfia. Onde histórias criam vida. Descubra agora