— O casal mais lindo da festa. Heitor e Roberta Salvatore. — Marina diz, piorando tudo.— Boa noite. — Heitor cumprimenta a todos.
— Sua mãe é muito linda, amiga.— Uma das amigas de Sophia diz enquanto as outras balançam a cabeça em afirmativa.
Sorrio, sem graça para a criança, não digo obrigada porque não sou a mãe da Sophia, mas também não a desminto.
— Querida, me acompanha? — Heitor pede com as mãos nas minhas costas.
Sinto como se esse simples toque me desse um leve choque. Balanço a cabeça em afirmativa. Enquanto caminhamos até a entrada da casa eu vejo os olhares sobre nós, os primos Lorenzo, Enrico, Fabrízio parecem surpresos.
— Qual é o joguinho?— Ele questiona, irritado. Me encarando de um jeito arrogante que eu não gosto.
— Que joguinho, Heitor?
— Esse teatro que você e a Marina com certeza combinaram.
— Eu não sou a sua ex mulher para fazer nenhum teatro.
Ele se aproxima mais de mim e me segura pelo braço.
— Não se faça de ofendida, vocês começaram e agora é para ir com isso até o fim da festa. Se estragar o dia da minha filha, vai me conhecer.
— Ok.— Sorrio, cínica, e saio andando.
Mas não faço isso por ele, eu faço isso por ela, por mim ele que se exploda.
Encontro Sophia tão sorridente, eu nunca a vi tão feliz. Me agacho para ficar da sua altura e ponho uma mecha de cabelo que está no seu rosto atrás da orelha. Ela tem traços lindos, tão delicados, puxou a mãe, que descanse em paz. Enquanto o pai tem traços mais fortes, mas o infeliz é lindo também.
— Que Deus te conserve com essa pureza e esse coração tão lindo. Eu desejo que todos os seus sonhos se realizem, que Deus te proteja sempre. Princesa, esse é o meu presente pra você. — Eu tiro da bolsa uma caixinha com uma pulseirinha de ouro que era minha. — Era minha agora é sua, já que estamos sendo mãe e filha, por hoje.
— Obrigada, eu amei. E poderiamos ser para sempre! — Ela me abraça e me assusta com a resposta.
Sorrio e ela corre para brincar novamente.
Eu sempre levei essa pulseira comigo, eu ganhei da minha avó, que morreu há três anos. Eu pensava em dar para a minha filha quando eu tivesse uma, mas conforme os dias vão passando, ser mãe se tornou um sonho cada vez mais distante. Eu não posso deixar a Sophia se apegar muito a mim e vice e versa, Heitor pode me demitir a qualquer momento.
Será que eu dei algum motivo para ele acreditar que eu poderia influenciar uma criança a dizer que eu sou a mãe dela. Eu já estou acostumada com as pessoas pensando o pior de mim, não é nenhuma novidade.
Mas eu não vou permitir que me tratem mal, como já permitir o meu ex fazer tantas vezes. Depois disso criou um grande bloqueio em mim, para relacionamentos, é difícil acreditar que exista nesse mundo um homem que preste.Marina me observa de longe e vem até mim.
— Que cara é essa amiga? Heitor fez alguma coisa?
— Ele acredita que nós convencemos a Sophia a me chamar de mãe.— Falo incrédula.
— Eu vou falar com ele agora!
— Não amiga, não precisa deixe que ele pense o que quiser, se quiser me demitir tudo bem também. É só olhar para a cara de arrogante dele que dá pra saber que ele é um alerta vermelho gigante. Especialista em julgar as pessoas.
— É você já não esperava muito dele né amiga, mas essa atitude dele é ridícula.
— Vamos sorrir, mudar a nossa cara de indignação a Sophi está vindo até nós. — Abrimos " os maiores sorrisos do mundo" e acabamos rindo de verdade dos nossos sorrisos forçados.
— Eu já quero cantar os parabéns.— Sophia diz.
— Tão cedo?
— Eu estou cansada.— Ela diz, e não é pra menos, pulou tanto no pula pula que está suada, e nem dormiu direito esta noite porque estava ansiosa pela festa.
— É melhor você falar com o seu pai antes minha linda. — Marina diz e Sophia vai até ele.
— Você acredita que ela disse que poderíamos ser mãe e filha para sempre.
— Garota esperta, escolheu bem. Mas tenho medo dela se apegar demais e Heitor te demitir.
— Eu também. Tenho que ensinar ela a separar as coisas.
E a hora dos parabéns e Heitor faz um gesto com a mão para que eu também fique do lado da Sophia e eu vou até eles. Eu não sei onde enfiar a minha cara, muita gente aqui sabe que eu não sou mãe da Sophia. A vó dela por exemplo está indignada olhando para mim.
Cantamos parabéns como se fôssemos uma família, me pego pensando o quanto sonhei com algo parecido ao que estamos fingindo ser e o quanto é triste viver sabendo que talvez eu nunca tenha algo assim.***
— Deu tudo certo amiga.— Marina diz ao se despedir de mim.— Mais ou menos né amiga. Eu não posso admitir ser tratada daquele jeito.
— Eu fiquei bem chateada também, nem se quer dei tchau para ele. É horrível que ele desconfie de nós, mas peça para ele perguntar para Sophia porque ela falou aquilo, talvez ele acredite na filha.— Ela diz dando de ombros.
— É isso que vou fazer.
— Qualquer coisa me ligue, você já sabe que a minha casa é a sua casa.
— Obrigada.— Nos abraçamos e a vejo partir com sua linda família.
Marina sempre me entende como ninguém.
Entro na casa e vejo Sophia dormir como um anjo no sofá.— É mocinha você jogou a bomba e saiu correndo.— Digo com as mãos na cintura.
A pego no colo para levá-la para cama.— Deixa que eu faço isso.— Heitor diz, meio rude e eu entrego ela a ele.
Me fez foi um grande favor porque não seria nada fácil subir uma escada enorme dessas com uma criança no colo que deve pesar uns trinta quilos.— Me espere aí, precisamos ter uma conversa.
Já imagino o que seja.
Ele desce as escadas me encarando.
— Você está ainda mais linda hoje.— Ele me elogia e eu olho Incrédula.
— Obrigada.— agradeço, desconfiada.
— Então, Roberta, serei bem direto, se a sua intenção é ir para a cama comigo não precisa usar a minha filha pra isso, podemos fazer isso agora mesmo.