Capítulo 8

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— O casal mais lindo da festa. Heitor e Roberta Salvatore. — Marina diz, piorando tudo.

— Boa noite. — Heitor cumprimenta a todos.

— Sua mãe é muito linda, amiga.— Uma das amigas de Sophia diz enquanto as outras balançam a cabeça em afirmativa.

    Sorrio, sem graça para a criança, não digo obrigada porque não sou a mãe da Sophia, mas também não a desminto.

— Querida, me acompanha? — Heitor pede com as mãos nas minhas costas.

Sinto como se esse simples toque me desse um leve choque. Balanço a cabeça em afirmativa. Enquanto caminhamos até a entrada da casa eu vejo os olhares sobre nós, os primos Lorenzo, Enrico, Fabrízio parecem surpresos.

— Qual é o joguinho?— Ele questiona, irritado. Me encarando de um jeito arrogante que eu não gosto.

— Que joguinho, Heitor?

— Esse teatro que você e a Marina com certeza combinaram.

— Eu não sou a sua ex mulher para fazer nenhum teatro.

  Ele se aproxima mais de mim e me segura pelo braço.

— Não se faça de ofendida, vocês começaram e agora é para ir com isso até o fim da festa. Se estragar o dia da minha filha, vai me conhecer.

— Ok.— Sorrio, cínica, e saio andando.

    Mas não faço isso por ele, eu faço isso por ela, por mim ele que se exploda.

  Encontro Sophia tão sorridente, eu nunca a vi tão feliz. Me agacho para ficar da sua altura e ponho uma mecha de cabelo que está no seu rosto atrás da orelha. Ela tem traços lindos, tão delicados, puxou a mãe, que descanse em paz. Enquanto o pai tem traços mais fortes, mas o infeliz é lindo também.

— Que Deus te conserve com essa pureza e esse coração tão lindo. Eu desejo que todos os seus sonhos se realizem, que Deus te proteja sempre. Princesa, esse é o meu presente pra você. — Eu tiro da bolsa uma caixinha  com uma pulseirinha de ouro que era minha. — Era minha agora é sua, já que estamos sendo mãe e filha, por hoje.

— Obrigada, eu amei. E poderiamos ser para sempre! — Ela me abraça e me assusta com a resposta.

   Sorrio e ela corre para brincar novamente.

  Eu sempre levei essa pulseira comigo, eu ganhei da minha avó, que morreu há três anos. Eu pensava em dar para a minha filha quando eu tivesse uma, mas conforme os dias vão passando, ser mãe se tornou um sonho cada vez mais distante. Eu não posso deixar a Sophia se apegar muito a mim e vice e versa, Heitor pode me demitir a qualquer momento.

   Será que eu dei algum motivo para ele acreditar que eu poderia influenciar uma criança a dizer que eu sou a mãe dela. Eu já estou acostumada com as pessoas pensando o pior de mim, não é nenhuma novidade.
     Mas eu não vou permitir que me tratem mal, como já permitir o meu ex fazer tantas vezes. Depois disso criou um grande bloqueio em mim, para relacionamentos, é difícil acreditar que exista nesse mundo um homem que preste.

   Marina me observa de longe e vem até mim.

— Que cara é essa amiga?  Heitor fez alguma coisa?

— Ele acredita que nós convencemos a Sophia a me chamar de mãe.— Falo incrédula.

— Eu vou falar com ele agora!

— Não amiga, não precisa deixe que ele pense o que quiser, se quiser me demitir tudo bem também. É só olhar para a cara de arrogante dele que dá pra saber que ele é um alerta vermelho gigante. Especialista em julgar as pessoas.

— É você já não esperava muito dele né amiga, mas essa atitude dele é ridícula.

— Vamos sorrir, mudar a nossa cara de indignação a Sophi está vindo até nós. — Abrimos " os maiores sorrisos do mundo" e acabamos rindo de verdade dos nossos sorrisos forçados.

— Eu já quero cantar os parabéns.— Sophia diz.

— Tão cedo?

— Eu estou cansada.— Ela diz, e não é pra menos, pulou tanto no pula pula que está suada, e nem dormiu direito esta noite porque estava ansiosa pela festa.

— É melhor você falar com o seu pai antes minha linda. — Marina diz e Sophia vai até ele.

— Você acredita que ela disse que poderíamos ser mãe e filha para sempre.

— Garota esperta, escolheu bem. Mas tenho medo dela se apegar demais e Heitor te demitir.

— Eu também. Tenho que ensinar ela a separar as coisas.

  E a hora dos parabéns e Heitor faz um gesto com a mão para que eu também fique do lado da Sophia e eu vou até eles. Eu não sei onde enfiar a minha cara, muita gente aqui sabe que eu não sou mãe da Sophia. A vó dela por exemplo está indignada olhando para mim.
   Cantamos parabéns como se fôssemos uma família, me pego pensando o quanto sonhei com algo parecido ao que estamos fingindo ser e o quanto é triste viver sabendo que talvez eu nunca tenha algo assim.

  ***
 
— Deu tudo certo amiga.— Marina diz ao se despedir de mim.

— Mais ou menos né amiga. Eu não posso admitir ser tratada daquele jeito.

— Eu fiquei bem chateada também, nem se quer dei tchau para ele. É horrível que ele desconfie de nós, mas peça para ele perguntar para Sophia porque ela falou aquilo, talvez ele acredite na filha.— Ela diz dando de ombros.

— É isso que vou fazer.

— Qualquer coisa me ligue, você já sabe que a minha casa é a sua casa.

— Obrigada.— Nos abraçamos e a vejo partir com sua linda família.

    Marina sempre me entende como ninguém.
    Entro na casa e vejo Sophia dormir como um anjo no sofá.

— É mocinha você jogou a bomba e saiu correndo.— Digo com as mãos na cintura.
    A pego no colo para levá-la para cama.

— Deixa que eu faço isso.— Heitor diz, meio rude e eu entrego ela a ele.
    
   Me fez foi um grande favor porque não seria nada fácil subir uma escada enorme dessas com uma criança no colo que deve pesar uns trinta quilos.

— Me espere aí, precisamos ter uma conversa.

  Já imagino o que seja.

  Ele desce as escadas me encarando.

— Você está ainda mais linda hoje.— Ele me elogia e eu olho Incrédula.

— Obrigada.— agradeço, desconfiada.

— Então, Roberta, serei bem direto, se a sua intenção é ir para a cama comigo não precisa usar a minha filha pra isso, podemos fazer isso agora mesmo.

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⏰ Última atualização: Oct 07 ⏰

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