Capítulo 6

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—  Vem ver a nova babá. Nessa contratação o senhor acertou.— Davi fala sorrindo.

Com quem ele pensa que está falando?

— Estão proibidos de usar essa porra de binóculos para olhar a minha funcionária na piscina, ou melhor estão proibidos de olhar para ela.

Eles abaixam os dois binóculos desanimados.

— O senhor não acha que ela está acostumada com os olhares? Ficamos sabendo que uma das profissões dela era...

O interrompo.

— A vida pessoal dela não diz respeito a vocês. Eu não pago nenhum de vocês para ficar fofocando sobre a vida dos outros. Eu não sabia que soldados poderiam ser mais fofoqueiros que as funcionárias da casa.— Minha paciência já está no limite.

— Perdão senhor, mas quando se trata de mulher, temos curiosidade, e esses boatos vieram dos soldados lá da casa do seu primo, já estavam de olho nela, mas não tiveram muito sucesso.— Mattia diz.

— E nem vocês terão, como eu disse, antes, estão proibidos.

Eles bufam, nervosos e se olham entre si.

Acelero o carro e paro perto da piscina. Desço e a visão que eu tenho explica a empolgação deles.

   Roberta e Sophia estão deitadas em uma boia gigante, Roberta está de bruços, empolgada lendo um livro para minha filha que está deitada.

  A porra da babá tem uma bunda surreal! Sinto meu membro endurecer dentro da calça, somente com a visão.

  Começo a pensar em coisas aleatórias até voltar ao normal.
 
— Boa tarde — Falo alto tentando chamar a atenção delas.

— Boa tarde! — Roberta fecha o livro e sua empolgação desaparece assim que me vê.

— Pai!— Sophia diz animada enquanto Roberta entra rápido na água. Uma tentativa inútil de esconder o que eu acabei de ver.  Ela estira o braços e pega Sophia no colo, a leva para a borda da piscina.
     Entrego a toalha da minha filha e ela se enrola e me abraça, observo Roberta sair da piscina e se secar com uma toalha.

— Pai? — Sophia percebe o quanto estou distraído, mas só consegui parar de olhar quando Roberta amarrou uma tanga no quadril.

— Oi filha.

— Você parece distraído.— Ela diz e Roberta escuta.

— Impressão sua.

— Roberta eu preciso falar com você. Eu vou te esperar no meu escritório.

— Ok, senhor. Só vou me trocar e dar um banho na Sophi.

— Não tenho pressa.

   ***

  Ouço batidas na porta, olho para o relógio antes de abrir, ela demorou quarenta minutos. Abro e ela parece bem desanimada, acho que pensa que vou demitir ela, mesmo que eu não tenha motivos para isso. Afasto a cadeira da mesa para ela se sentar. Meus olhos vão direto para o seu decote, mas desvio rápido para que ela não perceba.

Essa mulher não tem nada mais discreto pra usar?

— Sente-se. — Peço e ela se senta encolhida na cadeira.

  Sinto seu perfume, e o cheiro é delicioso, eu nunca senti nada igual, dever ser do Brasil.

   Sento-me do outro lado da mesa, nos encaramos por uns segundos até ela desviar o olhar para um porta retrato da minha filha, e eu sei que demora olhando para ele para evitar o meu olhar.
     Um comportamento estranho para uma mulher que tem experiência trabalhando com homens. Não era para ela ser tão tímida. Só há uma explicação para isso: a minha presença a incomoda, mais do que deveria. Ela está tentando me evitar.

— O que conversarmos aqui ficará entre nós. Alguns dos meus homens está incomodando você?

— Não senhor, de maneira alguma, todos os seus funcionários me trataram muito bem. — Ela diz e respira aliviada.— E nunca fizeram com que eu me sinta desconfortável.

Ela diz isso porque não viu aqueles imbecis a espionando.

— Qualquer coisa que eles fizerem você pode vir falar comigo. Aqui não é permitido o envolvimento amoroso entre os funcionários.

— Quanto a isso o senhor pode ficar tranquilo. — Ela diz.

Que bom.

— Parece que nenhum deles despertou o seu interesse.

  Talvez ela seja tão esperta quanto a amiga, e esteja de olho em alguém com mais recursos financeiros que um soldado. Mesmo que Marina seja uma boa esposa para o meu primo, eu não confio em nenhuma mulher.

— Não, se futuramente, o que eu acho muito difícil, eu tiver um envolvimento amoroso não será com nenhum deles.

Arqueio uma sobrancelha, curioso.

— Eu posso saber o motivo?

— Pra mim o amor é uma escolha e eu vou escolher amar alguém que não corra tanto risco de vida e que não ponha a vida de ninguém em risco.

— Corrigindo, eu não falo só do envolvimento amoroso, mas do físico também.

— Esse tipo de envolvimento também não.

    Pelo que ela acaba de dizer eu estou incluído nesse pacote. É uma pena. Eu cortei as asas dos meus homens e ela acaba de cortar as minhas.

— Pode sair. Isso é tudo. — Falo sério. E ela sai sem entender a minha mudança de humor.

  Sobre a piscina não há nada que eu possa fazer a não ser proibir todos os meus homens de olhar para ela.  Não posso pedir para a mulher usar camiseta e calça para entrar na piscina.

Eu sei sobre tudo sobre o passado de Roberta, ela e Marina trabalhavam no mesmo lugar, um clube de BDSM, onde há prostitutas também. Esse foi um dos motivos para eu ter um pé atrás com a mulher do meu primo. Henrico investigou na época e eu investiguei também, não há nada que comprove que elas trabalharam como prostitutas. Já se passaram anos também. Marina se casou é uma esposa fiel, até onde eu sei, e Roberta durante esse tempo se dedicou somente a pedagogia. O seu passado não me agrada, mas eu a contratei pela mulher que ela é no presente.
      Sem ao menos toca-la eu consigo sentir a química que há entre nós. Eu ignorei isso no passado e Roberta está fazendo isso agora. Eu não sou idiota, eu percebo ela ficar intimidada perto de mim, além do normal.
  E eu só quero uma noite com ela para que cada um de nós possa seguir a sua vida em frente. Eu só preciso disso.

 

A Babá - No Mundo da Máfia. Onde histórias criam vida. Descubra agora