Capítulo 5

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   Roberta

   Sento-me junto aos outros funcionários da casa para tomar o café da manhã. O pão ainda está quente. Faz tempo que eu não sinto tanta vontade de comer um pão com manteiga mergulhado no café, mas antes que eu tenha tempo de começar a passar a manteiga no pão me chamam.

— Roberta.

— Oi Blanca. — Vou até o encontro da governanta.

Ela parece ter uns sessenta anos, é bem simpática, eu gostei dela.

— Sofia pediu ao pai para você tomar café da manhã com eles.

     Não falo nada, mas eu sei que a expressão no meu rosto diz tudo.

— É mocinha vai ter que se acostumar porque provavelmente não será só hoje. Lia nem sentava conosco, somente naquela mesa.

— Tudo bem. Espero que seja só hoje. Fico mais a vontade aqui.

  Vou até a sala de jantar sento-me no lugar que Blanca indicou, ao lado da Sofia. Sorrio para ela que retribui. A mesa está farta, mas no momento eu tenho vergonha até mesmo de comer. Heitor olhou rapidamente para mim.

— Bom dia.

— Bom dia, senhor.— Falei tão baixo que eu nem sei se ele me escutou.

   Sirvo-me com um pão com frios e café. Nada de mergulhar o pão agora, eu não quero chamar atenção.

— A partir de hoje, por favor, se junte a nós durante todas as refeições. Eu nem sempre estarei aqui com vocês e a Sofia quer a sua companhia. — Ele diz olhando nos meus olhos e eu tenho dificuldade em manter o contato visual.

— Ok.

     Que olhar frio ele tem, um olhar de quem é capaz de tudo, sem nem mesmo se importar com as consequências dos seus atos. Isso dá medo, mas há um brilho nele que eu não tinha notado antes.
      O celular dele toca, e ele sorri quando abre a mensagem, aposto que é de alguma mulher, esse sorriso já diz tudo.
   
Ele termina de tomar o café da manhã e  da um beijo na testa da Sofi.

— Te amo filha. Até mais tarde.

—Te amo, pai.

   Arqueio a minha sobrancelha e sou pega no flagra, Heitor olha para mim, antes de sair, apressado. Tão apressado que precisou sair às pressas do café da manhã ao invés de passar mais tempo com a filha.  Ela se sente confortável com a minha presença e fico feliz por isso, mas sei que se sente sozinha por não ter uma mãe e ter um pai que está sempre ausente.

— O que vamos fazer hoje? — Questiono.

  Sofi está no mês de férias e eu quero que ela se divirta.

— Vamos para a piscina?

  Eu vou ver com a Blanca se é uma boa idéia, se for nós vamos.
  
***

  Blanca aprovou a idéia, é algo que a Sofi já estava acostumada a fazer com a Lia.

— Me ajuda a escolher o meu biquíni? — Ela questiona animada.

— Claro que ajudo. Eu amei aquele maiô da pequena sereia.

  A cama está cheia de biquínis lindos, óculos coloridos.

   Queria ter uma filha para comprar coisas tão lindas, mas o tempo está passando tão depressa que eu não sei nem mesmo se um dia serei mãe.
   Eu não tenho nada discreto, nenhum maiô, que seria o ideial para vestir hoje apenas três biquínis. Um preto, um azul e um vermelho.

— O vermelho.— Sofi diz.

— Boa escolha.

  Saio do banheiro com o biquíni, e uma saída de praia de crochê na cor nude. É linda, a única que eu tenho.

— Nossa! Quando eu crescer quero ter o  corpo igual o seu!

  Dou risada achando engraçado a forma que ela fala.

— O seu é mais bonito!

Se depender da genética dos seus pais, principalmente a do seu pai, você está feita!

Esquece a droga do pai dessa menina Roberta.

Heitor

Eu percebi no café da manhã que  Roberta queria me dizer algo, parecia incomodada com alguma coisa. Mas não vou perguntar o que, se ela quiser que diga.
      Recebi um belo nude hoje da Laura prima da Giovanna, eu não costumo  passar meses saindo com a mesma mulher, mas ela é bem gostosa.
      Depois de verificar a chegada de um grande pedido, encontro-me com os meus primos na academia que Lorenzo abriu recentemente, ao lado da Lussuria boate de Henrico. Attivo é o nome.

    Os olhares femininos estão focados em nós, eu diria que até mesmo alguns masculinos.

— Essas mulheres, acho que nunca viram homens na vida delas. — Fabrizio diz enquanto faz força levantando uma barra com uns 120 quilos. 

    Por incrível que pareça o meu primo que está incomodado com os olhares feminos não é gay. Há seis anos atrás o cara era o maior pegador. O casamento não o impedia de ser. Depois que Caroline pediu o divórcio apareceu uma filha, minha sobrinha Camila, que hoje tem dezesseis anos, ela é fruto de uma relação passageira dele, que ele teve antes de se casar.  Caroline e ele voltaram um tempo depois e hoje Camila é como se fosse sua filha. A mãe biologica não está mais entre nós, morreu quando Camila tinha nove anos, antes mesmo do Fabrizio conhecer a filha. Carol e ele construíram uma família linda, essas duas mulheres fizeram um milagre na vida do meu primo. Não há uma outra explicação para Fabrizio Salvatore ter se tornado um homem fiel. E ele não foi o único, Henrico também se tornou, só que neste caso só precisou substituir sua esposa pela irmã gêmea dela.

    É complicado entender.

   Já Lorenzo não tem um histórico ruim.  Está feliz com Gabi e seus filhos, Ben e Luigi. Assim como meu primo, eu sempre fui um homem fiel, só que no meu caso eu não deveria ter sido.
  
— Algum novo contato? — Lorenzo questiona. — Quando esse meu primo vai casar novamente e sossegar?

— Nunca. A versão Heitor pai de família é entendiante, e para essa versão eu não pretendo voltar.

  Me divirto muito mais hoje.

— Roberta está morando com ele, já sabemos onde isso vai dar. — Henrico diz.

— Se ela quiser dar para mim eu serei bem grato.

— Não deixe a Marina escutar você falando assim da amiga dela. — Fabrizio diz.

— Vocês já podem entrar para o grupo da Luluzinha, que elas devem ter no whatsapp. — Falo e damos risada.

— Ele será tão grato que vai colocar uma aliança no dedo dela e se casar com ela. — Henrico diz batendo no meu ombro e os três dão risada.

   Uma ruiva bem gostosa passa e me encara.

— Acho que eu vou querer emprestada a chave de uma sala.

  Lorenzo joga a chave para mim.

— Primeira e última, minha academia não é puteiro.

***

    Depois de foder com a ruiva eu tomei um banho na academia mesmo e decidi ir logo para casa para revisar um contrato que eu teria que enviar para os americanos. O meu humor melhorou consideravelmente era o que o eu estava precisando.

   Ao chegar na entrada reparo que meus homens estão animados e ocupados revezando um  binóculos enquanto olham em direção a piscina.

— Ela tá de parabéns! — Davi diz.

Tiro o meu óculos e questiono irritado.

— Quem está fazendo aniversário hoje? — Sou irônico.

   










  

A Babá - No Mundo da Máfia. Onde histórias criam vida. Descubra agora