Roberta
Sento-me junto aos outros funcionários da casa para tomar o café da manhã. O pão ainda está quente. Faz tempo que eu não sinto tanta vontade de comer um pão com manteiga mergulhado no café, mas antes que eu tenha tempo de começar a passar a manteiga no pão me chamam.
— Roberta.
— Oi Blanca. — Vou até o encontro da governanta.
Ela parece ter uns sessenta anos, é bem simpática, eu gostei dela.
— Sofia pediu ao pai para você tomar café da manhã com eles.
Não falo nada, mas eu sei que a expressão no meu rosto diz tudo.
— É mocinha vai ter que se acostumar porque provavelmente não será só hoje. Lia nem sentava conosco, somente naquela mesa.
— Tudo bem. Espero que seja só hoje. Fico mais a vontade aqui.
Vou até a sala de jantar sento-me no lugar que Blanca indicou, ao lado da Sofia. Sorrio para ela que retribui. A mesa está farta, mas no momento eu tenho vergonha até mesmo de comer. Heitor olhou rapidamente para mim.
— Bom dia.
— Bom dia, senhor.— Falei tão baixo que eu nem sei se ele me escutou.
Sirvo-me com um pão com frios e café. Nada de mergulhar o pão agora, eu não quero chamar atenção.
— A partir de hoje, por favor, se junte a nós durante todas as refeições. Eu nem sempre estarei aqui com vocês e a Sofia quer a sua companhia. — Ele diz olhando nos meus olhos e eu tenho dificuldade em manter o contato visual.
— Ok.
Que olhar frio ele tem, um olhar de quem é capaz de tudo, sem nem mesmo se importar com as consequências dos seus atos. Isso dá medo, mas há um brilho nele que eu não tinha notado antes.
O celular dele toca, e ele sorri quando abre a mensagem, aposto que é de alguma mulher, esse sorriso já diz tudo.
Ele termina de tomar o café da manhã e da um beijo na testa da Sofi.— Te amo filha. Até mais tarde.
—Te amo, pai.
Arqueio a minha sobrancelha e sou pega no flagra, Heitor olha para mim, antes de sair, apressado. Tão apressado que precisou sair às pressas do café da manhã ao invés de passar mais tempo com a filha. Ela se sente confortável com a minha presença e fico feliz por isso, mas sei que se sente sozinha por não ter uma mãe e ter um pai que está sempre ausente.
— O que vamos fazer hoje? — Questiono.
Sofi está no mês de férias e eu quero que ela se divirta.
— Vamos para a piscina?
Eu vou ver com a Blanca se é uma boa idéia, se for nós vamos.
***Blanca aprovou a idéia, é algo que a Sofi já estava acostumada a fazer com a Lia.
— Me ajuda a escolher o meu biquíni? — Ela questiona animada.
— Claro que ajudo. Eu amei aquele maiô da pequena sereia.
A cama está cheia de biquínis lindos, óculos coloridos.
Queria ter uma filha para comprar coisas tão lindas, mas o tempo está passando tão depressa que eu não sei nem mesmo se um dia serei mãe.
Eu não tenho nada discreto, nenhum maiô, que seria o ideial para vestir hoje apenas três biquínis. Um preto, um azul e um vermelho.— O vermelho.— Sofi diz.
— Boa escolha.
Saio do banheiro com o biquíni, e uma saída de praia de crochê na cor nude. É linda, a única que eu tenho.
— Nossa! Quando eu crescer quero ter o corpo igual o seu!
Dou risada achando engraçado a forma que ela fala.
— O seu é mais bonito!
Se depender da genética dos seus pais, principalmente a do seu pai, você está feita!
Esquece a droga do pai dessa menina Roberta.
Heitor
Eu percebi no café da manhã que Roberta queria me dizer algo, parecia incomodada com alguma coisa. Mas não vou perguntar o que, se ela quiser que diga.
Recebi um belo nude hoje da Laura prima da Giovanna, eu não costumo passar meses saindo com a mesma mulher, mas ela é bem gostosa.
Depois de verificar a chegada de um grande pedido, encontro-me com os meus primos na academia que Lorenzo abriu recentemente, ao lado da Lussuria boate de Henrico. Attivo é o nome.Os olhares femininos estão focados em nós, eu diria que até mesmo alguns masculinos.
— Essas mulheres, acho que nunca viram homens na vida delas. — Fabrizio diz enquanto faz força levantando uma barra com uns 120 quilos.
Por incrível que pareça o meu primo que está incomodado com os olhares feminos não é gay. Há seis anos atrás o cara era o maior pegador. O casamento não o impedia de ser. Depois que Caroline pediu o divórcio apareceu uma filha, minha sobrinha Camila, que hoje tem dezesseis anos, ela é fruto de uma relação passageira dele, que ele teve antes de se casar. Caroline e ele voltaram um tempo depois e hoje Camila é como se fosse sua filha. A mãe biologica não está mais entre nós, morreu quando Camila tinha nove anos, antes mesmo do Fabrizio conhecer a filha. Carol e ele construíram uma família linda, essas duas mulheres fizeram um milagre na vida do meu primo. Não há uma outra explicação para Fabrizio Salvatore ter se tornado um homem fiel. E ele não foi o único, Henrico também se tornou, só que neste caso só precisou substituir sua esposa pela irmã gêmea dela.
É complicado entender.
Já Lorenzo não tem um histórico ruim. Está feliz com Gabi e seus filhos, Ben e Luigi. Assim como meu primo, eu sempre fui um homem fiel, só que no meu caso eu não deveria ter sido.
— Algum novo contato? — Lorenzo questiona. — Quando esse meu primo vai casar novamente e sossegar?— Nunca. A versão Heitor pai de família é entendiante, e para essa versão eu não pretendo voltar.
Me divirto muito mais hoje.
— Roberta está morando com ele, já sabemos onde isso vai dar. — Henrico diz.
— Se ela quiser dar para mim eu serei bem grato.
— Não deixe a Marina escutar você falando assim da amiga dela. — Fabrizio diz.
— Vocês já podem entrar para o grupo da Luluzinha, que elas devem ter no whatsapp. — Falo e damos risada.
— Ele será tão grato que vai colocar uma aliança no dedo dela e se casar com ela. — Henrico diz batendo no meu ombro e os três dão risada.
Uma ruiva bem gostosa passa e me encara.
— Acho que eu vou querer emprestada a chave de uma sala.
Lorenzo joga a chave para mim.
— Primeira e última, minha academia não é puteiro.
***
Depois de foder com a ruiva eu tomei um banho na academia mesmo e decidi ir logo para casa para revisar um contrato que eu teria que enviar para os americanos. O meu humor melhorou consideravelmente era o que o eu estava precisando.
Ao chegar na entrada reparo que meus homens estão animados e ocupados revezando um binóculos enquanto olham em direção a piscina.
— Ela tá de parabéns! — Davi diz.
Tiro o meu óculos e questiono irritado.
— Quem está fazendo aniversário hoje? — Sou irônico.