Capítulo 2

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Heitor

 
   Roberta se senta em uma das cadeiras que está a minha frente. Os ombros encolhidos evidenciam o seu decote. Acabo olhando sem querer, ela percebe e quando desvio o olhar ela sobe a regata, tentando cobrir parte do decote, mas é inútil seus seios são volumosos.

— Tem quantos anos de experiência, trabalhando com crianças? — Pergunto.

— Eu ajudei a Marina com os gêmeos por um ano e alguns meses. Voltei para o Brasil e comecei a estudar Pedagogia. Comecei a fazer estágio no segundo ano da faculdade, sendo uma professora auxiliar. E depois que terminei a faculdade fui efetivada e fiquei mais um ano na escola. Ao total não chega a quatro anos de experiência.

— Ama sua profissão?

— Sim, é a minha paixão.

— E por que saiu do seu último emprego?

— Eu fui demitida.

— Por qual motivo?

Ela respira fundo antes de responder.

— O pai de uma das alunas se interessou por mim e a mãe da aluna  pediu a minha demição.

— Se envolveu com um homem casado. — sorrio, surpreso com a sua sinceridade.

É claro que eu não vou contratá-la depois dessa. E eu nem precisei inventar um motivo.

— Ele era divorciado, mas não houve envolvimento nenhum. Eu sou profissional e jamais me envolveria com o pai de uma aluna. — responde ríspida.

  Quase me convenceu.

— Deveria processar a escola. 

—  A diretora deixou bem claro que é mais fácil ela comprar qualquer advogado meu, ou um juiz, e gastar muito mais do que me ver vencer o processo. E no Brasil é muito comum processos que não dão em nada. Manda quem tem dinheiro. — Ela suspira. 

— Por que acha que será uma boa babá para a Sofia?

— Porque é o que me faz feliz o que eu mais amo fazer. Ela aparenta ser uma menina tão doce que cuidar dela seria um privilégio. —  Os olhos dela brilham. Ela me ganhou com poucas palavras, eu senti sinceridade no que ela acaba de dizer. E os meus planos de fazer com que ela não queira a vaga caem por terra.

— A vaga é sua.

— Sério? — Ela questiona, incrédula.

— Se você quiser, sim. Esse é o salário. — Anoto em um papel e entrego para ela. — Folgas somente nos domingos, mas caso precise em outro dia da semana, sempre me avise com antecedência. E terá que morar em minha casa.

— Está ótimo. Eu aceito.

— Te espero amanhã.

— Ok. Obrigada. — Ela sorri e se vira para sair. A observo sair da sala.

  Que bunda!

É Heitor você vai precisar controlar a cabeça de baixo.

— O que eu não faço pela minha filha? — Falo sozinho.

Roberta

   Já existiu um Heitor diferente desse, eu conheci o outro na época em que era casado com a Giovana. Havia algo bom em seu olhar, agora eu só vejo frieza. Eu tentei buscar algo bom em seu olhar, mas só vi quando falamos da Sofia.

  Ele amava a esposa, isso é fato, a dor o transformou.

  Muitas pessoas queriam ser amadas como ela era e não valorizou.

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