Caçada

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Algumas horas antes:

Julius Novachrono estava em seu escritório lendo os relatórios de missões dos esquadrões, porém sua mente continuava voltando para a sensação estranha que sentiu em sua magia no dia anterior, como se algo que ia contra as leis da natureza tivesse acontecido, ele estava tão perdido em seus pensamentos que não notou um homem brotando das sombras no chão até que ele se pronunciou.

– Julius-Sama, posso ter um momento de sua atenção? – Preguntou o moreno sem deixar seu falso sorriso de lado. – Infelizmente não tenho a quem mais recorrer.
– Ah! Vice-capitão Nacht. – Disse o Rei Mago após se recuperar do susto. – Pensei que estivesse em uma missão de espionagem em Spade. A que devo a honra de sua visita? – Completou o Novachrono.
– Como sabe eu possuo contrato com 4 demônios de nível inferior. – Começou o mago das sombras, que recebeu um aceno de cabeça do mago do tempo. – Bem, ontem a tarde meus demônios começaram a reclamar de dores de cabeça, eu acharia normal se não fosse pelo fato de ter sido os quatro ao mesmo tempo. – Continuou o Faust. – No início achei que tivesse sido descoberto e estivessem tentando me atacar, porém, eles começaram a balbuciar algo sobre um segundo contrato, mas isso é impossível, foi a primeira coisa que aprendi sobre contratos demoníacos: “um demônio pode manter contrato com apenas um humano por vez”. – Concluiu ele.
– E o que espera que eu faça? – Perguntou o Rei Mago. – Eu não tenho conhecimento sobre magia demoníaca, então não sei como poderia te ajudar.
– Gimodero era o menos afetado, então ele me deu uma localização de onde estava o outro contratante, ele está em um vilarejo do Reino Esquecido chamado Hage. – Explicou o vice-capitão dos Touros Negros. – Seja o que for que esteja acontecendo com meus demônios está sendo feito por alguém muito mais poderoso que eu, afinal ele está indo contra as leis da natureza. – Nessa última frase Nacht notou uma reação estranha vinda de Julius.
– Muito bem, vou apenas avisar ao Marx-kun que vou sair e então partiremos pro Reino Esquecido.

Assim que Julius avisou Marx eles partiram para Hage com a magia das sombras de Nacht, eles emergiram na base do crânio do antigo demônio que quase destruiu a humanidade, após alguns minutos de caminhada eles começaram a ver as primeiras casas então Julius decidiu usar seu disfarce de Chronobara para não chamar a atenção dos moradores. Os dois magos começaram a juntar informações sobre a vila e os arredores, porém ninguém sabia de algum mago que poderia se encaixar na descrição deles.

As horas foram passando enquanto eles se aproximavam do centro da vila, em determinado momento eles viram um menino de cabelos grisalhos correndo em direção a uma floresta perto da igreja de onde ele tinha saído, mas eles não deram muita atenção e continuaram suas buscas. A única coisa “estranha” que as pessoas notaram era que depois que uma tal de Irmã Lily gritou na tarde passada eles não ouviram mais nenhum grito de um tal de Asta pedindo ela em casamento.

– A igreja que serve como orfanato é o último lugar que sobrou pra procurarmos. – Falou Nacht. – O padre dessa igreja atua como o chefe da vila. – Completou ele. – O que faremos se não conseguirmos nada?
– Então procuramos às cegas essa ameaça. – Respondeu simplista o Rei Mago disfarçado. – Mas não podemos perder as esperanças.
– Por que você decidiu vir comigo? – Perguntou o Faust após alguns minutos de silêncio. – Eu notei que parecia que algo te incomodou no que eu falei.
– Ontem de tarde... – Começou Chronobara. – Eu senti minha magia temporal agindo de maneira estranha, por falta de palavras melhores. – Continuou ele. – Era como um aviso de que algo estava acontecendo e que isso ia contra as leis da natureza. Então quando você falou dos problemas com seus contratos eu achei que poderia estar relacionado. – Concluiu ele quando chegaram no terreno da igreja.
– ASTAAA! – Gritou um menino de cabelos negros que logo foi seguido pelo coro de gritos de um padre e uma freira. – Irmã Lily... e se ele fugiu? E se ele foi sequestrado? E se o que aconteceu ontem acontecer de novo? – Perguntou ele entrando em uma espiral de preocupações e desespero.
– Acalme-se Yuno. – Disse a freira que foi descoberta ser a tal Irmã Lily dos pedidos de casamento. – O  Asta vai ficar bem e seja lá o que aconteceu ontem não vai se repetir.
– O que aconteceu ontem? – Perguntou o Rei Mago, essa seria a primeira pista que poderia os levar a algum lugar.
– Quem são vocês? – Perguntou uma menina de cabelos ruivos.
– Perdoem a indelicadeza da minha avó, meu nome é Nacht e essa é minha avó Chronobara. –Disse ele tentando não parecer desesperado por respostas. – Eu e minha avó moramos no Reino Nobre por eu ser um cavaleiro mágico. – Teceu ele uma pequena mentira. – Eu vim trazer minha avó para visitar a irmã que mora aqui e acabamos por ouvir que estavam gritando por alguém e eu vim para prestar apoio como um cavaleiro mágico. – Concluiu ele.
– Ontem de tarde uma de nossas crianças sofreu um acidente misterioso. – Começou o padre. – Ele estava bem enquanto voltava pra dentro mas de repente caiu quase inconsciente e cheio de feridas pelo corpo, algumas que poderiam matar uma pessoa normal. – Concluiu o padre olhando para a freira e as crianças, como se tivesse tentando passar algum aviso.
– Quando ele acordou hoje de manhã depois de ser curado pelo Padre Orsi e pela Irmã Lily ele disse que não sabia o que tinha acontecido com ele. – Falou o menino que chamaram de Yuno. – Mas agora ele sumiu.
– E como é esse Asta? – Perguntou o Rei Mago
– Ele tem cabelos grisalhos, olhos verdes, ele é um pouco mais baixo que o Yuno e... – Falou a menina ruiva parando na última parte da descrição, aquilo chamou a atenção dos dois. “Eles estão escondendo algo”, foi o que passou na mente dos cavaleiros mágicos.
– Nós vimos uma criança assim correndo pra aquela floresta antes de chegarmos aqui. – Disse Nacht apontando pro bosque onde eles viram Asta entrar. – Nós vamos atrás dele pra trazê-lo de volta, não se preocupem.

Assim que eles tomaram distância Nacht ativou o aparato mágico de transmissão de som para ouvir o que eles diziam, ele sabia que estavam escondendo algo e ele queria saber o que era.

– Por que você parou de falar no meio da descrição, Recca? – Perguntou Yuno.
– Eu não queria que eles batessem no Asta-nii-san se eles soubessem que ele não tem mana. – Disse a menina.
– Você fez bem, Recca. – Falou a freira. – Até mesmo os cavaleiros mágicos podem ser cruéis.

– Então ele não tem mana. – Disse Nacht desligando o aparelho.
– Um garoto sem mana aparece mortalmente ferido no mesmo dia que nossas magias começam a ter algum problema e de repente muda completamente de comportamento. – Pontuou o Rei Mago. – Quais as chances de ser apenas coincidência? – Perguntou ele.
– Pouca ou nenhuma. – Respondeu por fim enquanto adentravam na floresta e Julius desfazia a transformação.

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