Segunda Chance

Resoluções

Já estava anoitecendo quando Asta voltou para a igreja depois de seu treino, ele estava moído e triturado, se não conhecesse Fanzell ele pensaria que o ruivo desejava tirar sangue, mas por conhecê-lo ele tinha certeza que era essa a intenção.

Tudo o que Asta queria era uma comida quente e uma boa noite de sono antes da próxima sessão de tortura, digo, treinamento, porém ainda tinha um lugar que ele precisava ir, e assim ele fez. Se tudo corresse bem ele teria um possível exército poderoso para ajudar na luta contra os demônios, mas se tudo desse errado então ele teria um perigoso inimigo em potencial para que ele entregou o futuro em uma bandeja de prata como forma de boa vontade.

Enquanto Asta estava ruminando o risco que assumiu ele estava cego para o que acontecia em sua volta até que o ronco de Nash o tirou de seus pensamentos, usando o ki ele notou que todos já estavam dormindo, de maneira silenciosa ele saiu mais uma vez da igreja e usando magia espacial chegou na entrada do Alvorecer Dourado. Usando a união demoníaca Indra voltou a vida, com a magia de Gimodero o mascarado se fundiu com as sombras e começou a procurar pelo capitão, ele já estava em seu quarto e claramente esperava pelo visitante.

– Que surpresa agradável. – Comentou o mascarado de cartola saindo das sombras após se certificar que estavam sozinhos. – Achei que precisaria te acordar de novo.

– Antes era só uma sensação mas agora é uma certeza. – Falou William encarando o recém chegado. – Você odeia ficar acordado até tarde da noite, não é?

– Se fizer alguma piada com fase crescimento ou horário para criança dormir eu vou quebrar minha bengala na sua cabeça. – Falou o "demônio" apontando para o capitão que estava tentando esconder que foi pego com a piada pronta. – Vim pegar a resposta dele, se importa de trocar?

– É claro. – Falou Vangeance com um sorriso já começando a trocar de lugar com o elfo. – Eu falei com o Rhya. – Foi a primeira coisa que Patri falou quando tomou o controle do corpo. – Ele confirmou a existência da vila. – Comentou ele.

– Agora que sabe que não estou mentindo, qual sua decisão sobre nosso acordo? – Perguntou Asta ainda usando a magia de vento para alterar a voz, ele podia não aparentar mas estava preocupado com a resposta.

– Eu odeio a ideia de me aliar a um demônio. – Falou o elfo aumentando a preocupação do grisalho. – Mas... essa é a única chance que eu vou ter de para alcançar o resultado perfeito no meu plano. – Continuou ele para o alívio do meio-elfo. – Se para isso eu preciso ceder um exercito para uma guerra contra demônios então eu digo que temos um acordo.

– Tem três joias que você não vai conseguir pegar, eu trago elas para você. – Falou o mascarado apertando a mão do elfo. – Devo me retirar agora, alguém está vindo. – Falou já se fundindo com as sombras e indo embora.

– William-Sama? Está acordado? – Perguntou Alecdora Sandler batendo na porta e fazendo Patri devolver o controle para William rapidamente.

– Pode entrar. – Falou Vangeance colocando a máscara que foi presente de Julius.

– Acabamos de receber um aviso de que o Rei Mago requisita a sua presença no gabinete dele pela manhã cedo. – Falou Alecdora se curvando.

– Obrigado pelo aviso, já pode se retirar. – Falou o capitão com um sorriso gentil.

Longe dali estava um grisalho morrendo de sono se esgueirando de volta para dentro da igreja onde vive e tentando voltar a dormir, não foi muito difícil graças ao esgotamento que sentia após o longo dia que teve.

Com esse problema fora da equação os dias se passaram de forma tranquila, o treino de Asta com Fanzell acabou tranquilamente, mais uma vez o grisalho ajudou o ruivo a se livrar dos assassinos de Diamond e uniu Mariella a seu antigo instrutor.

Já era véspera do dia em que Asta e Yuno iriam partir para o exame dos cavaleiros mágicos, Yuno parecia o mesmo das memórias de sua primeira vida porém Asta parecia outra pessoa, fisicamente ele continuava parecendo "delicado" mas sua aparência esguia escondia a força monstruosa que tinha em sua primeira vida.

Era meio da tarde quando Asta decidiu visitar um velho conhecido, com alguns minutos de caminhada ele chegou em uma modesta casa no meio da floresta, essa cena trouxe boas recordações do tempo que passou com Yuno nesse lugar, apenas os dois, sem discriminações pela quantia de mana ou a falta dela, sem os gritos dos irmãos mais novos brincando, sem a preocupação de uma guerra iminente ou das mortes que causaria. A fumaça saindo da chaminé e o cheiro de comida caseira o despertou de seus devaneios, usando mais uma vez a união demoníaca Asta voltou para o papel de Indra e caminhou até a porta batendo na mesma.

– Eu estava mesmo me perguntando quem bateria em uma porta no meio do nada. – Falou Zara abrindo a porta para o demônio entrar. – A que devo o prazer de sua visita depois de anos desde que me deixou aqui e nunca mais voltou? – Perguntou o ruivo apunhalando verbalmente o mascarado.

– Eu vim te trazer uma notícia que talvez goste. – Falou Indra após um pigarro. – O seu tempo escondido está chegando ao fim. – Continuou ele para a alegria do mago de fogo. – Um ano, no máximo. – Respondeu antes que o mais velho pudesse abrir a boca mas fazendo a alegria diminuir. – Com sorte pode ser um pouco menos, mas logo você vai poder se reencontrar com seu filho. – Falou ele dando um sorriso gentil para transmitir tranquilidade para o homem.

– Ele ficou mais forte como você queria? – Perguntou Zara para o demônio na sua frente.

– Ele amadureceu em vários sentidos, mas ainda falta o amadurecimento mais importante. – Falou ele tranquilamente preocupando o ruivo. – Quando você morreu, senhor Ideale, ele se isolou do mundo. – Com isso a preocupação de Zara aumentou. – Esse período de um ano é o que falta para ele amadurecer mentalmente e emocionalmente. – Durante o período do acordo entre os dois Asta sempre manteve um olho em Zora, ele viu cada coisa que o ruivo aprontou, cada nobre que humilhou, cada cavaleiro mágico arrogante que derrotou. – Logo ele vai se juntar a pessoas que podem ajudar ele a curar as sequelas.

– Por favor cuide de meu filho enquanto eu não puder voltar para ele. – Pediu Zara se curvando para o demônio.

– Você tem minha palavra de que eu vou. – Falou Asta com um sorriso gentil no rosto. – Bem, está na hore de me retirar, quando eu voltar será para te levar ao seu filho. – Falou ele passando pela porta e se afastando para dentro da floresta.

Quando Asta já estava longe ele desfez a união demoníaca, ele estava feliz por seu colega de esquadrão, o grisalho conhecia o passado de todos os membros dos Touros Negros, com exceção de Charmy, e Zora era o único que tinha uma família que se preocupava com ele, além do próprio Asta e Noelle (não que o grisalho concordasse com o jeito que Nozel demonstrava). Asta continuou se afastando com um sorriso no rosto sem saber que não muito longe dali um grupo se reunia para falar sobre ele.