Memórias

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Assim que Asta chegou na cabana suas lágrimas começaram a cair, memórias da primeira vez nesse lugar inundavam sua cabeça, memórias de dor e esperança.

*flashback*

A guerra contra os demônios já se estendia por seis longos meses, após a queda de Spade os demônios se dividiram em três grupos, Diamond conseguiu impedir que os demônios entrassem no reino, porém a batalha na fronteira com a Zona Neutra era constante, Heart tinha perdido sua rainha mas ainda tinha Undine pra proteger o reino, os elfos de Elysia e o espirito Dryad também ajudavam na proteção de Heart assim ficando em pé de igualdade com Diamond. Já Clover (que sempre foi bagunça) demorou para se mover sobre a ameaça que os demônios representavam, como resultado o Reino Esquecido e a Floresta das Bruxas  foram dizimados e o Reino Nobre foi parcialmente tomado, os demônios de Clover se dividiram em três grupos e ajudaram na tomada de Heart e Diamond.

Asta e Yuno estavam em uma missão com o Rei Mago para ajudar a achar novamente as pedras mágicas para criar uma magia de barreira para proteger o que sobrou de Clover, estava anoitecendo enquanto eles vasculhavam a floresta perto de Hage. Yuno, Asta e Liebe estavam exaustos, foi quando Julius decidiu levá-los para um lugar seguro para passar a noite, quando chegaram na cabana parcialmente destruída Liebe juntou forças de só-deus-sabe-de-onde e correu para o interior da cabana, isso deixou os três humanos preocupados se entreolhando, eles correram atrás de demônio e quando chegaram eles viram uma cena que os deixou horrorizado, Liebe estava no meio do que uma vez foi a sala CHORANDO.

– Como... Você achou essa casa? – O demônio perguntou, sua voz tinha um misto de dor e amargura, porém com uma pequena fagulha de esperança.
– Um dia eu estava saindo de uma reunião com o rei quando eu senti uma forte presença demoníaca. – Narrou o Novachrono. – Eu voei para o lugar o mais rápido que consegui, no caminho a presença começou a enfraquecer e quando eu estava quase chegando ela sumiu por completo. – completou ele.
– E depois? – Liebe exigiu quase aos gritos, o desespero era claro em sua voz.
– Quando eu cheguei aqui eu encontrei uma mulher. – Falou o pequeno mago do tempo com um pequeno sorriso no rosto, o que não agradou muito o demônio da anti-magia. – Ela estava mortalmente ferida mas se segurava firmemente no último fiozinho de vida, mas usando minha magia eu a curei. – Com essa frase Liebe começou a chorar novamente, porém dessa vez com um sorriso no rosto. – Mas assim que ela estava totalmente curada eu comecei a me sentir fraco, eu tinha abaixado minha guarda e ela estava drenando minha mana. Então no desespero eu prendi ela em uma de minhas esferas de tempo e a levei para a Capital Real onde ela ficou detida em um quarto a prova de magia. – Disse ele. – Mas quando voltei para falar com ela descobri que ela tinha amnésia, não se lembrava de nada que aconteceu até o momento que abri aquela porta para conversar com ela. Ela me pediu para lhe dar um nome e eu escolhi Rose por causa das rosas que enfeitavam essa casa antigamente – Completou ele levemente corado.
– Você se apaixonou por ela, não é? – Yuno, que esteve em silêncio o tempo todo, perguntou. O Rei Mago apenas assentiu com a cabeça.
– Me leve até ela AGORA! – Exigiu o demônio se levantando e segurando o mago do tempo pela gola, nesse momento Julius perdeu toda a animação de seu rosto.
– Quando Qliphoth foi aberta ela fugiu, nunca mais encontrei ela, e olha que eu procurei, MUITO. – Disse ele triste. – Provavelmente ela... já esteja morta. – Com essa frase Liebe caiu no chão completamente desolado.
– Você conhecia ela, Liebe? – O mago da anti-magia quebrou o silêncio. O demônio assentiu.
– Ela se chamava Lucita Silvamillion Clover, a única meio-elfa a ter uma aparência completamente humana. – Enquanto ele narrava todos ouviam de olhos arregalados. – Por causa de sua aparência ela deixou Elysia aos 14 anos, aos dezenove ela foi abusada por um bêbado. Ela o matou, mas como ele era um seguidor de Megicula ela foi amaldiçoada pela própria mãe das maldições. – Todos estavam chocados com a história daquela mulher, porém sentiam que o pior ainda estava por vir. – Sua maldição era a de sugar toda a mana de quem se aproximava. Ela foi até a Rainha das Bruxas atrás de uma forma de quebrar a maldição, imagina a surpresa dela quando descobriu que apenas matando Megicula ela quebraria a maldição. E como o universo parecia querer transformar a vida dela em um inferno, a Rainha das Bruxas deu a melhor e a pior notícia da vida dela, ela estava grávida. – O choque foi geral quando ouviram isso, nenhum dos três conseguiam falar, Liebe então continuou. – Porém se ela não abandonasse o bebê ele poderia nunca ter magia. Sofrendo muito ela abandonou seu filho recém nascido em uma igreja, um ano depois ela me encontrou na floresta completamente ferido, demônios já nascem com mana e como eu não tinha mana a maldição dela não me afetava. Ela me tratou, me adotou, me alimentou e me ensinou, foi o melhor ano da minha vida amaldiçoada, até aquele dia. – Liebe falava sorrindo, porém o sorriso morreu na última sentença. – Eu estava brincando com ela na frente da casa quando eu senti uma forte dor, era o Rei Demônio Lucifero tentando possuir meu corpo. Antes que ele conseguisse ela usou sua maldição para expulsá-lo, mas antes que ele deixasse meu corpo ele... controlou a minha mão e... me fez... atravessar o estômago dela. – Nesse momento ele já estava chorando enquanto todos tinham lágrimas nos olhos. – Antes de "morrer" ela me selou no grimório de trevo de cinco folhas pra me manter seguro até ser forte o suficiente para não ser possuído. O maior arrependimento de nossa mãe foi ter abandonado o filho dela, meu irmão, naquela igreja.
– "Nossa" mãe? – Yuno perguntou, trazendo os magos de volta a realidade.
– Como o destino é engraçado, não é mesmo? – Disse Liebe com um sorriso sem graça no rosto. – O destino quis que meu grimório e meu poder despertado a partir do meu desejo de vingança fossem parar justo nas mãos do meu irmãozinho caçula. – Completou ele apontando fracamente para Asta. – Desde a aparência até a personalidade e o caráter você é a cópia fiel dela.
– Como isso é possível? – Perguntou o Rei Mago. – Eu teria notado!
– Humanos tem a irritante tendência a ficarem cegos para a verdade quando estão apaixonados. – Dessa vez foi Bell que respondeu de braços cruzados. – Você não queria aceitar que, talvez, a mulher que você amava pudesse já ter uma família. Então quando viu Asta, que era idêntico a ela, você decidiu mentir pra si mesmo dizendo que era apenas uma coincidência, mentiu tanto que acabou acreditando na própria mentira e fechando os olhos pra verdade. – Completou ela, cada palavra era uma apunhalada em sua consciência, bem no fundo ele sabia que era verdade.
– Ela não tinha amnésia. – Disse o demônio chocando todos na sala. – A magia dela permitia selar qualquer coisa que não tivesse mana. O choque de perder de novo a família fez ela optar por quebrar sua regra auto imposta. Pra ela selar as memórias de alguém era um tabu de sua magia de selamento. – Todos estavam desolados com o esclarecimento. – É irônico pensar que do mesmo jeito que removemos o selo nas memórias daqueles dois do Olho do Sol da Meia-Noite também poderíamos ter devolvido as memórias da nossa mãe.

Ninguém mais tinha animo para falar naquela noite por causa das revelações, todos comeram e se revezam na vigilância enquanto os outros dormiam. Pela manhã deixaram aquele lugar para buscar as pedras mágicas e nunca mais voltaram, pelo menos até agora.

*Fim do flashback*

Asta estava de frente para uma bela cabana decorada de rosas, a porta estava aberta, então ele entrou, o interior da casa estava coberta de poeira e teias de aranha, havia uma variedade de livros, em sua primeira vez na casa não existiam livros apenas folhas espalhadas pelo chão. Tinha uma prateleira pesada barrando seu caminho, porem ele logo a colocou de volta em seu lugar, foi quando ele notou que um garoto de 7 anos não conseguiria fazer isso, sua força absurda ainda estava lá, porém escondida em seu corpo de aparência delicada.

– Bem, se força não foi o suficiente então vou investir em inteligência. – Disse o pequeno com um sorriso demoníaco em seu rosto. – E por sorte ainda terei também a força para complementar o quadro perfeito. – Completou ele ainda sorrindo, porém logo desfazendo ele ao lembrar de algo. – Agora só falta uma coisa pra resolver. – Disse ele olhando para seus braços.

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