•Remexo na cama, inquieta. Ainda era madrugada e eu não havia conseguido dormir. Muita coisa se passava pela minha cabeça, em especial, minha conversa com Lucy. Na verdade, o que me incomodava era o fato dela estar certa sobre tudo o que aconteceu. Em que momento me tornei uma pessoa tão irresponsável?
Bem, o fato é que apesar de minhas habilidades cognitivas, nem sempre fui uma pessoa que vivia de acordo com as regras. Meus pais sempre foram muito receptivos e liberais sobre tudo, o que me permitiu ter uma curta fase de rebeldia e, como qualquer outra pessoa, eu tive que passar por alguns momentos ruins para mudar e me tornar o que sou hoje.
Respiro de forma profunda antes de me levantar e capturar o celular sobre a mesa de cabeceira. Aciono o botão lateral e os números 4:22 piscam na tela, indicando que eu, realmente, havia passado a noite toda em claro. Deslizo o dedo sobre a tela para desbloquear o aparelho, pisco algumas vezes para me acostumar com a claridade que a tela do aparelho emanava.
Passo o dedo sobre os nomes salvos e paro no fim da tela, clicando sobre um dos últimos contatos, o único que poderia me ajudar em uma situação como essa.
Precisava tentar dar um fim a essa frustração que me incomodava desde o dia da minha festa.
Inicio a ligação e coloco o aparelho em meu ouvido, mordo os lábios de forma nervosa e deito novamente sobre o meu travesseiro. Bastaram três toques para que a voz rouca e cansada soasse do outro lado da linha.
"Lauren..."
– Você disse que eu poderia ligar quando precisasse.
Cortei sua fala, mas não de uma maneira rude. Era quase uma súplica.
– É urgente.
Notei sua respiração lenta e pesada antes de ouvir sua voz novamente.
"Chego em 30. No máximo. Esteja pronta."
– Sempre. Use sua chave.
Encerrei a chamada e segurei o aparelho contra o peito, notando o quão descompassada minha respiração estava.
Nada de bom acontece depois de uma decisão tomada por impulso.
•
Acordo algumas horas depois, sentindo meus músculos doloridos. Abro os olhos lentamente para me acostumar com a claridade do quarto.
Olho para o lado e encontro meu celular vibrando incansavelmente, eram quase 11 da manhã.
Capturo o aparelho em minhas mãos e caminho até o banheiro. Envolvo meu corpo nu em um roupão quente e confortável e saio do quarto caminhando lentamente até a sala.
Sento-me na ponta do sofá e desbloqueio a tela para retornar a ligação perdida. O interfone toca.
Caminho em passos apressados até o aparelho.
– Bom dia, Henry. - Saúdo meu porteiro. Minha voz sai mais rouca que o esperado.
"Bom dia, Srta. Jauregui. Desculpe incomodá-la, mas a Srta. Cabello está aqui embaixo."
Ouço a voz de Henry abafada do outro lado da linha.
Camila está aqui.
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Twisted
FanfictionKarla Camila é uma jovem incomum de 23 anos. Com muito esforço, conseguiu construir sua carreira como modelo, tornando-se uma das mais requisitadas. Filha do grande empresário Alejandro Cabello, a mulher tem sua vida virada de cabeça para baixo quan...