Twisted

loose ends

•

– Rosa, você poderia fazer aquele risoto de salmão? Meus pais estão vindo para o almoço. – Gritei pelo corredor, esperando que fosse alto o suficiente para que a mulher ouvisse da cozinha.

– Claro, Senhorita Jauregui! Irei comprar o necessário agora mesmo. – A mulher respondeu de volta e eu pude ouvir quando pegou suas chaves e acionou o elevador.

Assim como as minhas, as férias de Rosa também tinham acabado, não que eu pensasse em ocupar todo o tempo dela porque era perfeitamente capaz de me virar, mas eu gostava de ter sua ajuda em dias corridos com hoje.

Tive algumas consultas na parte da manhã, até as 10, e agora voltei porque meus pais ligaram informando que queriam almoçar comigo. Eu adorei a ideia porque já não os via há quase dois meses.

Estava me preparando para o almoço e, consequentemente, para as consultas da parte da tarde.

Vesti uma camisa de cetim azul escuro e mangas longas e uma calça na cor creme. Optei por calçar um scarpin, também na cor azul e prendi meus cabelos em um coque. Estava finalizando minha maquiagem quando o som do interfone soou pelo quarto. Eu atendi, já que Rosa ainda estava no mercado.

– Sim? – Respondi enquanto me sentava na cama para acabar de calçar os sapatos.

– Senhorita Jauregui, bom dia. – A voz de Henry soou do outro lado. – Aquela visita indesejada está aqui embaixo.

Eu ri pelo jeito que o porteiro falou de James. Depois de nosso término, eu disse a Henry que meu ex estava proibido de subir sem ser anunciado e sem que eu estivesse em casa.

– Pode mandar subir, Henry, eu vou liberar aqui em cima. Obrigada! – Coloquei o interfone no gancho e apertei o pequeno botão ao lado do objeto. Alisei minha roupa e caminhei para fora do quarto, em direção ao elevador.

Foram cinco minutos até que as portas se abrissem.

Diferente do habitual, James não usava terno. Estava com uma calça jeans, e uma camisa branca. Parecia outra pessoa.

– Entre. – Apontei para o sofá e ele balançou a cabeça, mas não se sentou. Ficou em pé, em minha frente, com as mãos no bolso da calça. – Não está trabalhando?

– Eu tirei alguns dias de folga, o trabalho estava muito estressante. – Seus olhos azuis me encararam e eu acenei com a cabeça. – Por que me chamou?

– Nós não conversamos seriamente desde o dia em que veio aqui. Eu quero encerrar esse ciclo, oficialmente.

James forçou um sorriso e passou a mão pelos cabelos. Nervoso.

– Espero que não tenha pensado que te chamei aqui porque poderia ter voltado atrás. – Disse e arqueei a sobrancelha enquanto cruzava os braços na frente de meu corpo.

– Não vou mentir. – Disse dando de ombros.

– James, você acha mesmo que eu me submeteria a um relacionamento assim? Você fez a coisa que eu mais abomino na vida! Eu atendo apenas mulheres justamente por isso. – Eu disse de forma calma e observei quando ele entornou os lábios e encarou o chão. – Parece até que você não me conhece.

– Talvez eu não conheça mais.

– O que quer dizer com isso? – Franzi o cenho e cerrei os olhos em sua direção.

– Eu vi Camila sair daqui há algumas semanas, bem tarde.

– James, o que você estava fazendo por aqui? – Perguntei ríspida. O apartamento dele era do outro lado da cidade. – Eu não acredito que você está me vigiando.