Capítulo 27 - Atrasos.

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capítulo reescrito.
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Sarah Andrade.

Retiro tudo o que eu disse sobre gostar dessa vida caótica.

Eu não gosto.

Isso me cansa. Me sufoca. Parece demais para suportar. A realidade é que ultimamente tudo está sendo extenuante e desgastante. Os altos e baixos constantes, as incertezas constantes, tudo isso é avassalador.

Não há prazer em viver constantemente em meio ao caos. Não há satisfação em nunca ter uma rotina estável, em sempre estar correndo e lutando para acompanhar o ritmo frenético.

- Thanks for listening. - O coordenador diz para mim.

- Thank you, until next time! - Desligo o computador.

Estou sozinha na Salware.

Pelo menos no primeiro andar.

Eu suspiro e olho relógio. Oito e quarenta e seis da noite.

Enquanto guardo minhas coisas em minha bolsa, penso nas duas meninas que estão me esperando em casa. Fico mais tranquila sabendo disso.

- Que bom que eu te encontrei. - A voz de Arthur me assusta.

- Deus! Eu nem ouvi você entrar!

Ele ri.

- Até porque se ouvisse, trancaria a sua porta. - Se senta em uma de minhas cadeiras. - Indo para a casa?

- Acertou.

- Está cansada? Você está com cara de quem não dormiu nada essa noite. Na verdade, parece que não dorme direito há uma semana.

- Obrigada, Arthur. Isso é tudo o que eu queria ouvir agora. - Fecho a bolsa. - O que você quer?

- Conversar sobre você. Sobre sua vida. Sobre Sarah Andrade fora da empresa. - Pausa brevemente. - Adotar uma criança?

- Ah, Arthur! Não comece você também!

- Ah, então quer dizer que alguém já te falou que isso é uma maluquice?

Eu bufo.

- Fala logo.

- Você não acha que está indo rápido demais nesse relacionamento?

- Não. Tenha uma boa noite. Pode sair da minha sala.

- Você é maluca, e sabe disso. - Me ignora. - Mas, é uma criança. Mais um ser humano. E que eu saiba, se eu ainda conheço a minha própria irmã, esse não era um dos sonhos que você queria realizar agora.

- Eu não tenho sonhos para realizar. Posso pelo menos realizar os das pessoas ao meu redor?

- Você simplesmente ignorou tudo o que eu disse.

- Arthur, olha, eu estou ciente das minhas responsabilidades. Eu fiz tudo isso pensando nos riscos que eu posso correr e nas consequências que podem vir à tona mais tarde. Só que eu quero isso. Não é difícil de entender.

- É um pouco sim. Você precisa ter calma nas coisas que anda fazendo. Vocês se conhecem há quatro meses. Tem ideia do quanto vocês já avançaram em menos de um ano?

- Eu não vou discutir a minha vida pessoal com você. Saia da minha sala.

- Sarah...

- Saia da minha sala. - Repito, olhando em seus olhos.

Ele se levanta com uma expressão de desapontamento e respeito. Arthur suspira e se dirige lentamente para a porta. Olhando uma última vez para mim, ele fecha a porta suavemente, deixando-me sozinha em minha sala, apreciando a privacidade que tanto desejava. Respiro fundo, sentindo um peso sair dos meus ombros. Finalmente posso ir para a minha casa.

Amante - Sariette. Onde histórias criam vida. Descubra agora