Capítulo 02 - Salware.

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capítulo reescrito.
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- Rufem os tambores! - Digo, animadamente, assim que piso dentro de casa.

Bil me encara com um semblante curioso, mas começa a bater na mesa animadamente.

- O que aconteceu? - Pergunta, curioso.

- Eu consegui o emprego! - Exclamo, feliz.

Ele se levanta do sofá e praticamente corre em minha direção, me abraçando forte e até levantando meus pés do chão.

- Parabéns, meu amor! - Beija meu rosto inúmeras vezes. - Eu sabia que você ia conseguir. E eu estou muito orgulhoso de você.

Eu me derreto com suas palavras.

- Obrigada.

Lhe beijo.

- E você começa quando? - Me segue até o quarto.

Deixo minha bolsa em cima de nossa cômoda e tiro os sapatos que maltrataram meus pés o dia inteiro. Sinto-os relaxarem ao pisar no chão gelado de casa.

- Segunda-feira.

- Isso é ótimo! Você quer sair para comemorar?

Pego uma garrafa d'água na geladeira e balanço a cabeça enquanto bebo um gole.

- Não quero que gaste seu dinheiro comigo.

- Você sabe que não tem problema com isso, não é? Podemos sair para jantar, o que acha?

- Não precisa, está tudo bem. Vamos deixar isso para outro dia.

- Tudo bem, se você preferir. Não quero te pressionar. Mas, saiba que eu gostaria muito de comemorar com você de alguma forma. Então, se mudar de ideia, é só me avisar, certo?

- Acho que sim.

Guardo a garrafa novamente.

- Ah! Deixa eu te contar! Um cara do meu setor, colega de trabalho, vai ser pai pela terceira vez. A esposa dele foi fazer uma surpresa pra ele hoje na empresa.

- Diga que eu desejei boa sorte para ele.

Me sento no sofá.

Bil fica parado enquanto me encara.

- É sério isso?

- O que você quer que eu diga? "Uau, parabéns para ele, vamos tentar fazer um?"

Quando eu tinha 28 anos, descobri que tinha endometriose. Isso foi como um soco no meu estômago. Tirando os tratamentos, o que doía mais era saber que a realização do meu sonho nunca iria acontecer. Tive que começar a ir em rodas de apoio de pessoas que passavam pela mesma situação, mas saí quando uma dessas pessoas disse que eu não deveria ficar triste, porque Deus concedia isso para as melhores pessoas, e se nunca chegou a acontecer comigo, é porque eu não era boa o suficiente.

- Não. Até porque, você não é capaz.

- Você não precisa falar nesse tom. Sabe que...

- Que te machuca. - Me interrompe. - Eu sei. Mas eu estou cansado de ver todo mundo construindo a família perfeita enquanto a gente fica olhando.

- É? Se doesse só em você, estava ótimo.

Eu me levanto, frustrada.

- Eu já disse que podemos tentar a adoção.

- E eu já te disse que quero um filho meu. Um que eu tenha feito. Não quero uma criança abandonada, rejeitada.

- Você sabe que não é assim que funciona, certo? - Pergunto meio em dúvida. - Não precisamos ter um filho biológico para ter uma família feliz!

Amante - Sariette. Onde histórias criam vida. Descubra agora