"Você também morreu e sobreviveu, não é Helena?"
Floresta da divisa de Grinvield e GlastonburyDo que somos formados exatamente? De carne e osso, de alma e corpo, de razão e coração, de abertura e isolamento, de sorrisos e lágrimas, de paixão e emoção? Ou de cicatrizes, de traumas, de sofrimento, de escuridão, e de nenhum sequer conhecimento pessoal? E se da noite para o dia em um piscar de olhos você não soubesse mais quem você é, o que eu você faz, ou qual o seu propósito. O que, e pelo o que, você seria capaz de fazer e lutar para resgatar seu eu de volta?
Se desconhecer era algo que para todos os habitantes das cidades de Grinvield e Glastonbury não passava de algo recorrente, mais do que simples, insignificativo, que em pouco tempo já conseguiriam se encontrar de novo. Mas dentre esses habitantes, estava Helena Smith, uma garota inocente, que diferente dos outros, nunca conhecera o lado ruim da vida, sempre se conheceu, mas agora da noite para o dia, não sabia mais quem era.
Helena levantou a cabeça arrumando o cabelo longo, e com a voz baixa respondeu.
-Helena.
Suspirou dando uma pausa.
-Me chamo Helena Smith.
Á sua frente quase ao seu lado estava Eric Morwood, que parecia querer demonstrar calma, mas pelo contrário estava abafado e assustado. Atrás Thomas Evan, Esther Morwood e o menino Liv com as mãos erguidas, aparentando estar se prevenindo de algo ou apenas realizando um reflexo de preocupação.
-O que faz aqui parada? E que... -Eric a olhou estranho. -Você está molhada, precisa de ajuda?
-Vocês... vocês também a veem? -Esther perguntou levantando da terra.
-Sim! -Thomas disse a ajudando.
Esther se curvou para o lado e defrontou-se com Liv de mãos erguidas.
-Ei! -Esther o tocou. -Tá tudo bem!
Liv abaixou as mãos e caminhou até o lado de Esther. O afeto maternal era algo necessário e imprescindível para Liv, principalmente depois da noite traumática que passou na floresta.
-Moça? -Eric insistiu depois de ser ignorado.
-Não... digo, estou bem!
-Helena Smith né?
-Sim.
-Quer que a levamos para casa? Meu carro está no fim da floresta.
-Tá de sacanagem né? -Esther riu com um carisma debochado.
-Ela precisa de ajuda Esther!
-Eu não...
-E o cara que você deixou para trás? Han? O cara não, Tyler Krost a porra do seu recepcionista. Não precisa de ajuda?
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Olhos de Vidro
Misterio / Suspenso"Morrer não significa partir, amar significa morrer" E se seus olhos significassem sua alma e consciência? Em uma cidade pequena, afastada e pacata, Thomas Evan, um jornalista estagiário se hospeda após um acidente de carro. A estadia seria breve...