"Jornalistas... por que tão distraídos? Se fosse um bombeiro, talvez, seu carro não estaria na beira da estrada agora!"
27/11/2013
"Respira, respira"
Thomas continuava agonizando, preso dentre os destroços do carro. Sua respiração autônoma, focava em realizar ciclos de concentração, mas eram impedidos em meio a tempestade. O homem se levantou, afastando os destroços com os braços, repetindo em sua mente que tudo ficaria bem, e que precisava concentrar-se.
Ao sair finalmente sentiu outra sensação em sua pele além do sangue escorrido, a chuva. Olhou para os dois lados da rodovia em busca de vida, mas, estava sozinho, apenas com a companhia das grandes árvores ao redor da estrada. Avistou um caminho de trilha em um dos lados, e caminhou até lá. Olhou para trás uma última vez, abandonando o carro destruído encostado nas árvores e seguiu.
O caminho era estreito, e com a escuridão da noite e o barulho da chuva, ele se tornava mais amedrontador. Thomas seguiu caminhando, até finalmente, encontrar uma luz. Um pequeno poste de madeira trouxe confiança para ele, se aproximou, e descansou, logo, sem perceber, já se encontrava adormecido.
Passados alguns minutos, um carro buzinou à sua frente, e o fez acordar.
—Precisa de ajuda? —Uma das janelas se abriram, revelando um homem de cabelo preto, vestido de terno.
—Se não for incômodo de minha parte! —Disse Thomas com uma voz baixa e cansada. —Sofri um acidente! Não sei ao certo onde estou.
—Entre! Vou te levar até a cidade. —O homem abriu a porta do passageiro, e se apresentou. —Prazer, sou Eric, e você?
—Thomas, Thomas Evan. —Ele entrou no carro e colocou o cinto.
—Você está muito machucado, foi feio em?
—Sim! Me distraí por um momento, mas já estou melhor!
—Bom, já sabe onde ficou o carro?
—Na beira da estrada. Perdi meu telefone, não pude ligar para ninguém!
—E sobre sua saúde? Está se sentindo mal? Alguma dor específica? Se quiser, passo no hospital antes.
—Foi mais grave pro carro do que pra mim! Estou bem, só meu braço que ficou preso e acabou cortando, não se preocupe!
—Já sabe onde vai passar a noite?
—Não!
—Se quiser dormir com minha família! Moramos em um hotel, então quartos não vão fazer falta!
—Seria de muita ajuda! Eu prometo sair logo na parte da manhã!
—Não se preocupe.
Chegaram a uma rua, dessa vez asfaltada e mais iluminada. Mais a frente já se podia notar casas e estabelecimentos, todos fechados. Não se escutava um sequer barulho além da chuva caindo sobre os telhados.
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Olhos de Vidro
Mister / Thriller"Morrer não significa partir, amar significa morrer" E se seus olhos significassem sua alma e consciência? Em uma cidade pequena, afastada e pacata, Thomas Evan, um jornalista estagiário se hospeda após um acidente de carro. A estadia seria breve...