"Eu não quero morrer Esther, por favor"
O fogo ardente de um incêndio pode simbolizar não só morte e a destruição, mas também renovação e purificação daquilo que um dia se transfigurou em uma calamidade. Nós humanos também sofremos incêndios, mas não no sentido literal, e sim uma purgação de atos e memórias distantes que já fizeram parte de nossa mente, mas que precisamos abandonar as queimando, superando cada dor, e as usando de motivação para uma reconstrução daquilo que foi destruído pelo nosso próprio incêndio.
Em Grinvield, não era diferente. Cada incêndio que ocorrera naquelas últimas semanas, motivavam a cidade a continuar ali acreditando no potencial e na riqueza que os arredores possuíam, como se algo os prendessem naquela cidade.
O caos se construía pouco a pouco nos corredores e nas imensas salas da mansão Morwood. Hydra Witchlock e Gorven Pugy, membros de um ritual assassino sem precedentes estavam prestes a tornar aquele hotel em um incêndio, mas não um incêndio com fogo e destruição, e sim um campo de guerra dilacerando tudo aquilo que a linhagem Morwood construiu, tudo devido ao assassinato de um policial e a permanência de seu cadáver no hotel. Esse incêndio diferente dos outros, não causaria renovação ou reconstituição para Esther e Eric, e sim a decadência de suas vidas.
No andar à cima, Helena terminava de ler o livro "Olhos", ainda apavorada e com as mãos trêmulas. Às vezes passava por sua mente como teria se apaixonado por uma pessoa membra daquele ritual, e que incomumente ainda estava apaixonada. Enquanto Luna e Eric ainda estavam na missão de procura.
Liv, que parecia estar desaparecido para Eric, andava com passos lentos no grande jardim do hotel. Ele sempre foi um menino distraído da realidade que apenas vivia sem se importar com as coisas que aconteciam ao seu redor. As flores e o verde das plantas o traziam conforto. Ele sentou na grama, confirmou se tinha alguém por perto, levantou os braços, e com movimentos lentos e circulares começou a levitar as flores. Uma peça de teatro, um ato de mágica de um circo, e um filme de magia se idealizava no jardim forte em cores. As plantas e as flores começaram a circular no ar ao redor de Liv. Quanto mais força e poder ele usava mais flores saiam do chão. Sem perceber o garoto começou a levitar junto as flores, ainda sentado, mas agora no ar, sendo circulado por cores vívidas. Passos começaram a se aproximar da grande magia, e logo em seguida gritos fortes.
—LIV!
Era Eric correndo em sua direção, com passos trêmulos e atropelados. Ao escutar, o garoto desceu até a superfície e parou de levitar as flores.
—Não pode ficar andando por aí sem nos avisar, e muito menos usar seus poderes! Alguém pode o ver garoto. Sempre se recorde de que é uma criança desaparecida... ou melhor, um corpo desaparecido. —Eric disse o puxando para dentro do hotel.
Os dois subiram até o cômodo em que Helena estava.
—Onde a Luna foi? —Eric disse ofegante.
—Ela foi atrás do garoto do ritual.
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Olhos de Vidro
Misterio / Suspenso"Morrer não significa partir, amar significa morrer" E se seus olhos significassem sua alma e consciência? Em uma cidade pequena, afastada e pacata, Thomas Evan, um jornalista estagiário se hospeda após um acidente de carro. A estadia seria breve...