Capítulo 25 - Percepções e consolo

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No dia seguinte, Marinette acordou cedo. Estava cansada pela noite mal dormida, porém achou difícil continuar a dormir com a mente povoada por pensamentos sobre tudo o que acontecera no dia anterior. Tantas coisas para pensar e decisões para tomar consumiam sua energia e ao mesmo tempo a mantinham em um estado de ansiedade inevitável.
Arrumou-se para ir à escola e desceu para tomar café. Tikki já estava bem acomodada dentro de sua bolsinha.

- Bom dia mãe.

Sabine deu-lhe um beijo na bochecha

- Bom dia filha! Dormiu bem?

- Mais ou menos...

- Está ansiosa com o baile?

Com tudo que acontecera Marinette nem estava pensando no baile. Lembrou-se que ainda tinha um último ensaio com Adrien naquela tarde. Seu coração já começava a acelerar só em pensar nisso.

- Deve ser isso mesmo mãe... – mentiu desviando o olhar dos sagazes olhos maternos

Sabine percebeu que não se tratava apenas de ansiedade para o baile. Marinette estava com um semblante preocupado, incomum para uma garota da sua idade. Ela havia acordado cedo, e isso no caso de sua filha era preocupante, pois significava que ela não dormira bem.
Sentou-se ao lado dela na mesa, servindo-lhe uma xícara de chocolate quente.

- Você me parece preocupada com mais alguma coisa além do baile.

Marinette olhou para sua mãe e pensou em como ela sabia que algo a estava incomodando... Ela parecia saber de tudo. Aos olhos da garota, sua mãe tinha respostas para todos os problemas do universo. Era uma pena não poder contar-lhe tudo que se passava em seu coração e seus dilemas como heroína de Paris, mas talvez pudesse pedir algum conselho.

- Mãe, como podemos saber se estamos tomando a decisão certa sobre algo importante?

Sabine refletiu na pergunta da filha.

- Bom, a nossa vida é feita de escolhas minha querida e cada uma delas traz uma consequência. Creio que sempre devemos pensar no resultado de nossas decisões antes de tomá-las, mesmo assim, não há garantias de acerto.

Marinette assentiu, mas Sabine percebeu que ela ainda estava apreensiva

- O mais importante é tentar corrigir nossos erros e aprender com eles filha, com a humildade de entender que somos apenas humanos e estamos longe da perfeição.

A garota sorriu. Era verdade. Ela era uma heroína com poderes mágicos, mas ainda era humana.

- Tem razão mãe! Você sabe de tudo, obrigada!

Sabine achou graça

- Eu não sei tudo, mas minha experiência de vida ajuda um pouco. Eu já tomei muitas decisões erradas que me fizeram arrepender... Mas também aprendi muito com meus próprios erros.

Mariente levantou-se mais animada. Abraçou a mãe e deu-lhe um beijo

- Você é a melhor, mãe. Até mais tarde!

- Não se esqueça de buscar o vestido na costureira heim!

Marinette bateu com a mão na testa

- Nossa, tinha me esquecido. Obrigada por me lembrar, tchau mãe!

- Tchau querida!

Marinette passou pela padaria e pegou seu lanche com seu pai, além de cookies para Tikki.

- Obrigada papai. Tenha um bom dia!

- Você também meu amor!

Marinette saiu para as ruas de Paris e sentiu o vento frio fustigar-lhe o rosto. Ajeitou mais ainda o casaco de lã rosa em seu corpo. Foi caminhando até a escola o que lhe deu mais tempo para pensar. Há um ano ela havia aceitado a missão de proteger Paris. Ela amava ser Lady Bug, mesmo com todas as exigências daquela vida dupla. Esforçava-se para cumprir todos os seus compromissos e tinha plena consciência de suas responsabilidades, mas como pôde perceber pelos fatos recentes, ainda tinha muito que aprender.
Reconhecia a veracidade das palavras de Mestre Fu sobre si mesma. Ela não se sentia segura como Marinette. Sempre se sentira tímida, fraca e desajeitada. Era certo que algumas coisas estavam mudando aos poucos, porém o processo era lento e dentro de si ainda carregava muitas dúvidas e inseguranças. Ela gostava de ajudar os outros. Faria o que estivesse a seu alcance para proteger e auxiliar quem quer que fosse, mas quando se tratava de si mesma, era um desastre! Prova disso era seu relacionamento com Adrien Agreste. Um ano amando o modelo em silêncio, tentando se aproximar, usando das formas mais patéticas e absurdas para ganhar um olhar, um sorriso... Até que em algum momento recebeu atenção e viveu seu sonho colorido por alguns dias... Mas o sonho acabou, levando consigo suas esperanças.
Mais um fracasso como Marinette! E enquanto seu conflito pessoal se desenrolava, seus poderes enfraqueciam, até chegar ao ponto de colocar seu parceiro em risco. Falhara como heroína também...
Sentia-se culpada por permitir que sua vida pessoal interferisse em sua atuação como combatente do mal, porém aquilo a tinha ensinado algo importante: Ela era Marinette, com suas falhas e dificuldades, mas também sabia possuir a coragem, ousadia e força, características de Lady Bug que havia em algum lugar dentro de si e que apenas se manifestava com mais intensidade quando estava de uniforme.
Sua máscara vinha acompanhada de uma boa dose de autoconfiança, concluiu. Só precisava trazer um pouco disso para sua vida civil.

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