Festa estranha com gente infinitamente feliz

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Raiva, era isso o que Rose Weasley sentia ao olhar seu chefe em seu serviço. Raiva por ele nem sequer lhe dar a menor chance de lhe mostrar do que era capaz. Tinha passado semanas pesquisando sobre as represálias que os nascidos trouxas recebiam na época da Segunda Grande Guerra, e havia até conseguido convencer sua mãe a lhe dar um depoimento – coisa que Hermione nunca fazia, pois, se recusava a falar sobre o que havia sofrido naquele tempo. Mas, agora, parada em frente ao senhor Pfeiffer, só sentia vontade de chorar de ódio.

— ...Faz assim, eu vou deixar aqui na sua mesa... Quando tiver um tempo, ou nada para fazer, o senhor pode dar uma olhada. Quem sabe dê para encaixar em alguma seção...

— Senhorita Weasley – seu chefe estralou os dedos, olhava para diversos pergaminhos em sua mesa, não fez menção nenhuma de ao menos lhe encarar. – Não tenho tempo e muito menos nada para fazer. Olhe só para essa mesa – disse apontando para os pergaminhos. Eu pareço desocupado para você?   A única coisa que me interesso em ler vindo de você é a parte que lhe cabe escrever. Já fez isso?

Desta vez ele a encarou, Rose engoliu em seco pensando no que lhe responder.

— A matéria sobre as tendências no mundo das flores para casamentos dessa temporada já está pronta.

— Ótimo! É realmente só isso que quero ver você escrevendo.

Virou novamente sua atenção aos milhares de pergaminhos em sua mesa. Rose ia sair da sala, como sempre fazia, triste e cabisbaixa, mas estava cansada daquilo tudo: a fala simplesmente escapou de sua boca:

— O senhor devia conhecer mais seus funcionários e lhe dar oportunidades de crescer no jornal.

Senhor Pfeiffer ergueu seus olhos para ela, e disse a verdade que Rose odiava saber:

—  Ora, minha cara senhorita Weasley, nós sabemos muito bem que você só está aqui hoje no Profeta por causa da sua querida tia e madrinha Ginevra Potter. Se não está satisfeita, procure outro emprego.

Rose suspirou e fechou os olhos indignada, engolindo as palavras que se formavam em sua língua.

— Aliás, percebo que a senhorita tem se tornado especialista em escrever sobre o que não entende: fala sobre casamentos e moda casamenteira, mas nunca nem a vi com um namorado. Você simplesmente não se importa em ser verdadeira nos seus textos. Como espera que a leve a sério se nem você leva a sério o que escreve?

Rose queria gritar, dizer que realmente não se importava com nada daquilo e que queria escrever algo que realmente importasse – não só para ela, mas para outras pessoas também. Que queria escrever sobre o que estudava e falar sobres as minorias e os preconceitos que ainda existiam no mundo. Mas, ao invés disso, ela engoliu novamente as palavras.

— Começarei a te levar a sério, no dia que levar a sério o que escreve.

— Está dizendo para eu me casar? – perguntou indignada.

— Entenda como quiser. – ele deu de ombros e voltou sua atenção ao que estava fazendo antes.

Rose engoliu em seco, deu meia volta e voltou a sua mesa.

— E aí? – Era Katherine, sua melhor amiga da redação e companheira na seção de casamentos do jornal.

— Não consegui nada, como sempre. – lamentou-se a amiga. – Se ao menos ele me desse uma chance, Kat.

— O que você poderia fazer, para, sei lá, ele te levar mais a sério?

— Não sei, às vezes penso que sou um zero a esquerda e que escolhi a profissão errada. Eu só queria... – ela balançou a cabeça cansada. – Escrever o que penso, lutar pelo o que eu realmente quero de alguma maneira... Não queria ser um robô com escritas programadas que não contribui em nada! Me sinto um fracasso. Sei que só estou aqui por influência da minha madrinha e seu sobrenome Potter.

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