“Scorpius,
Ninguém sabe que estou te enviando essa carta, mas estou desesperado! Rose não fala comigo, não responde minhas mensagens, nem atende minhas ligações... Não sei nem se leu as cartas que enviei! Entenda, estou destroçado. Ela é a pessoa mais importante do mundo para mim, me vi uma pessoa melhor quando ela nasceu e a ver crescer e se tornar independente sem precisar mais de mim para lhe contar histórias antes de dormir, nem do meu abraço quando está com medo ou de um pote de sorvete de menta com chocolate quando está triste, me deixa mais enciumado que o normal. Eu sei que você não é uma pessoa má. Me desculpe, mas quando olho para você, vejo o Draco e parte do que passei em minha adolescência vem à tona. Ele não era a melhor pessoa naquela idade e cometeu erros, olhar para você me faz lembrar da guerra e da mulher que amo sendo torturada na mansão de seus avós só por ser nascida-trouxa. Ainda guardo mágoas, mas sei que não devia descontá-las em você.
Você é um bom garoto, sei disso. Sei disso porque Rose te escolheu e graças aos céus nós a educamos para escolher o melhor homem que pudesse quando crescesse e se ela resolveu te apresentar para família é porque realmente te ama e enxergou o melhor em você. Cuide dela para mim e, se possível, a faça feliz. Sei que já decorou os jeitos dela, sei que já devia amá-la desde Hogwarts, é impossível não a amar.
Com certeza você deve ter se encantado por ela e seu jeito explosivo sempre querendo mostrar a todos que está certa (porque, acredite, ela realmente sempre está!). Já notou que ela ama demais as pessoas e o seu mundo e por isso quer ter voz e vez nos lugares? Já descobriu qual é o melhor jeito de fazer café para ela de manhã? E o quanto ela gosta de ler, mas ama assistir programas trouxas na TV em uma língua estranha? E, como ela ama o pior tipo de sabor de sorvete: menta com chocolate? O quanto ela se esforça diariamente em seu trabalho e às vezes volta triste de lá? Já percebeu que ela gosta de privacidade e se tranca dentro de si mesma para não preocupar os outros? Talvez você conheça outras faces dela que eu nunca vou ver, guarde elas com você, porque é privilegiado.
Sei que talvez seja pedir demais considerando tudo o que fiz com você no jantar, mas, será que não poderia me ajudar para que ela me perdoe mais rápido? Acho que não tenho o direito de te pedir isso, mas mesmo assim o faço, o não já está garantido, não é? Quem sabe você consegue amolecer o coração dela e a convence a voltar a falar com este pobre velho…
Me perdoe e boa sorte no próximo jogo. Confio em você para ganharmos mais uma vez.
Ronald Weasley"
Scorpius recebeu a carta na segunda bem cedo, logo após voltar de sua corrida. Estava preparando café e ovos mexidos para Rose; já havia assimilado a rotina dela - ela realmente não gostava de acordar cedo. Sempre se levantava faltando literalmente meia hora para aparatar no jornal, mal havia tempo para se arrumar e tomar seu "elixir de sobrevivência". A carta de Ron o havia feito refletir. Ele não estava nada feliz com o fato de Rose estar brigada com o pai e sentia que ele estava sendo sincero na carta, ainda assim, sabia que Rose podia ser muito difícil quando queria mesmo sendo dona de um coração enorme. Scorpius estava tão imerso em pensamentos que nem percebeu quando ela entrou na cozinha, pronta para pegar seu copo de café e partir. O bocejo dela lhe despertou a atenção.
— Bom dia! — ela disse logo em seguida bocejando.
Ele reparou que quando ela abria a boca, sua covinha esquerda aparecia. Ela combinava perfeitamente com as sardas salpicadas em seu rosto e, por um momento, um mísero momento, se imaginou tocando cada uma delas, ligando-as e formando constelações inteiras.
— Você está bem? — Rose voltou a perguntar, percebendo o olhar vago e a falta de resposta dele.
Scorpius piscou algumas vezes voltando à Terra, impressionante o que um simples bocejo o fizera pensar. Assim que reparou nela tomando seu café, se lembrou da carta.
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ФанфикUma carreira brilhante porém com uma reputação questionável. Uma reputação invejável, com uma carreira frustrante. Mesmo depois de dez anos, ainda é possível aprender algo com um reencontro escolar? Talvez seja viável mudar toda a sua forma de enxer...