Capítulo 20 - Es mi vida y yo soy así

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-Anda, Mía, acorda. Já é a quinta vez que esse despertador tá tocando, nós vamos acabar nos atrasando.

Celina sacudiu os ombros da sua amiga que permanecia de olhos fechados e com o rosto enterrado dentre os travesseiros.

-Vão vocês, eu não vou.

-Como não vai, Mía? Se você ficar faltando as aulas, a Alice vai ligar pro seu pai. É isso que você quer?

Silêncio.

-Eu desisto. -Resmungou Celina, indo pegar a gravata do uniforme no armário. -Sua vez, Vick.

-Levanta daí, Mía. -A loira bufou. -Chega, acabou a soneca.

-Ai, Vick! O que você tá fazendo? -Mía reclamou. -Devolve a minha coberta!

-Não devolvo. -Vick começou a jogar para o lado da cama a coberta e os travesseiros de Mía, forçando a amiga a ficar de pé.

-Que saco! Será que vocês não conseguem ver que eu não estou em condições de ir à aula? A última coisa que eu preciso é passar a manhã inteira numa sala com a nossa turma. Tá todo mundo fazendo fofoca sobre mim... -O tom de Mía alternava entre a raiva e a vontade de chorar.

-Mas, amiga, você não pode ficar trancada dentro do quarto pra sempre. Já não basta ter passado a excursão toda assim?

-Eu não tinha como encarar ninguém depois do que aconteceu. Desculpa ter estragado a diversão de vocês. -Falou Mía às amigas, sentando-se na cama.

No fim das contas, Vale do Bravo foi um fiasco. O estardalhaço gerado pela carta anônima acabou perdurando os dois dias de excursão e detonando os planos de diversão de boa parte do quarto ano. Pilar não perdia uma oportunidade sequer de reclamar aos ventos sobre como ela era perseguida pelos colegas; Diego perdia a paciência e partia para a briga toda vez que alguém abria a boca para falar sobre seu relacionamento com Mía; Giovanni e Tomás ficavam atrás de Diego toda hora, tendo que acalmá-lo e mediar suas discussões com os outros colegas; Lupita e Miguel se isolavam todo o tempo para confabular pelos corredores sobre o mistério por trás da carta; e, obviamente, tanto Mía quanto Roberta ficaram mais tempo enfunadas em suas habitações, digerindo amargamente toda aquela situação, do que curtindo o clube.

Isso fez com que nenhuma das duas acabasse se esbarrando novamente durante a excursão. Até quando pegaram o mesmo ônibus para ir embora, fizeram questão de não trocar sequer um olhar. Roberta, porque ainda aguardava com toda a paciência que nem sabia que tinha, que Colucci lhe procurasse disposta a ouvir seu lado da história, como ela havia dito à Vick que faria. Já Mía, ressentida e influenciada pelas amigas, permanecia sustentando uma distância segura da ruiva, que acreditava ser a culpada pelas cartas anônimas.

-Mía, deixa disso, você não tem que pedir desculpas pra gente. -Disse Vick, sentando-se na cama ao lado da amiga. -Você é a vítima dessa história toda.

Mía abaixou o olhar e Celina juntou-se às duas, sentando-se do outro lado da amiga.

-Vick tem razão, amiga. Foi uma sacanagem o que fizeram com você. Quer dizer, o que a Roberta fez com você.

A líder soltou um suspiro.

-Sei lá, meninas... eu tô achando que peguei pesado demais com a Roberta. -Confessou com a voz fraca e o olhar distante.

-Como assim "pesado"? -Indagou Celina. -Um tapa foi pouco! Essa garota merece que a gente dê a ela um troco exemplar, que a humilhe na frente de todos...

-Não fala isso, Celina. -Mía a repreendeu. -Eu descontei toda minha raiva dessas cartas anônimas nela, mas nem tenho certeza de que foi ela mesma que-

Quiéreme a RabiarOnde histórias criam vida. Descubra agora