que me deixam completamente perdido

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Hoje sou vontade
Quero saciar essa minha sede de loucura
Quero olhares proibidos
Encontros desmedidos

    
                                    Bruna Reichter

Hyunjin acordou mais do que cedo na segunda. Sentia a necessidade de estar bonito e cheiroso, mais que o habitual. Calçou os tênis, pegou sua mochila e praticamente correu até seu carro. 

 Quando chegou no estacionamento da Universidade viu algo que fez seu coração disparar. Era Felix, descendo de uma moto com sua típica jaqueta de couro. 

Um suspiro. Aquilo se encaixava tão fodidamente bem nele. 

 Felix olhou pra ele assim que tirou o capacete. Hyunjin estava com as mãos no volante, com os olhos fixos em si como se fosse uma obra de arte rara a qual nunca mais poderia ver se desviasse os olhos. Felix sorriu, e isso fez todo o fim de semana sem ele desaparecer dos seus pensamentos. 

 Lee fez um sinal com a cabeça, e Hyunjin sabia que deveria o encontrar na estufa. E assim o fez, correndo pra lá apressado. Seu garoto já estava o esperando, com um cigarro entre os dedos e olhar perdido. 

-- Eu não sabia que você fumava. -- Foi direto. 

-- Tem muitas coisas que não sabemos sobre o outro. -- A resposta de Felix também foi.  -- Eu não fumo com frequência, só quando fico perturbado com algo. -- Jogou a bituca no chão e pisou em cima para apagar. Em seguida a ajuntou e guardou no bolso, não iria deixar sujeira na estufa.

-- E tem alguma coisa te perturbando? -- Hyunjin apertou a mão na sua calça. Estava nervoso. O olhar de Felix continuava distante. 

-- Sim. 

 Ele apenas disse isso antes de se sentar no gramado, cruzando as pernas como da última vez. Ele não disse o que estava o perturbando, nem acendeu outro cigarro, apenas plugou o fone no celular e deu duas batidinhas ao seu lado. Hyunjin se sentou com ele.  A música que ele escolheu dessa vez foi Brooklyn baby, cantarolando apenas os trechos específicos. Hyunjin se sentiu confuso mais uma vez. Não havia mentido quando disse que não sabia nem o verbo to be.

-- They say I’m too young to love you. You say I’m too dumb to see. They judge me like a picture book, by the colors like they forgot to read. I think we’re like fire and water. I think we’re like the wind and sea. You’re burning up, I’m cooling down. You’re up, I’m down.You’re blind, I see. But I’m free, uh uh. I’m free. -- [Eles dizem que sou jovem demais para amar você. Você diz que sou burra demais para ver. Eles me julgam como um livro de figuras, pelas cores, como se tivessem esquecido como ler. Eu acho que somos como fogo e água. Eu acho que somos como o vento e o mar. Enquanto você queima, eu esfrio. Você está pra cima, eu estou para baixo. Você é cego, eu vejo. Mas eu sou livre, uh uh. Eu sou livre] 

 E ficou por aquilo, as palavras acabaram ali. Hyunjin passou o fim de semana inteiro no quarto, pensando em Felix, no sorriso de Felix, nos lábios de Felix, na voz de Felix. Em todas as nuances de Felix que o faziam ser seu raio de sol. 

 Hyunjin ficou dois dias inteiros esperando para o ver. E agora, sentado ao seu lado, não haviam palavras nenhuma saindo dos seus lábios. 

 Ele não tinha um número para o qual ligar, uma rede social para mandar uma mensagem ou um endereço para visitar no meio da noite. Mas mesmo com Felix do seu lado, ele não conseguiu abrir a boca para perguntar. 

 Felix suspirou. Hyunjin nunca entendia suas mensagens ocultas, e ele não era corajoso o suficiente para dizer diretamente. 

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