Asfódelus

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Capítulo 11 – Asfódelus

"Meu arrependimento a seguirá até seu Túmulo"


O dia nascera há algumas horas, Whisper se apresentara para mim e Laima resumindo sua história antes e depois de encontrar o caçador e também o que faz para ele e como devo agir em sua presença, o que levara horas o bastante para o dia raiar e ainda estarmos no mesmo local, sentados.

 — Muito bem, — digo levanto-me. — Me leve até o vilarejo que vive com Matthew. — pronunciar esse nome me enche de nojo.

 — Hoje Matthew tem uma missão, sugeriram uma mulher que pode ser uma bruxa...na verdade acho que ele já teve provas o bastante e está indo para matá-la. Tem certeza que quer trocar comigo hoje? — Whisper me pergunta em tom monótono.

 — Tenho certeza. Quero passar um dia na sua pele para entender o motivo de  fazê-lo. — na verdade estou com receio, será que realmente devo trocar com ele nessa missão?

 — Bom, tenho certeza que ele vai perceber que você não é eu. Só não sei o que vai acontecer contigo quando ele descobrir. — seus olhos brilham de expectativa, mas posso sentir uma leve ansiedade.

 Whisper nos guia pela floresta, de manhã, criaturas que não existem mais na época que estou fazem seus afazeres diários, não muito longe vejo um fauno colhendo pequenas frutas em um arbusto. Vira-se para mim, é um bode com o tronco humano e quadril e pernas de bode, nem tão humano, nem tão bode, é a melhor forma de descrever esse ser. Paro e aceno com a cabeça, voltando a andar atrás de Whisper, que me esperava poucos passos adiante.

 Os cheiros do vilarejo atingem minhas narinas, cheiro de terra molhada misturado ao de fezes humanas e animais incomodam minhas narinas. O lobo branco a minha frente para, alcanço-o, parando ao seu lado. Olho para frente, não muito longe depois da moita que nos escondíamos um vilarejo nos espera, construções de madeira se erguem, pessoas andando para lá e para cá, mulheres com vestidos cinzas ou vermelhos, aventais brancos e lenços prendendo os cabelos, vez ou outra uma mulher andava de mãos dadas com uma criança. Os homens vestiam uma roupa que parecia um macacão de mangas compridas com um pelote por cima, amarrado na cintura que dá a impressão de usaram saia por cima do macacão. Animais andam soltos, porcos e galinhas passeiam livres pelas ruas.

 Um assobio faz minhas orelhas se mexerem, Whisper corre na frente, rapidamente o alcanço e pulo em sua frente.

 — Esse é o chamado de Matthew? — pergunto ao lobo agitado.

 — Sim, está me chamando, deixe-me ir! — rosna para mim.

 — Esqueceu que vamos trocar de lugar? — bato em seu focinho com minha bata direita.

 — Ah! É verdade. — ele se senta ansioso. — Força do hábito. — solta uma tentativa de risada de sua boca.

 Novamente ouvimos o assobio, sem dizer nada, corro deixando Whisper para trás. Entro no vilarejo, passando pelas pessoas que me olham com certa alegria. Moscas, moscas por todos os lados, alegres com os cheiros nojentos desse lugar. Nunca vi direito esse homem que procuro, vi em alguns desenhos  e artigos sobre ele no futuro, mas não é preciso mais do que isso, ao bater o olho nele à distância, o reconheço.

 Matthew Hopkins me espera, quer dizer, espera Whisper  impaciente de frente para uma construção alta de três andares. Diminuo a velocidade indo ao seu encontro.

Logo que chego ao seu lado, sua mão direita se levanta e abaixa bruscamente. Sinto uma pancada na cabeça, minha visão escurece e retorna segundos depois.

A Bruxa das FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora