Capítulo 12 - Lírio Branco
"Pureza"
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Whisper me segue alguns passos atrás, olho para ele. Não é diferente de um animal, fareja as árvores, marca território e parece indeciso se continua a me seguir ou não. Vez ou outra persegue algum animal pequeno como esquilos ou pardais. Cheguei a conclusão que Whisper e Louis possam ser personalidades diferentes que acabaram nascendo dentro dele, baseando nas conversas que tivemos e vendo-o agora, além de que seus olhos parecem mudar quando seu lado humano surge. Novamente corre atrás de algo, parece um pequeno camundongo, rolo os olhos e continuo a caminhar.
Sei muito bem o que preciso fazer e a lua cheia está quase, na próxima noite, Whisper ou Louis terão um papel muito importante em meu plano ou talvez não, ainda estou para decidir. Por agora preciso reencontrar aquele fauno, ele com certeza sabe me dizer onde vou achar o aquilo que preciso.
O sol quente passa por entre as folhas das árvores, deixando uma bela visão. Pequenos seres, espíritos ou fadas disfarçados de insetos como borboletas, mariposas, grilos ou gafanhotos andam por toda parte, duendes passam atrás da grama alta, dríades escondem-se em suas árvores, alguns seres me veem e, curiosos, param por um instante, mas logo voltam a sua própria rotina.
Sinto meu estômago roncar e aquela dorzinha de fome, o que faz sentido, não como desde que cheguei aqui. Viro-me e encaro Whisper, que me olha curioso.
— Está com fome? — pergunto. — Sabe caçar algo além de mulheres inocentes?
Pende levemente a cabeça para a direita como se tentasse me entender, então observo o brilho de seus olhos mudarem.
— Podemos tentar caçar, mas preciso de sua ajuda para encurralar o animal. — diz.
— Não sei se conseguirei ser útil, mas posso tentar.
Whisper se põe a farejar o chão conforme anda, o sigo de perto, poderia ter pedido para Laima localizar algum animal, pensando bem. O lobo branco a minha frente para de forma brusca, fazendo-me trombar em sua traseira.
— Veja. — balança o focinho para frente, olho por cima dele vendo duas lebres selvagens. — Vá pela direita que vou pela esquerda, vamos cercá-los e pegá-los.
Sem esperar minha resposta ele corre para a esquerda com passos silenciosos e precisos. Tento imitá-lo, indo rápido mas devagar. As lebres mastigam paradas no lugar, com olhos semicerrados em preguiça. Whisper se aproxima devagar, faço o mesmo, abaixada. Sem perceber, piso em um graveto, as lebres levantam com as orelhas eretas, uma delas bate a bata direita no chão repetidamente, causando vibrações no solo e ambas saem correndo.
Nós dois nos pusemos a correr atrás dos animais, cada um atrás de um. Lebres são mais rápidas que imaginava, corro o mais rápido que posso, sinto meus pelos eriçados balançarem conforme me movo, o impacto de minhas patas no chão quebrando folhas secas e gravetos, as orelhas para trás, cada vez que minha mandíbula alcança a lebre, o animal pula e se afasta mais. Encurralo-o em uma árvore, mas esses bichos são espertos, pula e usa minha cabeça como apoio, fechando minha mandíbula com força. Chacoalho a cabeça e volto ao nosso pique-pega até que a lebre dentro do buraco embaixo de uma árvore. Tento cavar com minhas patas, mas de nada adianta.
Desisto e saio de orelhas e cauda baixa, resmungando. Procuro Whisper, ele se encontra deitado, em suas patas uma das lebres que não teve tanta sorte. Suspiro, "claro que ele conseguiria, vive mais como lobo que como humano, seus instintos são melhores", reclamo baixo.
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A Bruxa das Flores
RomanceAlma realiza desejos que consistem em mudar arrependimentos des pessoas em troca de flores. Cada caso leva a clarear o que a trouxe até ali. Uma história sobre flores e seus significados e desejos realizados ou não.