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Esfrego meu rosto na maciez do travesseiro, sentindo o cheiro de amaciante que me faz suspirar. Estendo minhas pernas e pressiono minhas coxas na almofada, como comumente faço quando vou dormir.

Então, preguiçosamente abro meus olhos quando alguns dos primeiros raios de sol irrompem pelo quarto e me acostumo à súbita claridade.

A primeira coisa que vejo, ao focar minha visão, são os cabelos loiros bagunçados que encobrem parcialmente o rosto sereno de Alan. Apenas um segundo depois eu percebo que só tenho essa grande percepção dos detalhes, que eu definitivamente não deveria prestar tanta atenção, pois eu estou quase em cima dele.

E o que antes eu achava que era uma das almofadas, na verdade é a coxa de Alan aninhada entre minhas pernas junto com o travesseiro e o lençol esquecidos aos nossos pés.

Eu afasto minhas pernas de imediato, notando a eletricidade advinda da adrenalina percorrer todo o meu corpo. Minha tentativa de impor o mínimo de distância entre mim e o homem que ressona ao meu lado faz o cobertor se enroscar em minhas pernas e prendê-las como uma rede.

No instante seguinte eu sinto o contraste entre o colchão macio e o tapete áspero ao lado da cama, uma vez que foi lá que minhas costas foram parar antes de eu bater meu ombro na mesa de cabeceira.

O barulho foi alto o bastante para acordar Alan, visto que escuto sua voz preocupada me chamando quase instantaneamente.

- Aqui! – Minha voz sai mais dolorida do que eu gostaria e, para indicar onde estou, balanço minhas pernas no ar enquanto massageio meu ombro com dificuldade e tento me erguer, apoiando o peso do corpo nos cotovelos.

- O que aconteceu?

O rosto ao mesmo tempo sonolento e alarmado de Alan surge em meu campo de visão. Uma de suas mãos esfrega os olhos e eu rio quando percebo o quão bagunçados estão seus cabelos.

- Eu... caí da cama.

Alan me fita por meio segundo antes de abrir um sorriso de lado e rir.

- Isso eu percebi, Kyra.

Percorro meus olhos por nenhum ponto específico do quarto, apenas para não ter que travar meu olhar no dele mais uma vez. Também tento mudar de posição e reprimo uma careta de dor quando mexo minimamente meu ombro.

- É que eu me mexo muito enquanto durmo. - Digo, sustentando um sorriso amarelo.

- Sério? – Ele diz após um bocejo e parecer mais desperto. – Eu nem ao menos notei que você dormia ao meu lado.

Eu faço uma careta de dor ao impulsionar meu corpo para cima, visto que sobrecarreguei meu braço machucado. Alan franze o cenho ao ver minha reação que não consegui disfarçar e tomba a cabeça para o lado.

- Você se machucou? – Eu meneio a cabeça em uma negativa, mas Alan não se dá por vencido e se aproxima de mim quando eu me sento do meu lado da cama.

- Eu esbarrei na mesa quando caí. – Ajeito minha postura, sorrindo sem graça. - Me desculpa por te acordar.

- Não se preocupa com isso, eu já acordaria de qualquer modo. – Ele sorri para mim, mas sua feição muda para a preocupação assim que seus olhos abaixam na direção do meu ombro. – Você tem certeza de que seu braço não tá doendo?

Eu ensaio meu melhor sorriso, ignorando a dor que lateja no local, e murmuro uma afirmativa.

- É porque... tá ficando roxo. – Eu viro meu rosto para a fonte da dor e percebo que Alan não está exagerando. - Acho melhor eu pegar um gelo para você.

Um namorado para o feriado | AlyraOnde histórias criam vida. Descubra agora