Faço um esforço para não mexer meu pé quando o ergo com todo o cuidado, colocando uma almofada embaixo dele para servir de apoio. Esfrego minhas costas nas almofadas restantes, tentando me ajeitar da melhor forma possível no sofá.
Também, a movimentação me ajudava a dissipar o nervosismo que subitamente me acometeu.
Escuto passos e olho por cima do ombro, encontrando Alan caminhando até mim provavelmente com a bolsa de gelo nas mãos, de modo que eu sinto um alívio percorrer meu corpo.
Até que eu olho com um pouco mais de atenção e percebo que, na verdade, em suas mãos existe um saco de batatas congeladas.
Eu arqueio uma das minhas sobrancelhas e ele dá de ombros, encabulado.
- Foi o melhor que eu consegui no congelador.
Suas maçãs do rosto se colorem de rosa e eu sorrio, achando a reação fofa. Ele me entrega o alimento e ajeito-o em cima do meu machucado, agradecendo em seguida.
Não consigo censurar o suspiro satisfeito que escapa dos meus lábios ao sentir o frio melhorar a sensação de ardência quase instantaneamente. Travo meus olhos nos de Alan e percebo que ele tem seu foco em mim, o que acaba por, agora, me deixar sem graça.
– Como você está?
A forma como ele perguntou, como se realmente se importasse, não me deixou dar a resposta automática que eu planejei. Então, decidi ser sincera.
- Ainda dói um pouco.
- Você acha que quebrou ou...
- Não. – Eu balanço a cabeça. – Eu... consigo mexer.
Porém, minha tentativa de mover meu tornozelo resultou em uma careta nada bonita em meu rosto e um gemido que eu tentei reter em minha garganta. Alan se aproxima e se senta na ponta oposta do sofá.
Eu percebo sua hesitação em se aproximar de mim e meus lábios se curvam em um sorriso amistoso, principalmente quando aceno com minha cabeça concordando com que ele mexa em meu pé.
O que ele, inclusive, faz com bastante cuidado.
Alan utiliza uma das mãos como apoio para minha perna e a outra se concentra na sola do meu pé, vez ou outra virando-o para os lados para ver se tinha algo errado. No momento em que minhas sobrancelhas se uniam e um vinco se formava no meio da minha testa o movimento prontamente parava, mas eu sempre repetia para Alan que estava tudo bem.
Eu me apoio em meus cotovelos para observá-lo melhor e solto um longo suspiro quando vejo meu pé, soltando o peso dos meus ombros. Alan ergue o olhar e eu leio uma pergunta muda refletindo em suas íris, provavelmente se questionando se havia me machucado sem querer.
Eu dou de ombros e murmuro:
- Eu sou um completo desastre.
- Isso não é verdade. – Alan ri, seu semblante se despreocupando aos poucos.
Eu olho para ele, desconfiada.
- Alan, sério...- Eu reviro meus olhos. – Eu me conheço muito bem. Sei que eu sou desastrada.
- Você só é um pouquinho atrapalhada, Kyra.
Ele diz a sentença de forma tão simples que eu até esqueci, por um momento, que eu estava irritada com ele.
Mas meu perdão durou até Alan abrir os lábios mais uma vez
- O problema é que, se continuarmos nesse ritmo, nós vamos voltar para São Paulo de carona em uma ambulância. – Alan balança a cabeça de um lado para o outro. – Nem Queen demanda tanta atenção assim, e olha que é bem recorrente encontrá-la com um ralado no cotovelo ou um roxo no joelho.
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Um namorado para o feriado | Alyra
Hayran KurguQuando Kyra decide em um impulso passar o feriado com sua família ela não imaginava que, devido à uma pequena confusão, ela acharia que era uma boa ideia fingir que as crianças que ela cuida como babá são seus enteados e que ela está quase noiva de...