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À cada passo despreocupado que minha mãe dá em nossa direção eu sinto meu coração quase quebrar minhas costelas. O pânico começa a fechar minha garganta e eu balbucio algumas palavras confusas uma vez que minha garganta está fechada.

Viro meu rosto para Alan para ver se ele está tão aterrorizado quanto eu, mas me surpreendo ao notar que sua feição está serena. Quase calma demais.

Mas o que me faz unir as sobrancelhas é quando eu vejo seus lábios se espicharem em um grande sorriso e, antes que eu seja capaz de compreender o que está acontecendo, sinto sua mão envolver minha cintura e me puxar delicadamente para mais próximo do seu corpo.

Abro minha boca para perguntar o que diabos ele está fazendo, especialmente quando sua mão não abandona meu corpo, mas não sou capaz de dizer nada já que, logo em seguida, minha mãe já está diante de nós.

- Kyra! Que saudade filha! – Seus braços me envolvem em um abraço apertado. – Eu tentei ligar para você para saber da viagem, mas seu celular só caia na caixa postal.

Fico em silêncio, atônita e sem saber como me comportar.

O fato de Alan estar perto demais também me desorienta um pouco.

- O celular da Kyra está sem bateria, senhora Romantini. – Alan diz com o mesmo tom educado de sempre, esbanjando uma calma que eu gostaria de ter no momento uma vez que, se não fosse ele me amparando, eu facilmente já teria desmaiado. – Ela só percebeu isso um pouco depois que já tínhamos saído de casa.

Minha mãe ri ao me fitar.

- Então percebo que a Kyra continua a mesma desatenta de sempre...

- MÃE! – Franzo meu cenho, acordando do meu choque inicial.

- Mas é normal esquecer de carregar o celular, eu mesmo faço isso quando capoto depois de um dia de trabalho. – Franzo meu cenho ao ouvir suas palavras, visto que Alan é uma das pessoas mais metódicas que conheço, essa regra apenas falha quando nos referimos ao seu visual.

Antes que eu consiga entender o porquê de Alan ter mentido tão descaradamente, ele estende sua mão livre para minha mãe, incentivando um aperto.

- Sei que já nos vimos, mesmo que rapidamente, mas gostaria de me apresentar formalmente. – Alan sorri e eu troco minha atenção entre ele e minha mãe que o observa... maravilhada. – Sou Alan e é um prazer te conhecer pessoalmente, senhora Romantini.

Minha mãe surpreende Alan ao recepcioná-lo da mesma forma que me recepcionou, com um abraço que é capaz de espremer as costelas. Ele, no entanto, entra na onda e afaga as costas dela em um carinho.

- Não precisa de tanta formalidade assim, querido! Pode me chamar de Agnes, nós já somos praticamente uma família. – Ela o solta e vira seu rosto para mim. – Por que demorou tanto assim para apresentá-lo, minha filha? Um homem educado desses a gente não deve esconder, não.

Sinto minhas bochechas ruborizarem e eu nem me atrevo a erguer meus olhos para ver a feição de Alan. Escuto uma risada vindo dele e seu polegar circula suavemente a palma da minha mão, como se de alguma forma ele percebesse que eu estou à um passo de explodir.

- Não é para tanto, dona Agnes...

- Por favor, mãe, você está deixando o Alan sem graça. – Faço uma careta e minha mãe apenas me ignora.

- Eu não vou deixar de elogiar o meu genro, Kyra. – Engulo em seco e Alan se remexe ao ouvir a forma como minha mãe se referiu a ele. - Eu realmente não entendo o motivo de você não ter comentado sobre o noivado com a gente.

Um namorado para o feriado | AlyraOnde histórias criam vida. Descubra agora