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Inspiro profundamente e me aconchego no travesseiro, tentando não despertar e permanecer no limbo da inconsciência. Um aroma suave, bastante parecido com o frescor após sair do banho, alcança meu nariz e me faz me aproximar.

Ao mover minha cabeça, minha testa acaba encontrando uma superfície áspera que me arranha de leve, me arrancando uma risada baixa devido às cócegas. A primeira coisa que vejo assim que abro os olhos é o pescoço de Alan, que é onde eu me aninho.

Me afasto um pouco, lembrando da noite passada. De como eu acabei adormecendo apoiada em seu peito sentindo seus dedos passarem vagarosamente por meus cabelos, o movimento repetitivo acabando por me fazer esquecer do barulho da chuva. Percebo que meu movimento é limitado, uma vez que seu antebraço descansa na curva da minha cintura em um meio abraço adormecido.

Pois Alan, diferente de mim, ainda possui o rosto sereno de quem está preso no mundo dos sonhos.

Meus lábios se estendem em um sorriso preguiçoso ao passo que meu indicador passeia, suavemente, por sua testa retirando um cacho loiro rebelde. Abaixo a linha do meu olhar por um segundo e acabo encontrando seus lábios entreabertos, visto que ele ressona baixinho.

A lembrança tátil de como eles são macios volta a minha mente como uma lembrança que não sou capaz de refrear. Inconscientemente, mordo a parte inferior do meu lábio, me questionando por um breve momento como seria...

Balanço minha cabeça, afastando esses pensamentos no mesmo instante em que eles começam a surgir.

Eu estava pensando, mesmo que hipoteticamente, como seria beijar meu chefe. Em uma situação claramente equivocada visto que ele está dormindo.

Não que eu deseje beijá-lo quando ele está acordado – Eu me corrijo, mentalmente. – Não posso beijá-lo em nenhuma situação.

Eu aproveito o momento em que Alan suspira e se remexe na cama para me desvencilhar de seu abraço e ficar livre para saltar da cama. Retorço meus dedos e os escondo nos bolsos do meu pijama de moletom enquanto calço minhas pantufas.

Arrumo uma muda de roupas em meus braços e saio do quarto o mais silenciosa e rapidamente possível, agradecendo por não ter pisado em uma madeira solta do piso durante minha fuga.

Porém, eu deveria ter imaginado que minha escapada não seria bem sucedida. A vida não costumava ser tão generosa assim comigo.

Ao sair do quarto minhas costas colidem com alguém e eu praguejo baixinho, já preparando o meu discurso para justificar o motivo de eu estar saindo de fininho do meu próprio quarto.

Um alívio instantâneo se apossa do meu corpo logo que eu viro meu rosto e encontro minha irmã me observando com um semblante que é uma mistura de curiosidade, excitação e sarcasmo.

- Tem vergonha de se trocar na frente do noivo, Kyra?

- Ele não é meu noivo. Para todas as instâncias é só um início de namoro. – Minha fala faz o sorriso de minha irmã crescer e, apenas agora, me dou conta do motivo. Eu pigarreio e ajeito minha postura, tentando manter a pose. – Você sabe a verdade, Bia. Não preciso ficar fingindo pra você.

- É... eu sei mesmo. Só que você vai me contar do seu relacionamento enrolado depois.

Eu franzo meu cenho, genuinamente surpresa por ela não querer continuar me provocando como sempre costuma fazer. Porém, Bia se aproveita desse meu momento de distração para segurar meu pulso e me puxar para dentro do banheiro, fechando a porta em seguida.

Tenho certeza de que minhas íris se transformaram em dois pontos de interrogação enquanto observo minha irmã mais nova trancar a porta e se recostar contra a madeira, erguendo os olhos brilhantes para mim.

Um namorado para o feriado | AlyraOnde histórias criam vida. Descubra agora