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Um barulho, bastante parecido com uma risada, chega aos meus ouvidos e me desperta aos poucos. Eu me mexo, erguendo meu rosto na direção do som, encontrando uma movimentação na porta da cozinha.

As costas de Queen e Mosquito aparecem no meu campo de visão, seus corpos apoiados praticamente em cima da mesa de madeira. Eu ofego quando reconheço a silhueta meio escondida pelos pequenos, principalmente quando o som de sua gargalhada explode pelo cômodo.

Franzo meu cenho quando vejo Rafael bagunçando os fios de Queen que tenta se esquivar, mesmo que não ache o carinho ruim.

Um murmuro baixo é ouvido ao meu lado e eu vejo Alan esfregando os olhos, erguendo a cabeça apenas o suficiente para olhar por cima do meu ombro e encontrar o sofá vazio. Eu reprimo uma risada ao ver seu rosto levemente amassado por ter dormido apoiado no estofado, fato que acabou por desorganizar seus fios.

- Quem tá com a Queen e o Mosquito? – A sua voz é mais rouca que o normal e me afeta de um jeito inesperado. – O Tarantino?

Eu faço uma careta e olho para ele, incrédula.

- Alan, o Tarantino definitivamente está fazendo coisas mais interessantes que cuidar dos irmãos mais novos. – O homem une as sobrancelhas, em confusão, e eu perco a paciência. – É sério que você não percebeu?

- Percebi o que?

Não sei o porquê abaixei meu tom de voz como se estivesse confidenciando um segredo de Estado para Alan sendo que estávamos completamente à sós na sala.

- Biantino.

Eu quase podia ver dois pontos de interrogação impressos nos seus olhos.

- Quem?

Desfiro um tapa de leve no ombro de Alan, tentando fazê-lo acordar e se desprender dos efeitos do sono em seu cérebro, visto que isso claramente está influenciando em sua rapidez de raciocínio.

- A Bia e o Tarantino, Alan. – Eu reviro meus olhos. – O seu filho e minha irmã, o casal mais fofo que eu já vi.

- Desde quando eles estão juntos?

- Se meu plano deu certo, hoje. – Ele abre a boca para me questionar mais alguma coisa, mas eu pressiono meu indicador em seus lábios. – Mas eu não te contei. Deixa os dois se acertarem sozinhos.

Ao tentar enxergar meu dedo, os olhos de Alan se unem e seu rosto assume uma careta que me faz rir.

- Ok. – Ele diz abafado, visto que meu dedo continua pressionando seus lábios. – Vou ficar quieto.

Eu demoro um tempo para perceber que meu dedo ainda estava em contato com os lábios de Alan que, percebo, são macios. Eu me afasto e rio, nervosa, notando que também estamos perto.

Perigosamente perto.

- PAPAI!

O chamado de Mosquito é o responsável por quebrar o momento e me afastar no mesmo instante de Alan, que permaneceu estático. Sem querer, ao descer minha mão, ela acabou por pousar em sua coxa e eu a retirei como se sua pele estivesse em brasa.

Viro meu rosto, tentando esconder meu embaraço de Alan, para a cozinha e encontro Mosquito acenando para nós dois com algo pinçado por seu indicador e polegar.

- Olha que legal que o tio Rafa tá ensinando pra gente! – Ele afasta a cadeira e vem até nós. Rafael ergue seu rosto para acompanhar o garoto e, logo em seguida, Queen também se prepara para acompanhar o irmão.

Um Mosquito bastante empolgado estende as mãos assim que chega perto de nós, aparentemente não percebendo o clima estranho que se instaurou entre os adultos.

Um namorado para o feriado | AlyraOnde histórias criam vida. Descubra agora