Capítulo 21 - Just leave me alone, Malfoy

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Respirei fundo mais uma vez, decidi que iria até a Sala Precisa, sua mágica não estava 100% desde o Fogo Maldito, mas ainda possuía força o suficiente para aguentar uma grande descarga de energia.  Estava indo em direção a porta quando Harry apareceu, ele deveria ter sentido que eu não estava bem e veio conferir. Não precisei falar nada, nossa ligação era extremamente profunda, me deixando muito grata por não ter que dar explicações naquele momento. Ele deu um passo para o lado, me dando passagem e enquanto eu passava ele disse de forma calma que estaria me esperando aqui. 

Ao passar pela sala, só havia sobrado a ruiva, que ao me ver, levantou a cabeça, mas não falou nada, provavelmente Harry deva tê-la alertado de que eu não estava bem. Segui em direção a porta e caminhei de forma apressada pelos corredores, chegando facilmente ao sétimo andar. Encontrei a tapeçaria com os trasgos vestidos de bailarina e me concentrando comecei a caminhar de um lado para o outro. Ao final da terceira volta, a porta surgiu e respirei aliviada quando passei por ela e vi que o local estava do jeito que havia imaginado. 

Eu estava em uma réplica perfeita do jardim da mansão Lahey, as flores impecáveis de minha mãe percorriam a extensão do pátio, dando um ar completamente aconchegante ao ambiente. Bem ao centro, havia uma fonte onde alguns passarinhos pousavam delicadamente na extremidade, me dirigi ao local, completamente sem pressa e respirando de forma ritmada para diminuir minha tensão. Olhei para o meu reflexo na água, sabia que meus olhos estavam com o dourado característico das banshees e que precisava liberar logo todo essa raiva e tensão acumuladas.

Ao fundo dos jardins em nossa propriedade havia uma vasta floresta, onde eu não causaria dano nenhum com os meus poderes, mesmo sabendo que ainda estava na Sala Precisa, me preocupava com a força da minha magia. Chegando as primeiras arvores, me posicionei de costas para o jardim e fechei meus olhos, respirando profundamente, deixei que os proximos movimentos fossem feitos naturalmente e de forma espontânea, sabia o que aconteceria, mas não tinha pressa nenhuma. Então eu gritei, podendo sentir cada gota de magia atingindo a floresta a minha frente, todo o meu corpo canalizando aquele sentimento de raiva, que vinha da ponta dos meus pés e era liberado pelo meu grito. O mesmo grito que ao mesmo tempo formava uma barreira protetora a minha volta, dizimava a vegetação a minha frente e aos poucos tudo aquilo que eu sentia era consumido pelo meu poder.  Então pude sentir meu corpo completamente exausto cedendo e caí de joelhos na grama.

Não sei quanto tempo fiquei ali, me pareceram horas, a sensação de cansaço ainda era grande, mas precisava sair dali e voltar para o meu quarto. Tinha urgência em chegar a minha cama e dormir por horas, até que tudo voltasse ao normal. Quando saí da sala precisa, lembrei de conferir o meu relógio e antes que pudesse processar a imagem dos ponteiros, uma voz familiar disse:

- São 22h, o toque de recolher está estourando - Harry me olhava com uma mistura de pena e preocupação - eu imaginei que você fosse estar cansada, então vim ao resgate - finalizou me mostrando o mapa do maroto e a capa da invisibilidade. Antes que pudesse dizer qualquer coisa, meu melhor amigo me pegou no colo e de maneira carinhosa e me ajeitando em seus braços, seguimos rumo a torre dos monitores. Não falamos nada o caminho todo, mas não era preciso, nós dois sabíamos que tudo ia se ajeitar e eu ficaria bem, essa não era a primeira vez que eu precisava liberar minha magia. 

Quando chegamos ao meu quarto, ele me colocou gentilmente na cama, sorri em agradecimento, ele então me disse que tinha um sanduíche na mesa, cortesia dos elfos da cozinha, que ficaram mais do que felizes em ajuda-lo. Harry me perguntou se eu ficaria bem sozinha ou se gostaria de companhia até pegar no sono, pensei brevemente em aceitar sua companhia, mas sabia que ele também estava cansado, fora um dia longo para ambos. Uma das "prerrogativas" da ligação de almas era o compartilhamento de emoções, então toda aquela raiva e frustração que eu estava passando mais cedo também tinha sido sentida pelo moreno, claro que em uma menor intensidade, mas mesmo assim era um sentimento exaustivo.

A aposta: o que poderia dar errado?Onde histórias criam vida. Descubra agora