Teu caderno, Sasuke...

386 70 37
                                    

24 de fevereiro, 3ª feira. Sem Sakura nem brigadeiro.

Hoje acordei mais cedo. Pulei da cama. Vazei do chuveiro. Saí ainda com o pão com manteiga na mão. Comi só um pedaço, no caminho, sem fome que tava. Cheguei primeiro, antes mesmo dos primeiros otários de sempre, e fiquei esperando o Sasuke no portão da escola. Louco pra tirar o peso do caderno azul da minha mochila. Louco pro Sasuke continuar sem voz e pegar o caderno e pronto. Obrigado! Mas ele, mais otário que os otários, tava demorando, tava, muito, e eu precisava dizer pra ele logo que tinha achado o caderno e que não tinha lido. Não tudo. Mas ele não chegava...

Tive um sonho estranho. Sonhei que o Sasuke e eu éramos amigos!... Aqueles textos dele bagunçou todo meu cérebro, sonhei até o impossível. Mas tem uma coisa que não entra na minha cabeça ainda, se ele gosta de mim, por que escreveu o poema pra Sakura? Não deveria ter sido pra mim? Eu não entendo. E por que eu tô me importando tanto? Qual o meu problema?

Aí foi a Sakura que chegou e, que nem sempre, quis logo ficar comigo, beijando, abraçando, esperando o sinal pra entrar. Me fazendo companhia. Sasuke tem razão, eu gosto da Sakura, mas não do jeito que ele escreveu, ela é minha melhor amiga, desde pirralhos, claro que eu vou gostar dela. É quase minha irmã. Eu não tava a fim de companhia, não tava, queria é devolver o caderno. Logo. Sem a Sakura. Acho que até sem eu mesmo, se desse. Devia ter deixado em algum lugar antes, eu sei, agora é que sei, mas não deu. Não deixei. Nem pensar. O Sasuke veio, não desviou. Dessa vez, não.

— Devolve meu caderno!

— Que caderno?

— De-vol-ve o MEU caderno!

— Qualé, seu Morfético quatro-olhos, troca de óculos, vai querer me encarar?

De-vol-ve...

— Tá bom, cara. Fica frio. Eu achei debaixo da carteira. Cê teve sorte que fui eu... - Fui tirando o caderno de dentro da mochila, mais pesada ainda. A Sakura só olhando...

— Você leu? - E ele me encarando. Encarando! Nunca vi.

— Não. Quer dizer, li, só um pouquinho... - Nem consegui mentir, não por medo, que eu não tenho, já disse, mas sei lá... - Sabe como sou curioso, né, Morfé... Quer dizer, Sasuke!

— Não podia. Não era seu.

— Foi mal. Desculpa aí, mano. Pensei que podia ser nosso.

— Não desculpo. É meu. Não era nosso, nem seu. Não era...

Os olhos dele, os da Sakura, os das pessoas que tavam perto, eu só desviando os meus... Esperto que sou, achei que era, tentei salvar a situação, virar o jogo.

— Eu li um poema teu... É maneiro, Morfa. Cê devia mostrar pra Sa-...

O Sasuke não disse nada. Pegou o caderno de minha mão, com força, por um pouco nem um pouco tímido, e entrou. A Sakura também entrou, nem olhou mais pra minha cara... O sinal bateu.

Eu, se pudesse, não entrava... Mas não dava pra voltar atrás, não o Kurama, nunca ele. Entrei.

Zoei pra caramba nas aulas. Falei que não tinha feito a lição de matemática, que não tinha trazido o livro de geo, que não tinha gostado do texto do Kashi. E tinha. Tudo. Aí, pedi pra ir ao banheiro umas dez vezes, pra beber água outras dez, só pra ninguém deixar. E não deixaram. Então joguei bola-granada-de-papel-picado no ventilador e tomei bronca do professor e fui pra coordenação e levei advertência. E entrei atrasado na volta do recreio.

Até ficar com a Ino, na frente da cantina, pra todo mundo ver, eu fiquei.

¹⁴Mas a Sakura não viu. Fez que não. E o Sasuke na dele, que¹⁴ nem sempre... Bateu o sinal, eu vazei, desintegrei. Sumi...

Sakura: Eu vi, sim, Naruto... Eu vi.

Putão, o dia hoje foi o pior! Quer saber, tô me sentindo um... Um Naruto.

Essa Tal TimidezOnde histórias criam vida. Descubra agora