Por um triz part.II

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~~~Henry~~

Anne deu passos para trás como se eu tivesse acabado de confessar um crime. Mesmo com o quarto iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela, eu pude ver com clareza as lágrimas que começaram a escorrer pelo seu rosto, ela negava com a cabeça sem parar. Eu continuei:

Henry: - Eu precisava saber se você estava bem, se não estava mudando. Eu não conseguiria te deixar assim... Mas aí você sentiu dor, começou a ficar quente...

O coração de Anne se acelerou enquanto ela chorava desesperadamente e murmurava "não, não, não". Aquilo me destruiu, eu estava quase chorando junto.

Henry: - Pare de chorar, por favor. Não sabe o quanto isso é difícil pra mim... Se continuar a sua cabeça vai volt...

Anne: - FODA-SE A MINHA CABEÇA! VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO!

Ela gritou, subitamente furiosa. Antes que eu pudesse reagir, continuou:

Anne: - Você não tem o direito de entrar na minha vida e me deixar desse jeito!

Ela tinha razão eu não tinha, e me odiava muito por ter que fazer isso, por não ter decidido antes... ninguém estaria ferido se eu ainda fosse apenas o lobo do seu quintal.

Henry: - Nós não podemos ficar juntos...

Anne: - Corta essa! Você quebrou todas às regras pra ficar comigo antes!

Certa de novo. Então eu vi que Anne não facilitaria as coisa e lutaria com argumentos até me fazer mudar de ideia. Eu precisava ser forte e fazer o que devia. Enquanto pensava no que dizer pra não machucá-la ainda mais, ela também refletiu e murmurou com a voz embargada "não pode desistir de mim por causa de um acidente". E aí eu comecei a ficar irritado, tomando todo cuidado pra não me descontrolar. Falei entre os dentes:

Henry: - Não foi um acidente! Eu deixei a porta aberta, eu substimetei aqueles lobos...

Anne: - Que droga Henry, para de se culpar! Você não tinha como prever... E eu estou bem, não é isso que importa?

Henry: - Anne você não vê? Eu não sou pra você. Eu sou um lobisomem! Enquanto estiver comigo, você vai correr perigo. Coisas como essa vão continuar acontecendo, até entendermos o porquê aqueles lobos estão fazendo isso. Acha que eu vou aguentar te ver em um hospital de novo?

Anne: - Nós...

Eu interrompi, meu tom se elevando junto com a raiva.

Henry: - Somos lobos, animais selvagens! Existem outras matilhas além de nós... o que acha que vai acontecer quando eles descobrirem que uma humana sabe de nós? Que nós a protegemos... Se isso se tornar uma briga em quem acha que eles vão? Na mais indefesa! Quase te perder me fez pensar muito no risco que eu estava te colocando ao ficar com você...

Anne: - Eu não me importo! Estou disposta a correr o risco se for preciso pra ficarmos juntos! Nós podemos dar certo, podemos dar um jeito...

Henry: - Anne está decidido, eu vou fazer o que é melhor pra você!

Anne: - Você NÃO PODE decidir o que é melhor pra mim, essa decisão é MINHA! E você está fazer totalmente o contrário!

Eu nunca tinha visto Anne tão brava, ela estava vermelha, chegando a estremecer como eu. Não deixei de prestar atenção em todas suas reações temendo pelo pior. Eu queria dizer algo que lhe acalmasse, queria acabar logo com isso. O lobo em mim estava forçando a sair. Eu comecei a esbravejar, nervoso.

Henry: - Está deixando seus sentimentos influenciarem, por isso não percebe que estou certo. Acha que eu faria isso se tivesse outra opção? Não sabe o que eu daria pra ficar com você!

Patas sobre a neveOnde histórias criam vida. Descubra agora