Patas sobre a neve

Reencontro part.II

~~~Anne~~~

Eu e Henry nos olhávamos desesperados e as duas se olhavam sem reação. Quando minha mãe tentou dar outro passo eu segurei seu braço e Henry se pôs na frente de Helena. Minha mãe me olhou, completamente desnorteada.

Anne: - Agora acredita em mim?

Ela não conseguiu responder, apenas balançou a cabeça afirmando e voltou a olhar pra fixamente para Helena. Não sei se estava prestes a ter um treco ou não tinha palavras pois tudo que fazia era hiperventilar. Atrás de Henry, Helena tocou seu braço pra dizer: eu estou bem, eu juro. E contra sua vontade ele saiu de seu caminho. Em um segundo minha mãe era apenas uma estátua, em outro, ela foi ao encontro de Helena abraçando-a num movimento tão rápido que eu não pude captar.

Sarah: - MEU DEUS! VOCÊ É REAL! NÃO É UM SONHO. EU POSSO SENTIR VOCÊ. MAS... COMO... COMO?

Helena: - Sou eu mamãe, senti sua falta.

Minha mãe se afastou e continuou a analisá-la como se não acreditasse que aquela na sua frente era realmente sua filha. Helena estava rígida controlando seus movimentos. A parte que mais temi não demorou chegar, com horror no rosto minha mãe gritou:

Sarah: - O que aconteceu com você? Onde você esteve Helena? Pensávamos que estava morta!

Minha irmã apertou os lábios e suas sobrancelhas caíram, me olhou em busca de resposta. Eu trinquei os dentes.

Anne: - Mãe, você não ouviu nada do que eu disse antes?

Sarah: - NÃO ME INTERESSA! EU QUERO SABER O QUE HOUVE COM A MINHA FILHA! OLHE PARA ELA! VAMOS, PRECISO LEVÁ-LA PARA O HOSPITAL.

Sarah pegou Helena pelo braço e eu peguei o seu a impedindo de sair dali. Nossos olhares se afrontavam num  embate tenso quando Helena começou a estremecer, nossa mãe olhou para o seu próprio braço tremendo junto. “O que está acontecendo?” perguntou confusa e eu vi o que estava prestes a acontecer se eu não fizesse nada. Meu tom era tão sério quanto meu rosto.

Anne: - Helena não vai a lugar algum! Ela está bem, não precisa de um médico.

Sarah: - Mas...

Helena: - É sério, mãe. Tá tudo bem.

Anne:- Acha que eu me negaria a levá-la se soubesse que ela não está bem?

Minha mãe me olhava assustada e sem entender nada, depois se virou e fitou o braço de Helena que segurava, encontrando algumas antigas cicatrizes e arranhões.

Sarah: - O que foi isso? Os lobos fizeram isso você? Eles te machucaram?

Helena: - Mamãe os lobos me salvaram... eles me ajudaram.

Ela disse e sorriu para Henry que pareceu grato pelo gesto. Sarah olhava perplexa pra todos nós tentando entender o real sentido daquela frase. O olhar dela se tornou ainda mais assustado e desconfiado, como se estivesse com medo de nós. Ela soltou o braço de Helena e deu um passo para trás, falando firme:

Sarah: - Eu quero uma explicação! Não faz sentido, nada disso faz!

Anne: - Mãe, Helena está aqui hoje porque prometemos que iríamos te contar só o necessário. Acredite em mim, você não quer saber de tudo, e é melhor assim. Se não concordar e aceitar o que temos pra dizer, sinto muito, mas não poderá vê-la novamente.

Sarah: - O quê?! Ela é minha filha! Há poucos minutos atrás eu pensava que ela estava morta e você já quer tirá-la de mim de novo? Você não tem o direito! Só me diz o que está acontecendo... Por favor, eu quero entender. Passei um ano acreditando que Helena se foi, agora olhe pra ela, minha filha não parece com a minha filha.