Prólogo 1

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Los Angeles – California – USA.

Junho de 2003

Aretha

Quando se tem cinco anos de idade, a última coisa que se pode pensar é que um momento, um único momento, pode ser capaz de alterar completamente todo o rumo da sua vida.

E que o sucesso desse momento depende unicamente de você.

Aos cinco, eu estava ainda aprendendo a ler. Ainda não sabia andar de bicicleta sem as rodinhas de apoio. Precisava subir em um banquinho para conseguir pegar um copo em cima da pia da cozinha da minha casa. E ainda nem tinha perdido o meu primeiro dente de leite. Porém, já recebia em meus pequenos ombros a responsabilidade de ser a melhor.

Ninguém se lembra do segundo lugar, era o que o meu pai sempre me dizia. Seja a primeira, ou não será nada.

E o sustento da minha família dependia de eu ser a primeira. A melhor. A garota de ouro.

— Aretha Tyler — a voz de um dos jurados, chamando o meu nome, chegou aos meus ouvidos.

Estava lado a lado com outras catorze meninas com idades entre cinco e sete anos. Éramos as quinze finalistas de um concurso nacional para a escolha de uma criança que estrearia um filme. Foram milhares de candidatas, audições em várias cidades do país, inúmeras eliminatórias, até restar apenas aquele pequeno grupo.

As quinze garotas de sorte, como toda a imprensa se referia a nós.

Mas a verdade é que catorze de nós, no dia seguinte, não teriam mais qualquer importância. Apenas uma seria a grande sortuda. A campeã. A estrela-mirim de uma produção milionária, um rosto que ficaria conhecido por todo o planeta.

Ao chamado do meu nome, eu caminhei alguns passos, até chegar à parte do palco iluminada pelo foco dos holofotes. À minha frente, cinco jurados estavam sentados na primeira fileira de poltronas do auditório, todos com suas pranchetas em mãos.

— Como vai, Aretha? — um dos homens, o que parecia ser o mais simpático dos ali presentes, me cumprimentou.

Devolvi com naturalidade, embora sentisse minhas pernas tremerem.

— Estou bem, e o senhor?

— Muito bem também. Gostei do seu nome. Por acaso foi uma homenagem de seus pais a Aretha Frankin?

Aquela era uma pergunta que absolutamente todo mundo me fazia. E minha resposta era sempre a mesma:

— Sim, meus avós eram muito fãs, e meu pai também.

— E o sobrenome também é bem forte. Tyler. Como Steve Tyler, do Aerosmith.

— Ou como a Bonnie — respondi. Meu pai gostava que eu sempre a citasse.

Cite sempre as grandes divas, se quiser algum dia ser uma delas.

— Aretha Franklin e Bonnie Tyler são ótimas referências para se ter em um nome. Só falta você me dizer que tem um nome do meio que também seja de uma estrela.

Estufei o peito, orgulhosa.

— Meu nome do meio é Louise. O mesmo que o da Madonna.

Os jurados riram, embora provavelmente estivessem já acostumados a verem aquilo. Colocar nomes de estrelas em seus filhos não era algo muito inédito entre pais que sonhavam em ver seus rebentos famosos.

— Aretha Louise Tyler. Tem um nome que junta três das maiores estrelas da música. Sua ficha diz que você também canta, mas não é por isso que veio aqui hoje, não é? Está com o seu texto decorado? Queremos muito ver a sua atuação.

Assenti e aguardei o sinal para que eu iniciasse o monólogo. Era curto, embora pudesse ser considerado longo demais para uma criança tão pequena decorar, mas dei o meu melhor. A encenação exigia que eu chorasse, o que tinha se tornado fácil para mim.

Eu quase era capaz de ouvir a voz do meu pai ao meu ouvido, como ele fazia sempre que treinávamos juntos, em um tom firme, ordenando que eu pensasse em coisas tristes. Fazer-me imaginar a minha mãe morrendo era o comando favorito dele, porque sabia que era o gatilho perfeito para mim. Fazia menos de um ano em que eu tinha visto minha mãe à beira da morte pela primeira vez na minha vida – embora estivesse muito longe de ser a última. Isso sempre me despertava uma angústia imensa.

Bem, ao menos servia para me fazer chorar nas audições, como aconteceu ali naquele momento. Ao final, percebi que os jurados estavam emocionados. De alguma forma, eu tive a certeza de que aquele papel seria meu.

E, de fato, foi.

Fui a escolhida. A campeã. O primeiro lugar.

A garota de sorte.

E vencer aquele concurso, de fato, alterou todo o rumo da minha vida.

***** 

Boa noite, amores! Como vocês estão?

Depois de um período meio tumultuado (desculpem a ausência), estou de volta com mais um livro. A história da Aretha e do Drake pegou muito forte no meu coração, e escrevê-la tem sido muito intenso para mim. Espero que vocês também amem!

Como viram pelo título, este foi o primeiro prólogo. Excepcionalmente, neste livro teremos dois prólogos, porque senti uma grande necessidade de contar um fato importante não apenas do passado de Aretha, mas também do Drake. O próximo será narrado por ele. Espero que vocês curtam bastante! =)

Muitos beijos e até sexta com o prólogo 2!

Protetor - A Vingança do meu Guarda-costas [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora