5°- Neblina

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Acordei assustado, havia tido um pesadelo terrivelmente assustador, levantei da cama sentindo leves calafrios a percorrerem meus membros. Olhei pela embaçada janela, a chuva estava fraca e uma neblina densa cobria até onde minha vista alcançava, dando a impressão de que uma nuvem havia pousado em meu quintal.

- Que sonho horrível, pensei que ela realmente fosse entrar e...

Congelei ao abrir a porta do quarto e me deparar com grandes e sujas pegadas espalhadas por todos os lados, pegadas estas que não se contentavam apenas com o chão, estavam presentes também nas paredes e teto, eu me sentia rodeado por um interminável pesadelo.

Uma latejante dor inundava minha mente, enquanto eu tentava me mover em direção às escadas. Ao segurar o corrimão de madeira, tive minha atenção voltada para o corredor. Com espanto, eu observava os grandes sulcos paralelos, contínuos e profundos que percorriam toda a parede até o batente da porta do quarto.

Imediatamente, como se tivesse conseguido o gatilho do qual precisava, eu bati em retirada até a casa de Clara.

- Clara, rápido eu preciso de ajuda !- Gritei enquanto batia na porta deseperadamente.

- O que foi, o que foi, está tudo bem ?- Perguntou assustada abrindo a porta.

- Não, por favor me ajuda, tinha alguém andando dentro de casa ontem enquanto eu estava na cama e... e... pegadas.. por toda parte !!

- Se acalma Charlie, você está pálido !

Eu estava aterrorizado. Meus olhos brilhavam, com lágrimas de medo a se misturarem às puras e vazias lágrimas que continuavam insistentes a cair céu, impulsionando meu pensamento diretamente para aquelas marcas. Novamente, me sentia dominado por sentimentos ruins que me corroíam por dentro.

- Vamos lá na sua casa e você me conta o que aconteceu tá bem ?- Sugeriu enquanto acariciava meu cabelo molhado.

- Tudo bem - Finalizei me virando para a casa.

Enquanto Clara entrava para procurar um guarda-chuva eu fiquei na pequena varanda apenas observando e tentando entender o que estava acontecendo, mas aparentemente, todas as causas que eu conseguia imaginar eram simplesmente impossíveis.

Foi quando eu passei o olhar por uma janela do segundo andar, e lá estava, a me observar com seus penetrantes olhos amarelos, eu sabia que ela era a responsável por tudo aquilo. Volto minha atenção à porta de Clara pensando em chamá-la, mas ao olhar novamente para a janela, "ela" havia desaparecido.

Clara sai pela porta poucos segundos depois me pegando pela mão e me guiando até minha casa, ela tinha completa noção de meu estado caótico. Ao entrarmos, eu mal me aguentava de pé, canto a canto, chão, teto ou paredes, a casa não tinha uma mancha se quer.

- Mas eu vi, estavam por todos os lados, e na parede do corredor tinha... tinha um...

- Tinha um o que Charlie ?- Perguntou com semblante assustado.

- Nada... Acho que eu só tive um pesadelo.

- O que está acontecendo com você ?- Eu via pequenas lágrimas a se formarem nos cantos de seus olhos, ela estava realmente preocupada.

"Eu também não sei !"

- Olha, eu preciso ir trabalhar daqui a pouco, ainda deve ter macarrão no forno, toma um banho quente e troca essas roupas tá bem ?!

- Tudo bem, me desculpa.

- Não tem problema, se mais alguma coisa acontecer você pode me ligar que eu venho correndo te ver - Finalizou Clara, fechando a porta da sala.

A chuva caía cada vez mais forte do lado de fora, fazendo a densa neblina se dissipar, mas em oposição a isso, a névoa nebulosa que encobria meu ser começava a se mostrar cada vez mais presente

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A chuva caía cada vez mais forte do lado de fora, fazendo a densa neblina se dissipar, mas em oposição a isso, a névoa nebulosa que encobria meu ser começava a se mostrar cada vez mais presente.

Tomei banho e me sentei no sofá, enrolado em uma coberta, na esperança de combater o frio de meus pensamentos. Ao soar, uma sequência de trovões leva consigo a energia de minha casa, mas isso não foi percebido por mim até que a noite caísse sobre aquela pacata cidade.

Ao ouvir tal estrondosa sequência, subi para o meu quarto e da cama, fiquei observando o quintal pela pequena janela, era belo mesmo em dias chuvosos, tinha um canteiro com flores diversificadas, um balanço vermelho e amarelo e mais ao fundo tinha a pequena floresta que rodeava a cidade.

- Mas o que é aquilo ?- Disse tremulando os lábios enquanto focava uma das árvores mais próximas.

Eu não conseguia ver direito devido à forte chuva, mas tinha algo debaixo da árvore, o que era ? um amontoado de galhos ? Não, é bem maior, uma pedra ? Também não, parece que é...

"Não pode ser !! De novo não..."

A misteriosa figura se levanta, aparenta ser alta, esguia, de cabelos longos, pálida de mais para uma pessoa comum, uma pequena névoa encobre seus pés e ela entra floresta adentro em meio à chuva. Minutos mais tarde lembrando da cena, me lembrei de uma característica familiar, seus brilhantes olhos amarelos.

Na escuridão " O Medo À Espreita "Onde histórias criam vida. Descubra agora