O dia seguinte

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Unidade de Vítimas Especiais...

Amanda chega até a unidade e cumprimenta a todos, indo em seguida para a sala de Olívia.

- Oi, Liv! - Diz Amanda, com um sorriso tímido.

- Oiiii! Tô saindo agora para o hospital Mercy. Uma adolescente foi encontrada com sinais de abuso no Central Park, e está agora internada. Me acompanha?

- Nossa! Claro. Vamos!

- Fin vai com a gente também. - Alerta Olívia.

- É, tudo bem. - Diz Amanda, ainda atordoada com tudo o que ocorrera.

Os três se dirigem até o hospital, e Olívia troca poucas palavras com Amanda, deixando claro para ela que na frente de todos ela deve manter uma postura profissional.

Depois de um longo dia de interrogatórios com suspeitos e demais afazeres dos policiais, o expediente está chegando ao fim. Amanda está desligando o computador, e Olívia aparece e pede para que ela a acompanhe até a sua sala. Os demais se entreolham, mas não suspeitam de nada.

- Oi! - Diz Olívia, como uma forma de demonstrar para Amanda que ela não quer fugir da conversa que precisam ter, e que agora com o expediente chegando ao fim ela poderia falar mais tranquilamente com a loira.

- Oi... Dia puxado hoje, né? - Diz Amanda, desviando seu olhar para baixo, tocando a cadeira com a ponta do dedo com timidez. Ela que não tem problemas em se impor em seu trabalho com pessoas violentas, se via ali vulnerável e sem jeito.

- E quando não é, meu bem? - Diz Olívia, respirando fundo.

- É, tem razão.

- Então, eu queria conversar com você, mas acho melhor a gente ir para outro lugar. Pedi para a Lucy ficar mais duas horas com o Noah, então tenho um tempinho para um vinho. Topa?

- Claro. Acho uma boa.

As duas seguem andando até um restaurante ali perto que possui uma adega variada, sendo, por isso, um dos preferidos de Olívia. Após fazerem os pedidos, elas iniciam a conversa decisiva para as duas.

-  Então, como você está? - Indaga Olívia, rodeando um pouco para conseguir falar sobre o que sabia que era preciso, mas nem por isso seria fácil.

- Estou bem. Estou ótima. E você?

- Estou ótima também, só um pouco confusa com tudo o que aconteceu entre a gente. Mas calma, eu não vou fugir dessa vez. Eu posso não saber direito o que tá acontecendo, mas eu sei que não quero mais lutar contra essa vontade de estar contigo. Tô cansada, sabe? Eu quero ser feliz. Não quero olhar pra vida e vê-la passar pelos meus olhos e eu estagnada, sem tomar nenhuma atitude, por um medo desnecessário. - Desabafa Olívia, segurando as mãos de Rollins, que olha para ela atenta e emocionada.

- É... Eu acho que a gente já passou da fase de criar joguinhos, né?

- Pois é... Mas não vai ser fácil, Amanda. A gente literalmente lida todos os dias com crimes de ódio. Vemos o quanto tantas pessoas criam uma uma carreira consolidada e, ao tomarem uma escolha diferente da maioria, veem aquele respeito evaporar. - Desabafa Olívia, com um ar preocupado, mas ainda segurando as mãos de Amanda.

- É, eu sei que assusta. E na verdade não é uma escolha. A gente só sentiu. Se fosse escolha seria mais fácil...

- Sim, tem razão, me expressei mal. Mas é uma escolha nossa no final das contas. Escolhemos ser felizes e viver o que sentimos ao invés de nos contentarmos com o que agrada a todos.

- Eu também me sinto feliz estando perto de ti, Liv. - Diz Amanda com uma voz doce, tocando o rosto de Olívia carinhosamente, ao que é interrompida pela vibração do celular da tenente.

- Desculpa, preciso atender.

- Tudo bem. - Diz Rollins, deixando uma das mãos de Olívia livre para manusear seu celular.

- Benson. - Atende Olívia, e em seguida continua: "Oi Tucker, desculpa não ter retornado a ligação, é que o dia foi puxado na unidade. (...) Sim, também quero te encontrar!" Nessa hora Amanda tira sua mão da de Olívia, que lança um olhar como quem pede por paciência. "Sim, te encontro lá em casa então daqui a duas horas, está bem? (...) Outro pra você, até logo!".

- Amanda, por que essa cara, hein? - Diz Olívia com uma voz doce, tentando apaziguar a situação constrangedora em que se encontrara.

- Nada, não falei nada, Liv.

- Mas eu te conheço. Olha, não é o que você está pensando. Eu preciso encontrá-lo para ver como tudo vai ficar.

- É, eu entendo. Acho importante vocês terem essa conversa mesmo.

- Pois é. Eu já disse que quero ficar com você, não disse? Hoje quando acordei ao seu lado eu estava me sentindo... Como é que eu posso dizer?! Extasiada! Isso! Parece que aquilo não era real, e ao mesmo tempo era um local de conforto; uma paz só de te olhar dormindo. Eu não quero e não vou abrir mão desse sentimento. Eu quero você, Amanda. Você! - Diz Olívia, com firmeza, enquanto segura as mãos de Amanda, dando-lhe a segurança que ela tanto precisava naquele momento.

- É muito louco, né? Nessa altura da vida a gente se encontrar. (Olívia olha para ela confusa). Sim, eu sei que a gente já se conhece há uns anos e trabalhamos juntas, mas dentre o turbilhão de acontecimentos; das demandas do nosso trabalho, e entre amores fracassados em que eu nunca encontrava uma conexão real, eu te encontrei. Encontrei a Olívia, não a tenente Benson. Encontrei o que passei a vida inteira procurando. E você estava ali, do meu lado. Mas eu ainda me sinto insegura, Liv.

- Insegura? Por quê? Eu tô aqui com você, disposta a assumir nossa relação, não estou? - Diz Olívia com firmeza e um brilho nos olhos, apertando carinhosamente as mãos de Amanda, como forma de demonstrar a ela que ela estava falando sério em sua decisão.

- É que quando estamos juntas tudo parece fácil. Mas o mundo lá fora é outro, Liv. Tenho medo de você ficar assustada e voltar atrás.

- Olha, eu sei que te deixei insegura com todas as minhas próprias inseguranças. Eu demorei a entender que não poderia fugir da felicidade; do que eu estava sentindo. Mas Amanda, depois de ontem, tudo fez sentido. Você sabe do que eu tô falando.

- É, eu sei. - Diz Amanda sorrindo, lembrando da noite incrível que passou ao lado de Olívia, fazendo-a sorrir também.

As duas continuam conversando e se divertindo juntas. Só o fato de estarem próximas uma da outra já trazia um brilho no olhar das duas. Para quem trabalha nesse ramo de tantas tragédias, elas viram uma na outra um refúgio; um lugar só delas, intocável. É como se todos os problemas do mundo dessem uma pausa quando elas seguravam as mãos. Quando seus lábios se encontravam, o foco era apenas uma na outra, e nada daqueles tantos motivos para não estarem juntas fazia sentido.

Amanda e Olivia - Law & Order: SVUOnde histórias criam vida. Descubra agora