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Diário da Bárbara Passos.

                                           06-11-2010 Querido Eu,

E mais uma vez, me encontro completamente em pedaços; verdadeiramente devastada. E tudo isso por um amor inútil. Não é como se eu realmente acreditasse nisso, já que amanhã com certeza estarei implorando, mais uma vez, por sua atenção. Assim como venho fazendo a quase três anos...      Mesmo que esteja cansada das humilhações públicas e privadas, os meus sentimentos por ele continuam o mesmo. O que é uma merda! Quando nos conhecemos éramos apenas crianças (de oito anos, porquê agora sou uma criança de onze) e eu nem sabia o que era o amor. Pra mim, tudo o que sentia em relação ao meu vizinho era uma "amizade verdadeira". Eu o queria sempre perto e eu não via mal nisso.
      Mas esse ano o Victor voltou diferente das férias. Ele parece mais maduro e mais bonito (se isso for possível). Mas em fim... algo em mim mudou e o meu coração que já ia a cem pelo garoto, vinha dando uns duzentos e vinte. E antes, o que era só inveja por ele falar com outras garotas e não comigo, se tornou um ciúme doloroso. O que resultou em um inferno na minha vidinha de pré-adolescente, já que o Victor vive saindo com garotas diferentes pra cada dia da semana. Mas fazer o que? Como a mamãe mesma disse: " Não posso comprar o amor de ninguém".

Mas bem que eu queria...

    O Victor vem agindo como sempre; frio, egocêntrico e indiferente. Porém, venho me acostumando mais facilmente. Mamãe também disse: " se te jogarem espinhos, jogue flores, pois elas se destacam até mesmo nos lugares mais horríveis!". E é exatamente como veio tentando fazer... até com aqueles amigos cretinos dele.

Hoje foi difícil de jogar flores, querido eu... você não sabe a brincadeira de mal gosto que me fizeram. Hoje era a apresentação do trabalho de sociologia. A proposta da professora era que fizéssemos grupos de quatro (serve só pros outros, porquê sempre faço dupla com o Lucas, o único amigo que tenho). E teríamos que fazer uma pesquisa com o tema DEPRESSÃO e que no final do trabalho botássemos uma frase de encorajamento para as pessoas que sofriam da doença. (Sim, querido eu, também achei muito forte o assunto, mas valia ponto...) Mas indo direto ao que interessa... o grupo do Victor foi lá pra frente e tudo ia bem, até que no final do slide apareceu uma foto minha com a tal frase de encorajamento: Quando você se sentir triste, lembre-se dessa "pobre coitada", e você verá que você nem tá tão mal assim.

      Meu rosto ficou vermelho na mesma hora e eu só queria sumir daquele lugar. As risadas abafadas dos meus colegas me embrulharam o estômago. Como eles podiam apresentar um trabalho, alegando que o maior índice de pessoas com depressão eram porquê sofriam bullying e logo em seguida me humilharem de tal forma?
    O pior de tudo nem foi isso e sim quando procurei apoio na pessoa que nunca iria me apoiar. Victor. Olhei em sua direção e o mesmo tinha a mão na boca, para abafar o riso, assim como seus amigos.
   A professora se levantou alterada e deu a maior bronca nos cinco, mas nenhum pareceu se importar. Mesmo ela fazendo um discurso de como isso poderia me afetar de uma forma negativa, nenhum tirou o ar de superioridade de seus rostos. Mas quando olhei pra um deles, vi que nem todos... (claro que olhei pro Victor!! Ele é o único que me importa daquele grupinho idiota)
    Mas voltando...Victor Augusto, meu amorzinho, tinha parado de rir e estava com uma cara tensa... se eu fosse um pouco mais iludida, diria que ele estava preocupado, talvez até um pouco arrependido. Porém ele me viu o encarando e logo mudou pra cara rabugenta de sempre.
     A professora fez todos me pedirem desculpas, mas nenhum obedeceu. Também não fez falta. Só as do Victor...
Depois as aulas andaram lentamente.
 E até que enfim elas, chegaram ao fim, e estou aqui, escrevendo tudo, pra não me afogar com todos esses sentimentos engasgados na minha garganta. Na aula, não chorei, e não demonstrei que estava afetada, mas desde que cheguei em casa e comecei a escrever as lágrimas não param de descer. Me sinto tão humilhada... sei que sou feia, ridícula, gorda e mais algumas coisas, mas por que ele sempre tem que fazer essas coisas? Por que ele sempre tem que me estilhaçar? Por que ele se sente bem com isso?
Eu queria tanto esquece-lo, querido eu e seguir em frente...

~♡~

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Sempre Foi Você. |Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora