Capítulo 32

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Quando Arthur voltou minutos depois, comecei a fazer tudo conforme minha mãe havia instruído. Victor por vontade própria, acabou se virando, deixando o meu trabalho bem mais fácil. Não fiquei surpresa quando vi, um corte em seu supercílio, e outro no canto da boca. Apenas superficiais.

Perto do olho tinha um hematoma arroxeada, mas nada muito exagerado. O abdômen estava pior que as costas, com manchas maiores e mais perto uma das outras. No entanto, o que me tirou o ar foi um curativo mal feito, um pouco abaixo da costela, que dava sinais que precisava ser trocado. O gaze, prendido por duas fitas, estava encharcada de sangue.

Depois de ter trocado olhares desesperados com Arthur, pedi pra que ele agora trouxe-se soro. Não demorou muito pra que ele chegasse com o que pedi, e dissesse que pegar esse monte de coisa estava ficando suspeito. Não dei muita importância, porque estava ocupada demais, tentando parar de tremer. Nunca fiz algo do tipo, e sempre odiei ver sangue.

Soltei um gemido, quando vi o líquido vermelho inundando o ferimento. Não dava pra ver qual tamanho ou profundidade com todo aquele sangue. Me sentia enojada com aquilo tudo, e quando tirei o olhar do ferimento, Arthur também parecia se sentir da mesma forma.

_ Parece horrível. _ meu amigo diz.

_Não acredito que ele está me forçando a fazer isso. _resmungo enquanto passo o algodão molhado com o soro.

_ Na verdade não foi ele. Foi eu. Mas eu não sabia o que fazer, entrei em pânico... ele é meu melhor amigo. - O moreno declarou, enquanto seu olhar estava em Victor, que por incrível que pareça permanecia adormecido.

_ Você fez o certo, Ramos. É um bom amigo. _ lhe digo em um fio de voz.

Eu estava me sentindo exausta, sem ter dormido a noite e não ter comido nada desde ontem.

Eu não tinha me olhando no espelho ainda, mas sabia que havia olheiras enormes abaixo dos meus olhos fundos e rosto pálido. Desde que cheguei na escola, havia parado de fazer a dieta, e não sentia fome na maioria das vezes.

Nas ligações, mamãe sempre me pergunta se eu estava me cuidando e eu sempre dizia que sim. Mas nós duas sabíamos que não era verdade, e toda ligação ela parecia ainda mais preocupada.
Mamãe temia que meu distúrbio alimentar volta-se, e ela não estivesse ao meu lado.

Terminei de limpar o corte e pude ver, que não era tão fundo, mas que precisaria, sim, de pontos. Tampei a ferida da melhor forma que pude e fui até o banheiro lavar as mãos.

_ Dá pra você parar de roer suas unhas, Ramos? Isso já está me deixando neurótica. _ Peço, enquanto enchugo as mãos em uma toalhinha.

_ Então me dá as suas.

Reviro os olhos para o seu sarcasmos de sempre, mas não digo nada.

_Acho que devemos parar com o namoro de mentirinha..._ digo repentinamente. Era algo que eu queria fazia algum tempo, mesmo.

_ Tem certeza?_ Arthur pergunta, estranhando minha decisão.

_ Sério... não quero empatar na sua vida amorosa, e sei que ficar brigado com o seu amigo está te matando.

_ Meus relacionamentos casuais, estão muito bem, obrigada . _ se gabou. Ele sabia a quem eu me referia, mas se fez de idiota. Ele nunca admitiria que tá afim da minha amiga. _ Em relação ao babaca aí, estou de boa. Um dia ele ainda vai me pedir em casamento, pelo favor que estou lhe fazendo. _ Não entendi.

_Então??

_ Está tudo acabado entre nós, ex de mentirinha. _ Arthur sorri, mostrando as covinhas. _ Estou com fome, e você ?_ O moreno muda de assunto e não faço caso.
Pensei na última vez que comi e se não fosse as circunstâncias eu diria sim, mas as cenas de hoje ainda estavam muito vividas na minha cabeça e meu estômago embrulhava só de pensar em comida.

Sempre Foi Você. |Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora