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Assim que cheguei ao estacionamento, encontrei minha irmã cercada por alguns garotos. Dei uma risada, atraindo o olhar da mais velha. Amora e seu Ford Mustang, preto e com duas listras vermelhas, ao longo da carroceria e com detalhes também em vermelho. Claro que ela não deixaria o carro no Brasil, era o seu bebê.

Os garotos me olharam também e o queixo de alguns caiu. Sorri para eles e entrei no banco do passageiro.

"Continua chamando a atenção como sempre, irmãzinha." falei e Amora riu.

"A culpa não é minha se nós duas somos lindas e meu carro é ainda mais bonito." disse a loira.

Ela tinha razão. Amora era uma garota alta, de olhos azuis, cabelos loiros que caiam em cascata até o meio das costas, corpo curvilíneo, e linda, de tirar o fôlego. Nossos pais adoravam se vangloriar pela beleza e habilidade dos filhos. Já fizemos até algumas campanhas publicitárias juntos. Como uma linda família feliz...

"Hey, pequena miss perfeição, está pensando demais. Vejo a fumaça sair dessa sua cabecinha." falou a mulher e eu ri.

"Eu estava apenas pensando... O que você faria se o vôlei não tivesse dado certo?" perguntei para minha irmã.

A garota pareceu ponderar minhas palavras antes de responder. "Eu não sei. Eu sempre amei o vôlei, mesmo com os nossos pais nos forçando o esporte goela a baixo, e sei que Yuuta se sente da mesma maneira. Nós amamos o esporte mais do que qualquer coisa. Mas nós não somos cegos. Sabemos que o vôlei seria sua segunda opção, mesmo que você também o ame. Sinto muito por tudo o que aconteceu. Queria ter estado aqui um ano atrás." foram as palavras da mais velha para mim.

"Está tudo bem. Você está aqui, agora. Isso é o que importa..." sei o quanto ela se sentia responsável, mesmo não tendo culpa alguma. "Como foi no Brasil?" tentei mudar de assunto.

"Ah, como sempre. Helena e Ven te mandaram um beijo e um abraço. Mandaram você entrar em contato com elas logo. Estão com saudades." disse a loira com um sorriso. Provavelmente lembrando daquela dupla de monstros atrapalhados.

"Elas que tem me evitado..." reclamei. Ambas não me mandavam mensagens há algum tempo.

"Bem, isso é culpa minha. Eu as proibi de abrir a boca. Você sabe como elas são. Helena não consegue manter o bico fechado, então elas optaram por não entrar em contato contigo para evitar alguma coisa. Sinto muito por isso."

Comecei a rir. "Sim, Lena teria me contado na mesma hora... Irei mandar mensagem para elas. Também sinto falta de ambas." disse enquanto pegava meu celular. Ao invés de mandar uma mensagem para cada, criei um grupo com as duas e a minha irmã. Assim seria mais fácil. Mandei um 'Olá' e logo fui bombardeada com mensagens das duas, que provavelmente estavam juntas.

Minha irmã riu. "Você acabou de criar um grupo e me colocou junto, não é?" perguntou.

"Mas claro, irmãzinha. Afinal, elas são suas amigas também, e graças a você elas não vão parar de mandar mensagens tão cedo..." desviei de um tapa. "Para com isso!" reclamei e voltei a conversar com as meninas.

...

"Então... eu larguei o vôlei. Como jogadora pelo menos." soltou minha irmã e meu garfo caiu de encontro ao prato e fiquei olhando-a de olhos arregalados. "Mas está tudo bem. Nosso pai já sabe, a única que ainda não contei foi a mamãe, logo contarei. Eu tenho 25 anos, me sustento sozinha, só espero que você fique do meu lado." falou ela olhando para o próprio prato.

Nossa mãe seria a parte complicada, mas com certeza ela já sabia. Fiquei me perguntando se Amora estava evitando suas ligações... Estiquei minha mão por cima da mesa para pegar a dela. Assim que encostei, pude sentir a temperatura de sua pele. Estava gelada, um claro indício de seu nervosismo. Apertei levemente, fazendo-a olhar para mim.

Diapason (Eita Semi x Leitora)Onde histórias criam vida. Descubra agora