Surpresas

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  No outro dia, eu ja estava chegando no portão do colégio, quando esbarrei num garoto.
- Ei! Não olha por onde anda, sua tonta gorda!? -perguntou sentado no meio fio da calçada que dava pra rua Clinton com a 116.
- E você!?? -rebati com grosseria - "Desculpa" ainda se usa, seu imbecil! Foi você quem veio correndo feito um abestado!
  Ele se levantou devagar, se mostrando mais alto do que eu.
- Escuta aqui, sua nanica! Melhor ter mais respeito com os mais velhos!! -berrou, chutando minha mochila pra longe ; - E aí!? O que vai fazer, bonitinha? -falou, agora segurando meu queixo rudemente em sua direção. Me sentia enojada.
- Não encoste nela! -gritou alguém a distância, dando uma voadora no valentão que me importunava.
Arregalei os olhos. Era o Alexander!
- Como é!? -berrou o valentão que estava jogado no chão pelo impacto que o pé do loiro fizera, limpando o sangue da boca.
  Alexander ficou na minha frente enquanto falava baixinho: "Não se preocupe! Eu fiz jiu jitsu e aikido com o meu pai!"
Balancei a cabeça concordando, pois eu ainda não tinha forças pra falar por causa da cabeçada que eu dera no tórax do valentão. Do canto dos olhos, pude ver Suzana e Mei correndo ao nosso encontro. Suzana fora apanhar meus papéis, livros e cadernos que estavam do outro lado da rua com a avenida. Mei, tentava me ajudar a ficar de pé.
- Cadê o Ezequiel? -perguntei ao reunir forças suficientes. Ela coçou a cabeça e deu uma olhada ao redor meio pensativa, com as sobrancelhas arqueadas.
- É que... Ele tá gripado.

   Balancei a cabeça, simbolizando que entendi, mas fiquei duvidosa. Porém, minha atenção naquele momento, era na briga daqueles dois.

Alexander era bastante habilidoso, mas o valentão não ficava pra trás.

- Então, você voltou né? -falou Alexander golpeando-o.

- E daí? Vai ser só por uns dias! -respondeu o valentão com uma série de socos. Eles haviam começado um diálogo enquanto brigavam. Impressionante. Pelo o que eu havia entendido, o loiro conhecia o valentão metido a esperto.

- Deixa a garota em paz ! Qual é? Foi só um esbarrão!! 

- Ela foi mal educada! Vou ensinar bons modos pra essa piveta! -respondeu se defendendo de um chute.

     Eu já estava no limite da paciência. Peguei minha mochila com a Suzana que estava boquiaberta com a situação. Com toda a força guardada em meu interior, joguei a mochila na cabeça daquele valentão cretino. Ele caiu sentado pela terceira vez.

- Escuta aqui, seu idiota!! Tô vendo que a sua mãe não te ensinou que pra se ensinar, primeiro precisa-se saber! Quem disse que você pode me ensinar alguma coisa!? Posso ser pequena, mas aposto todos os meu bichos de pelúcia, que sou muito mais capacitada de não virar gari no futuro, que você!! Entendeu??

  Ele escutava tudo sentado, olhando pra mim. Calado e comportadinho.

   Quando eu dei as costas, agora satisfeita por ter dado uma lição de moral chata, mas bem merecida, naquele troglodita, ele se levantou devagar atrás de mim.

- ...Laura?

   Gelei. Ele sabia meu nome. Como?!  Virei-me devagar pra olhar melhor e mais detalhadamente o rosto da pessoa que me chamava.

- Eu estou certo em pensar... que você é a Laura? -eu suava frio.

- Está sim. E por acaso eu te conheço? -seu olhos se iluminaram brutalmente. Quase como os de uma criança que ganhara um playstation 3. Recuei três passos.

- Sou eu! O Elios! Elios Pains! Irmão do Zezé!!

QUÊ!?!

Laura SaraivaOnde histórias criam vida. Descubra agora