Demetrius - Parte 1

37 2 0
                                    

Sim. Demetrius é... meu irmão. Eu estava tão zonza com a informação, que os meninos tiveram que me levar pra dentro e me dar um copo D'água. A vida estava tão boa e pacífica... Por que esse idiota tinha que aparecer? Era isso que eu pensava. Ele finalmente voltara. Antes que minha ira pelo meu irmão tomasse conta de mim, tentei raciocinar: O que eu poderia fazer contra ele? Logo eu? Certamente queria pegar um porrete e espancá-lo
até a morte, mas precisava pensar num plano melhor.
Elios e Ezequiel estavam tentando fazer-me recompor a compostura me dando água. Não que eu estivesse me sentindo mal, mas bem que eu queria um pouco.
- E então, meninos... Podem contar isso um pouco mais detalhadamente? Quem é sua amiga?
Ezequiel virou-se pra minha direção, respirando bem fundo.
- Minha colega, chama-se Carol. O pai dela é chefe investigativo da polícia. Por esse motivo, ela havia visto alguns retratos falados. Hoje, às 12h, ela me contou que havia visto um homem com aproximadamente vinte anos, andando na rua Homeway 116, que tinha as mesmíssimas características do sujeito conhecido como Demetrius Saraiva, o procurado.
Fiquei atentamente ouvindo tudo que ele me dizia. Elios me olhava meio pasmo com minha expressão. Talvez eu demonstrasse estar séria demais. Como evitar? Agora, eu não prestava atenção em mais nada.
- Me leve pra conhecer sua colega! Tenho que conversar com essa tal de Carol!

***

Naquele mesmo sábado, fomos na casa de Carol, que era na esquina da Rua Homeway 116 com a avenida principal. Liam nos levou de carro, com uma expressão um tanto preocupada.

"Não se esforce demais, Laura"

Ezequiel tocou a campainha da casa n°112, enquanto eu aguardava séria e ansiosa.

- Olá? Como posso ajudar vocês? -perguntou uma senhora de idade avançada. Talvez fosse a avó da tal da Carol.

- Oi, dona Millen. Sou eu, o Ezequiel.

A senhora pôs os óculos e coçou a bochecha esquerda.

- Ah, sim! Olá, filho. Pode entrar. -disse finalmente abrindo a porta por completo, deixando-nos entrar. Logo depois, um garota de óculos e os longos cabelos presos em rabo de cavalo, desceu as escadas, arregalando os olhos quando me viu.

- Então... Você que é a Laura?

Afirmei com a cabeça. Ela aparentava ser da minha idade. Bastante simpática e bonita também.

- Sim. É verdade que vi um rapaz na rua, parecidíssimo com o retrato falado feito por uma criança à dois anos atrás. Ele estava com um pirulito na boca e mais três no bolso. Eu nunca esqueço de um rosto, e também, como filha de uma agente da lei, tenho que ficar ligada ao meu redor. Todos nós corremos muitos riscos.

- E por que você não avisou ao seu pai, quando o viu? -perguntou Elios meio desconfiado. Sem motivo, na minha opnião.

- Eu tentei não chamar muita atenção quando percebi sua presença. Não queria me comprometer. Por isso, fingi ter recebido uma chamada urgente de alguém, e saí correndo pra casa. Infelizmente, quando cheguei com meu pai no local, ele ja havia sumido, e ninguém parecia ter visto o tal rapaz.

Houve uma pausa.

- Bem...-continuou ela- Eu posso ter me enganado. Talvez, realmente, poderia ser outra pessoa.

- Não.

Todos na sala se viraram pra mim, que havia falado de repetino.

- Você não se enganou. Com certeza, COM CERTEZA era o Demetrius.

Todos pareciam pasmos com a minha reação. Tudo parecia se encaixar. Primeira coisa sobre o Demetrius: Ele ADORA pirulito. Se me esforçar bem, lembrava-me de que a única vez que o via sem estar chupando um pirulito, era quando dormia. Era simplesmente o tempo todo com pirulito. No dia da tragédia também..
- E o que pretende fazer? -disse Ezequiel olhando pra mim fixamente -Vai procurá-lo?
Olhei para o chão e para todos da sala, respirei fundo.

- Sinceramente não sei o que serei capaz de fazer. -falei indo em direção à garota de rabo de cavalo, segurando suas mãos - Muito obrigada, Carol! Acredite, você foi de grande ajuda.
A garota sorriu.

***

Quando saímos da casa da garota, Elios pegou seu caminho me deixando sozinha com o Zequi, para esperar o Liam de carro. Aquele clima pesado flutuou sobre nós.

- Então... -falei tentando cortar a nuvem de tédio -Você, esta bem?

Ele não respondeu. Sinceramente, achei que ele é que fosse me perguntar isso... Avermelhei um pouco, desta vez olhando para o chão novamente. Ele parecia distraído com as nuvens que passavam devagar pelos céus, lentas e branquinhas, seu olhar era vazio.

Finalmente, quando o Liam chegou, Virei o rosto do Ezequiel em minha direção. Ele se assustou, claro.
- Eu já vou. -dei um beijinho em sua bochecha alva e arrepiada, que agora contraíra um cor mais carmim -Tchau.

Chegando em casa, Liam ficou me encarando, fazendo-me ficar constrangida.
- O que é!? -falei girando o rosto para trás -Foi só um beijo na bochecha...
Ele deu uma risadinha.

- Mas eu não disse nada...

Laura SaraivaOnde histórias criam vida. Descubra agora